O SISTEMA DE NUMERAÇÃO NO SEGUNDO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL:UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE
Por: isnara18 • 14/9/2018 • Artigo • 3.358 Palavras (14 Páginas) • 356 Visualizações
O SISTEMA DE NUMERAÇÃO NO SEGUNDO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL, UMA ANALÍSE À PRÁTICA DOCENTE : CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DESENVOLVIMENTAL[1]*
Isnara Michele da Silva Santos
Licencianda em Pedagogia
Universidade Estadual do Piauí
isnamichele@gmail.com
Valdirene Gomes de Sousa
Doutora em Educação
Universidade Estadual do Piauí
valdirenevall@hotmail.com
Resumo: Este artigo é recorte da construção de uma pesquisa em torno das diferentes perspectivas do ensino do sistema de numeração no segundo ano do Ensino Fundamental. Como objetivo, busca refletir sobre o ensino do referido sistema desenvolvido por professores dessa etapa da escolaridade. Para tanto, considera-se como referência ao defendido no estudo as contribuições do ensino desenvolvimental proposto por Davídov, tal qual encaminha à necessidade de desenvolver no aluno o pensamento teórico (DAVÍDOV, 1988). A pesquisa tem natureza qualitativa com enfoque nos relatos docentes, oriundos da aplicação de entrevista semiestruturada. Para a compreensão da possibilidade de análise, considerou-se a prática docente no que cerne o ensino do sistema de numeração desenvolvido por duas professoras do segundo ano de uma escola da cidade de Teresina-PI.
Palavras-Chave: Ensino desenvolvimental. Sistema de numeração. Segundo ano.
Introdução
Em seu processo histórico a matemática é atribuída às relações sociais, no sentido de objetivar necessidades práticas oriundas da própria sociedade e, como toda ciência, reflete as ações humanas. Nesse sentido, a sua vasta dimensão e poder de execuções a lança como uma das ciências mais importantes da modernidade, sobretudo pelas implicações sociais decorrentes de seu caráter tecnológico e científico. A afirmativa nos encaminha à compreensão da relevância dos estudos acerca dessa área, sobretudo por refletir a formação do indivíduo, enquanto ser intelectual e integrante de um contexto sociocultural, bem como a implicação na continuidade do processo histórico da sociedade.
Contudo, entendemos que a Matemática é uma das disciplinas mais citadas no que se refere às dificuldades enfrentadas pelos alunos, o que tem contribuído, a cada ano letivo, para a produção de um sentimento de repúdio e aversão sobre a mesma, evidenciado, sobretudo, na segunda etapa do Ensino Fundamental. Disto tem decorrido, muitas vezes, o sentimento de fracasso e insucesso pelo estudante, materializado em resultados avaliativos[2], o que implica em altos índices de reprovação escolar.
Nesse sentido, enfatizamos a necessidade de uma discussão acerca da complexidade do trabalho docente que envolve a disciplina de Matemática. E, assim, nessa perspectiva, trazemos neste texto a discussão que objetiva refletir sobre o ensino do Sistema de Numeração Decimal no segundo ano do Ensino Fundamental. A discussão que apresentamos é parte do resultado de um estudo que desenvolvemos em nível de Graduação e consideramos relevante expandir tal discussão, haja vista validarmos a necessidade e importância deste objeto de estudo no que se eleva o ensino e a apropriação de conceitos matemáticos, sendo este um conteúdo básico para apropriação dos demais que se inserem no âmbito dos anos iniciais. Nesse aspecto, elucidamos tal consideração à luz do que propõe a perspectiva davydoviana acerca do ensino desenvolvimental[3].
Nos apropriamos da pesquisa em cunho qualitativo, uma vez que esta abordagem nos possibita a proximidade aos fatos e informações. Como instrumento de produção dos dados, nos reportamos à entrevista semiestruturada, tendo em vista o contexto de estudo que remete a uma escola, bem como as participantes, duas profesoras do referido contexto atuantes no segundo ano do Ensino Fundamental.
2 Referencial teórico: A prática docente em Matemática nos anos iniciais
A prática docente em Matemática permeia cada vez mais estudos que concebem a reflexão às causas e consequências aos problemas que norteiam esta área do conhecimento. Compartilhando desta razão, afunilamos tal compreensão em torno do nosso objeto de estudo, ou seja, o SN.
Tendo em vista que “um dos pilares do trabalho do professor é a prática” (CARVALHO, 2006, p. 10), partimos do pressuposto de que esta revela a ação do professor em conformidade ou não a sua compreensão do processo de ensino e aprendizagem. Enaltecemos esta dimensão enquanto instância expressiva à reflexão sobre o ensino do sistema de numeração.
Avistar à docência como atividade principal do professor eleva-nos a uma compreensão de que esta é embasada pelo trabalho real e significativo do indivíduo (SOUSA; MENDES SOBRINHO, 2015). Compreendemos, ainda, a prática envolta em perspectivas talhadas na formação docente, ao entendermos que a realidade que permeia a prática docente em Matemática vem carregada de desafios e atribulações que perpassam desde vivências pessoais, lacunas do processo inicial de formação e, por extensão, necessidade de apoio à formação continuada. Nesse sentido, não é alheio afirmar que muitas vezes na prática de ensino em Matemática existe o desafio de ensinar o que nem sempre se aprendeu. (NACARATO et al, 2009). Nesse sentido, reforça ainda mais a necessidade de estudos que toquem essa questão.
Sobre a proposta de ensino desenvolvimental
Psicólogo russo, Vasili Vasilievich Davydov foi um dos formuladores de propostas de ensino que atendiam a concepção de reestruturação de uma sociedade soviética que visava à formação de um indivíduo social contemporâneo, onde destacaram-se ainda outros propositores.[4] Davídov direcionou, sobretudo, seus estudos à Matemática. Seguidor de Vigotski e precursor da Teoria Histórico-Cultural (TH-C), seu Sistema de Ensino foi criado no interior desta teoria, cuja matriz filosófica é o materialismo histórico-dialético. Tal sistema possui um grande valor pedagógico e didático, sobretudo por corresponder tanto a métodos quanto a conteúdos de ensino. (ROSA; DAMAZIO, 2012).
Em efeito aos traços do materialismo histórico-dialético, um dos preceitos vigoskiano é a busca para a compreensão dos fenômenos para além de uma aparência externa e descritiva, validando uma compreensão de suas relações gerais. Em influência a essas e outras ideais de Vigoski, Davídov voltou-se à concepção de ensino, em uma perspectiva desenvolvimental, ao aprofundar questionamentos em torno do desenvolvimento psíquico da criança. Ao corroborar com Vigoski, defende que o ensino deve atuar na ampliação do desenvolvimento mental do indivíduo. Assim, em sua fase escolar, a criança necessita ser inserida em atividade[5] de estudo, tendo em vista que esta não é inata. A isso remete-se a relevância pedagógica nesse processo, o que encaminha a uma formulação tanto à metodologia como a conteúdos enquanto responsáveis a eclosão da relação contribuinte entre ensino e desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Nessa perspectiva, certifica que o conteúdo é a base do ensino que promove o desenvolvimento. (DAVÍDOV, 1988).
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