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O Dicionário de Educadores no Brasil da Colônia aos Dias Atuais

Por:   •  9/9/2020  •  Resenha  •  1.201 Palavras (5 Páginas)  •  277 Visualizações

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Políticas Públicas de Educação de Jovens e Adultos

RESENHA:

BEISIEGEL, C. Paulo Reglus Neves Freire. In: FÁVERO, M. De Lourdes de A.: BRITTO, J. De M. Dicionário de Educadores no Brasil da Colônia aos Dias Atuais. Rio de Janeiro: UFRJ/MEC/INEP, 1999, p.440-446

Neste texto, os autores se ocupam em traçar a trajetória histórica de Paulo Freire e a sua contribuição à educação brasileira, em especial: a educação de jovens e adultos.

Paulo Reglus Neves Freire, natural de Recife, Pernambuco, nasceu em 1921 e iniciou suas experiências profissionais já na universidade. Diplomado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife (1946) desistiu da carreira e iniciou os trabalhos na área da educação ocupando diversos cargos como Diretor do Setor de Educação e Cultura no Sesi de Pernambuco, professor de Filosofia da Educação na antiga escola de Serviço Social em Recife, diretor do Serviço de Extensão Cultural (SEC) da Universidade do Recife e em 1964 assumiu a coordenação do Programa Nacional de Alfabetização com a utilização do “Método Paulo Freire” de alfabetização de adultos.

Esses primeiros momentos do trabalho de Paulo Freire foram marcados por seus trabalhos na educação de adultos analfabetos. Apesar das muitas atividades que havia desenvolvido, Freire só começou a ganhar notoriedade no Brasil em 1963, quando surgiram as primeiras informações sobre os seu método de alfabetização de adultos.

As principais características do método de Paulo Freire são bem conhecidas. Quase todas as expressões utilizadas no ensino eram substituídas por outras, desprovidas de autoritarismo e de orientações ideológicas que, de acordo com o educador, seriam incoerentes à educação escolar no País. Assim, em vez de classe, falava se em "círculo de cultura". A palavra “professor” era substituída pelo "coordenador de debates" (o
"educador-educando") e a palavra “aluno” pelo participante do "círculo de cultura" (o "educando-educador"). Não era utilizado cartilhas e livros de textos, estes eram substituídos pelo trabalho com a linguagem corrente na localidade e pela discussão das vivências dos participantes dos "círculos de cultura".

O trabalho de alfabetização era realizado no âmbito do diálogo entre os participantes do "círculo de cultura". As palavras trabalhadas na alfabetização eram as utilizadas pelos habitantes. As situações examinadas durante os debates eram extraídas de suas experiências de vida. A educação era personalizada às condições da vida na localidade.

Era desta forma que Paulo Freire realizava a educação do adulto analfabeto na própria vida dos educandos. Durante as discussões, os coordenadores conduziam o grupo à reflexão para que pudessem, por si próprios construir a crítica das determinações das condições de vida da população local. Essa reflexão e "conscientização" era o objetivo vital do processo. Segundo Paulo Freire, o homem primeiro se conscientizava para, em seguida, como conseqüência, alfabetizar-se. A alfabetização deveria ser não somente o domínio das técnicas de leitura e escrita, mas, principalmente, a aquisição da capacidade de "leitura do mundo".

O método de Paulo Freire é fundamentado pela ideia de “humanização” que o educador possuía. Freire acreditava que somente a formação e o desenvolvimento de uma consciência capaz de apreender criticamente as características dessa particular realidade possibilitariam a ação livre e criadora do educando. Assim, aquela humanização do homem, isto é, a plena atuação do homem como criador de cultura e determinador de suas condições de vida passava, necessariamente, pela formação e pelo desenvolvimento de uma consciência crítica. Nestas ideias consistiam as funções do processo educativo, a educação era entendida, principalmente como um processo de conscientização.

Em 1964 seus trabalhos de alfabetização foram interrompidos pela vigência do governo Militar no Brasil e foi quando Paulo Freire passou a ser visto mais como “hostil” do que educador. Freire foi indiciado em um dos Inquéritos Policiais Militares onde foi considerado como inimigo político, o que implicou na prisão de Freire. Após ser aprisionado Freire optou pelo exílio na Bolivia e no Chile.

Após o exílio Freire assumiu diversos cargos importantes como Professor Convidado da Universidade de Harvard (1969), foi consultor do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas em Genebra (1970), foi professor na Pontifica Universidade Catolica e na Unicamp (1980), foi Secretario de Educação do Município de São Paulo (1989 – 1991), e foi professor convidado da Universidade de São Paulo. Durante todos esses anos, entregou-se a uma intensa atividade intelectual em aulas, conversas, entrevistas, palestras, conferências, seminários, congressos, debates e publicações.

O estilo do trabalho intelectual de Paulo Freire era fundamentado pelas suas reflexões e análises, que eram frequentemente submetidas ao debate, mediante comunicações, entrevistas ou publicações provisórias, sendo posteriormente retomados em outros textos mais elaborados. Lista-se, a seguir, os principais livros publicados pelo educador: Educação e atualidade brasileira. Recife: Universidade Federal do Recife, 1959; Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967; Educação e conscientização: extensionismo rural Cuernavaca, México: Cidoc, 1968; Acción cultural para Ia libertad. Santiago,Chile: Icira, 1968; Extensión o comunicación? Ia concientización en el medio rural. Santigo, Chile: Icira, 1969; Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: paz e Terra, 1970; Ias iglesias, Ia educación y elprocesso de liberación humana en la Historia. Buenos Aires: LaAurora, 1974; Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paze Terra, 1976; Educación y cambio. Buenos Aires: Búsueda, 1976; Cartas à Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1977; Ideologia e educação: reflexões sobre a não neutralidade da educação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981; A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez /Autores Associados, 1982; A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991; Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992; professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d'Água, 1993; Política e educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 1993; Cartas a Cristina. São Paulo: Paz e Terra, 1994.

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