O UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
Por: Laura Dantas Ferreira • 15/9/2021 • Trabalho acadêmico • 1.375 Palavras (6 Páginas) • 206 Visualizações
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E
HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ /
UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD
Avaliação Presencial 1 (APX1) – 2020.2
Disciplina: Língua Portuguesa Instrumental
Coordenadora: Profa. Helena Feres Hawad
Aluno: Laura Dantas Ferreira
Matrícula: 20112080472 Polo: Itaguaí
INSTRUÇÕES
Esta prova contém um texto e oito questões, no total de quatro páginas
(incluindo esta página com cabeçalho e instruções).
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BOM TRABALHO!
CONSIDERE O TEXTO ABAIXO PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA 1 À
7. A QUESTÃO 8 INDEPENDE DESSE TEXTO.
Preferimos crer que outros doutrinam crianças, mas nós as deixamos
'livres'
Para evitar que seja doutrinação, podemos exigir que ideias e crenças sejam
apresentadas com suas versões discordantes
Contardo Calligaris
É um fato que sempre me surpreende: os que pensam diferente da
gente foram doutrinados; os que pensam como nós não sofreram nem sofrem a
influência de nenhum doutrinador.
Por exemplo, chega um menino de oito anos jurando que, se ele se
explodir na praça do mercado, será amado pelo profeta e obterá a devoção
sexual de 40 virgens. Mesmo se você for muçulmano, achará estranho que, por
conta própria, uma criança ache interessante a perspectiva de brincar com 40
virgens. Não seria mais com 40 bonecos Playmobil?
Outro exemplo. Uma turma do ensino fundamental conclama que, pelas
leis do materialismo dialético, estamos nos encaminhando inelutavelmente para
uma sociedade sem classes, e o partido, com seu “grande líder”, dirige nossa
marcha, de tocha levantada. Você vai supor que a tal turma estude numa
Coreia do Norte ou outro resto anacrônico do socialismo real, onde as crianças
seriam doutrinadas até todas repetirem as mesmas palavras de ordem (que,
aliás, se tornaram vazias de tanto serem repetidas).
Outro exemplo ainda. Uma criança de dez anos nos diz que só existe um
Deus (o “nosso”, claro), o qual mandou o filho entre a gente para nos redimir
dos pecados, mas, mesmo assim, se pecarmos (seja lá o que isso for), ele vai
nos jogar no inferno para a eternidade. Será que a gente teria a cara de pau de
considerar que esse menino não foi doutrinado por ninguém? E que seu
sistema de crenças seria “natural”, espontâneo, isento das catequizações pelas
quais passaram as crianças dos primeiros exemplos?
Suponho que meu leitor, mesmo sendo cristão, admitirá que a criança do
último exemplo não é mais sábia que as outras, nem menos doutrinada.
Mas não é isso que acontece na vida cotidiana. Em geral, preferimos
pensar que os outros doutrinam as crianças, enquanto a gente as deixa “livres”
para construírem sua própria visão do mundo, “autêntica” e “natural”, não
induzida pela influência dos adultos.
Jean-Jacques Rousseau, no “Émile”, de 1762, sonhou com uma
educação em que o saber vingaria como uma flor nas crianças, sem elas
precisarem de jardineiros. Os homens sonham com isso há mais de dois
milênios.
Heródoto, o historiador grego do século 5º antes de Cristo, fala de uma
tentativa de descobrir qual língua as crianças falariam “naturalmente”,
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