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OS PROCESSOS EDUCATIVOS EMANCIPATÓRIOS, DESDE A EDUCAÇÃO INFANTIL E SOB A PERSPECTIVA DA TEORIA CRÍTICA DA SOCIEDADE.

Por:   •  10/2/2022  •  Artigo  •  4.508 Palavras (19 Páginas)  •  276 Visualizações

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        Leidiane Pereira da Silva*

Resumo: A pesquisa é de cunho bibliográfico, buscamos à luz da Teoria Crítica da Sociedade o embasamento teórico, principalmente em Adorno (1995) que entende a educação como uma exigência política para a emancipação de todos, e que se constitui pela “conscientização”, sendo a autonomia sua condição necessária. Assim “a exigência política de uma educação para a emancipação consiste em uma educação voltada para a contradição e para a resistência, desde a infância. Capaz de efetivar uma consciência verdadeira, que fizesse com que as pessoas não permitissem ser modeladas por forças exteriores a elas. Sendo assim, esse artigo teve como objetivo principal refletir sobre a Educação voltada para a contradição e resistência aos mecanismos que impedem a formação para a autonomia e emancipação humana. A Teoria Crítica da Sociedade pressupõe uma educação capaz de superar as condições de dominação e alienação do homem desde a infância e está fundamentada no comportamento crítico e na orientação para a emancipação.  

Palavras-Chave: Teoria Crítica -Educação Infantil- Emancipação.

Introdução

A realidade da educação brasileira vem à tona quando nos deparamos com a publicação dos baixos índices obtidos por avaliações realizadas na Educação Básica, seja no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio. A precariedade da educação se efetiva quando pessoas consideradas analfabetas escolarizadas não são capazes de compreenderem o que leem, sendo denominadas de analfabetas funcionais e, frequentemente, alienadas da realidade social.

Essa alienação é o resultado de os sujeitos não serem tensionados a pensarem criticamente sobre sua relação com a sociedade, com a economia, com as artes, com os outros tipos de conhecimentos, tais como a sociologia, a política, a ética, a estética, ou seja, não obtiveram uma formação ampla. Esse problema fica evidente em uma sociedade cujas pessoas não conseguem enxergar as injustiças, as desigualdades sociais, os interesses capitalistas e mercadológicos, subjacentes à realidade, tornando-se pessoas moldadas pelos interesses dos que detêm o poder. Daí a necessidade de os sujeitos serem preparados para o exercício da crítica desde a infância.

Para Sousa (2006), a Educação Infantil deve ser pensada como o primeiro espaço formal de ensino, capaz de promover as vivências e experiências sociais, em que a criança aprende sobre si e sobre o mundo, tornando-se cada vez mais humanizada. Essas experiências possibilitam às crianças criarem significados e valores, a construírem a autoimagem e a própria identidade, contribuindo futuramente com a realidade social. É por isso que se faz importante refletir sobre que tipo de sujeito seria necessário formar para atuar criticamente na sociedade a fim de torná-la mais justa, mais humana e mais ética.

Sendo assim, a escola ganha um destaque importante como “locus” privilegiado, tendo como desafio principal a formação para a autonomia, segundo Kant (2005), desenvolvendo nos alunos a capacidade de tomarem decisões, serem capazes de irem muito além da reprodução de fórmulas e da reprodução de conhecimentos preexistentes e/ou pré-estabelecidos, de pensamentos lineares, resultantes de currículos escolares fechados e postos para serem executados sem reflexão.

Consoante Adorno (1995) A formação cultural ampla (Bildung) da criança inicia-se na Educação Infantil, conforme já exposto a pouco, considerando que este será o seu primeiro contato com a escola. Nesse espaço de socialização o processo de humanização ocorre através da troca de experiências que darão a base para as demais etapas de sua vida educacional.

Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB n. 9394/1996 em seu art. 30, incisos I e II, consagrou a creche e a pré-escola, destinadas respectivamente às crianças de 0 a 3 anos e de 4 a 6 anos. (BRASIL,1996).

Nesse sentido, esclarecemos, ainda, que a Educação Infantil está garantida pela Constituição Federal de 1988 e regulamentada pela LDB n. 9394/1996, que incluiu a creche e a pré-escola na Educação Básica. O art.30 define: “A educação infantil será oferecida em: I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.” (BRASIL,1996).

Tendo em vista essa argumentação inicial, o presente artigo terá como norteamento a seguinte questão: Por que a Teoria Crítica da Sociedade contribui para que a Educação Infantil se encaminhe por uma perspectiva emancipatória?

  Para que possamos estabelecer uma discussão e reflexão sobre essa questão, no primeiro momento faremos uma breve contextualização sobre a Teoria Crítica e seus pressupostos. Em seguida, faremos uma reflexão sobre os termos emancipação, barbárie e esclarecimento a partir da obra “Educação e Emancipação,” conforme Adorno (1995). Por fim, tentaremos pensar sobre as condições da possibilidade emancipatória quando do processo formativo na Educação Infantil.

1.Breve histórico sobre a Teoria Crítica da Sociedade

A Teoria Crítica da Sociedade surgiu em 1920 com a formação de um grupo de intelectuais alemães de esquerda que se estabeleceram em Frankfurt, na Alemanha, e constituíram a Escola de Frankfurt, onde realizavam pesquisas e intervenções teóricas sobre problemas sociais, culturais, estéticos e filosóficos ocasionados pela emergência do capitalismo. No seu início, procurou ancorar-se nos pressupostos do marxismo para entender e explicar os fenômenos sociais e a formação de classes. Posteriormente, esses intelectuais passaram a incorporar a Psicanálise para explicar a formação do indivíduo bem como a subjetividade, enquanto elemento que compõe o corpo social. Os estudiosos buscavam entender a sociedade burguesa1, e como os indivíduos não se opuseram às regras do autoritarismo, negando sua própria condição de ser humano. JAY (2008)

 Jay (2008), na obra “A Imaginação Dialética”, aponta no texto “A Gênese da Teoria Crítica” a contraposição desta teoria ao método positivista, cujo desenvolvimento deu-se pelo diálogo, vejamos:

No cerne da teoria crítica havia uma aversão aos sistemas filosóficos fechados [..] expressava-se por uma série de críticas a outros pensadores e tradições filosóficas[..] Seu desenvolvimento deu-se pelo diálogo. Sua gênese foi tão dialética quanto o método que ela propunha aplicar aos fenômenos sociais (JAY, 2008, p.83).

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