O Papel da Criançã na Construção Social
Por: Aldenice Lobão • 15/5/2015 • Trabalho acadêmico • 2.695 Palavras (11 Páginas) • 148 Visualizações
O PAPEL DA CRIANÇA NA CONSTRUÇÃO SOCIAL
*ALDENICE DA SILVA LOBÃO
ANA PAULA RIBEIRO DOS SANTOS
MÁRCIA DOS SANTOS ROSÁRIO
MONIQUE SILVA NOVAES DOS SANTOS
NILIANE ALVES DE OLIVEIRA
Resumo
Este texto refere-se à fundamentação teórica de uma pesquisa qualitativa, cujo objetivo é discutir as concepções de infância e educação infantil entre pais e professores de crianças pequenas e suas implicações na construção e desenvolvimento da sociedade. Recorremos a autores como Corsino (2006), Kramer (2007), Nunes (2006) e Oliveira (2008) para entender as diferentes concepções existentes.
PALAVRAS CHAVE: Criança, Educação, Sociedade, Infância.
1 INTRODUÇÃO
A leitura dos estudos e análises a partir de autores como Kramer, Nunes, Corsino, Oliveira e outros nos leva a entender as muitas atribuições e concepções pelas quais a infância passou ao longo da história. Com o advento do capitalismo urbano-industrial, o surgimento de uma nova classe social denominada burguesia, fez com que a criança assumisse um novo papel perante a sociedade. Visto que na antiguidade as crianças não preocupavam os adultos por causa do alto índice de mortalidade infantil. Quando a criança saía do período de risco era integrada na sociedade e passava a ser vista como um adulto em miniatura, assumindo responsabilidades e aprendendo de forma difusa as aplicações do trabalho e como contribuir para o crescimento econômico e social do meio em que vivia.
Após o surgimento da burguesia e a estruturação de uma família nuclear, em que os membros se reduziram a pai, mãe e filhos, a criança passou a ter uma visibilidade maior, fazendo-se vista em suas necessidades físicas e cognitivas de forma afetiva com o intuito de preservar a continuidade da família e os negócios da mesma, sabendo que a criança seria a futura gestora dos bens adquiridos.
A partir da nova visibilidade, a infância adquiriu novos conceitos que foram mudando através dos tempos à medida que o papel que assumia perante a sociedade também se modificava. Foram criados espaços institucionais que a princípio tinham a finalidade assistencialista de apenas-cuidar da criança, mas com as novas concepções de infância assumiram o papel de não só cuidar, mas de preparar a criança para a inserção na sociedade, de forma a contribuir com o desenvolvimento da mesma.
2 CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA
O que é a infância? Quem é a criança hoje? Como se constitui a infância atualmente? As respostas a estas questões variam conforme a concepção que se tem delas. Para alguns é uma fase da vida onde reina a fantasia e a liberdade. Para outros, a infância é uma etapa da vida onde a criança é considerada um adulto em miniatura. Outros ainda consideram a infância como uma fase em que a criança vai ser preparada para o futuro.
De acordo com Oliveira (2008) na Idade Média a criança era vista como evidência da natureza pecaminosa do homem, por isso não manifestava a razão, que para a época era o reflexo da luz divina. Na Idade Moderna, os filósofos do Renascimento não viam a infância da mesma forma que conhecemos e entendemos hoje. O que conhecemos como infância hoje, período em que a criança se desenvolve e necessita de cuidado, orientação e aprendizado, é consequência do surgimento da burguesia, que vê a criança como sendo o futuro (inclusive, financeiro) da sociedade.
A criança aparece hoje com uma nova identidade, diversas pesquisas na área demonstram que elas têm direitos e necessidades específicas e precisam de um espaço diferente tanto do ambiente familiar quanto do ambiente escolar tradicional.
Oliveira (2008) aponta a necessidade de mudanças positivas para esse público, os cuidados na creche e na pré-escola segundo a autora não se reduzem ao atendimento de necessidades físicas das crianças, deixando-as confortáveis em relação ao sono, à fome, à sede e à higiene.
“Incluem a criação de um ambiente que garanta a segurança física e psicológica delas, que lhes assegure oportunidades de exploração e de construção de sentido pessoais, que se preocupe com a forma pela qual elas estão se percebendo como sujeitos” (OLIVEIRA, 2002, p. 47)
A atual LDB garante em seu Art. 29 de que forma se deve desenvolver a educação infantil em seus diversos aspectos complementando a ação da família e da comunidade:
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (LDB- 1996)
3 A MARGINALIZAÇÃO DA INFÂNCIA.
Alguns pensadores dizem que a infância como a conhecemos pode desaparecer, o papel dos adultos como cuidadores da criança está sendo substituído pelo papel de preparadores para o mundo adulto, pois a televisão, a internet, e toda mídia informatizada está apresentando o mundo adulto para crianças.
Segundo Postmann, (apud Kramer, 2007) “a mídia expulsa as crianças do jardim da infância”. Se a mídia traz ao conhecimento da criança algo que deveria ser aprendido mais tarde, então sua maturidade é antecipada, fazendo com que ela perca características próprias da infância como a brincadeira e o criar a partir de sua imaginação.
Kramer em seu texto “A singularidade da infância” também comenta sobre o risco que o adulto corre de perder sua autoridade, devido a um bombardeio de informações que a televisão e a internet muitas vezes de forma inadequada e precoce direciona à criança, na maioria das vezes sem a mediação dos adultos em facilitar o entendimento dessas informações, fazendo com que ela se aproprie do conhecimento de forma a questionar a autoridade dos adultos:
[...] as relações entre adultos e crianças tomam rumos desconcertantes. O discurso da criança como sujeito de direito e da infância como construção social é deturpado: nas classes médias, esse discurso reforça a ideia de que a vontade da criança deve ser atendida a qualquer custo, especialmente para consumir; nas classes populares, crianças assumem responsabilidades muito além do que podem. Em ambas as crianças são expostas à mídia, à violência e à exploração. (KRAMER, 2007, pág. 18)
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