OS SETE PECADOS DA GLOBALIZAÇÃO E SUAS REPERCUSSÕES NO SISTEMA EDUCACIONAL
Por: CELLI123 • 21/5/2019 • Artigo • 4.979 Palavras (20 Páginas) • 267 Visualizações
OS SETE PECADOS DA GLOBALIZAÇÃO E SUAS REPERCUSSÕES NO SISTEMA EDUCACIONAL
Araceli Maria Alves Silva¹
RESUMO
Atualmente discute-se a possibilidade de construção de políticas públicas alternativas no campo da educação, não apenas como proposições teóricas, mas aquelas construídas na perspectiva oposta à da tradição brasileira, qual seja, a de verticalização das relações entre Estado e sociedade civil. Ainda que se considere os recuos, obstáculos e entraves que caracterizam as mudanças de paradigmas em políticas públicas educacionais, é de se ressaltar que, nos últimos anos, tem-se construído, em várias cidades do país, novas formas de fazer política pública em educação. Tais experiências refletem projetos que trazem consigo a concepção de democratização das relações entre Estado e sociedade, e podem representar novas esperanças de solução para velhos problemas.
O corpus de análise do presente estudo é o artigo de Madalena Mendes: “Os sete pecados da governação global: Paulo Freire e a reinvenção das possibilidades de uma pedagogia democrática e emancipatória da educação”, publicado em 2009 na Revista Lusófona de Educação, ed. 14, pp. 61‐76.
A apresentação geral deste trabalho aborda uma breve reflexão acerca da Globalização e suas repercussões no sistema educativo e escolar. Com o objetivo de apontar em linhas gerais, como está estruturado este processo educacional na contemporaneidade, e seus aspectos teóricos e metodológicos correlacionados com a metáfora dos sete pecados da governarão global observando a pedagogia democrática e emancipa tória da educação citadas por Paulo Freire.
A fundamentação teórica deste estudo tem como apoio científico referenciado em Anthony Giddens(2012), José Augusto Pacheco(2006), Nancy Pereira(2006), Madalena Mendes(2009) e Paulo Freire(2011-2015).
Buscou-se fazer um elo entre eles como forma de melhor entender e analisar a proposta educacional descrita no texto em questão e todas as reflexões que nos suscitou.
Palavras - chave: Globalização – Sete pecados - Educação – Sistema educacional
INTRODUÇÃO
As mudanças significativas advindas do mundo globalizado a partir da revolução tecnológica, ligada à informática, a globalização iniciou novos processos nas políticas educacionais, o que consequentemente viabilizou implantação de sistema educacional, mas pautados em programas internacionais desconsiderando os aspectos locais de cada nacionalidade.
O conceito de globalização, dado por Giddens, refere-se à intensificação das relações sociais em escala mundial e as conexões entre as diferentes regiões do globo, através das quais os acontecimentos locais sofrem a influência dos acontecimentos que ocorrem a muitas milhas de distância e vice-versa. As consequências de nossos atos estão encadeadas de tal forma que o que fizemos agora repercute em espaços e tempos distantes. Isto diz respeito às interconexões que se dão entre as dimensões global, local e cotidiana.
Nesse sentido é de fundamental importância uma reflexão sobre alguns pontos que conduzem a um pensar e encarar a educação como: um fenômeno complexo e pluridimensional, o que supõe situá-la na trama das múltiplas relações, tomando-se o homem como um ser individual e, ao mesmo tempo, um ser social; um ser de relações consigo mesmo, com os outros e com o mundo; parte constituinte do conjunto das macrorrelações sociais, da complexa organização da sociedade, o que implica pensá-la na teia das relações sociais e suas interfaces; uma prática determinante e, ao mesmo tempo, determinada pelos condicionantes sócio-políticos e econômico-culturais, colocando-se sempre em relação com o todo social; expressão de um ato político na medida em que sempre cumpre uma função política, tanto na consolidação de determinados interesses, como de instalação de uma nova cultura, de um novo projeto social. Isso implica afirmar que existe sempre uma orientação política implícita na maneira como se efetiva a prática educativa, tenha-se ou não consciência disso.
Situada, portanto, no seio da prática social global, exercendo uma ação eminentemente social e política, a educação numa dada realidade, assume propósitos que explicitam a sua dimensão axiológica, as relações valorativas que se estabelecem no fazer cotidiano do processo educativo.
OS SETE PECADOS
A educação, nesse enigmático marco da globalização, vem sendo redefinida de modo a cumprir o seu duplo papel no mundo capitalista. De um lado, a formação de uma nova consciência que se impõe como requisito fundamental à consolidação do reordenamento econômico-social, com base nos novos valores dele emergentes e que se configuram pela instalação de uma nova ética, cujos princípios se alicerçam na extrema individualização das relações sociais. Na prática exacerbada da competição pela ampliação do mercado e pelo aprofundamento da exclusão social redefinindo um novo padrão de dominação capitalista que, hoje, predominantemente, se situa nos parâmetros da relação países ricos/países pobres; incluídos/excluídos do acesso aos bens materiais.
De outro lado, a formação de recursos humanos requeridas pelo novo padrão econômico impõe quadros de profissionais em número cada vez mais reduzidos e dotados de habilidades indispensáveis ao incremento das forças produtivas: visão de totalidade dos processos produtivos, sensibilidade, espírito crítico, criatividade, capacidade adaptativa, dentre outras, constituem os elementos que compõem o perfil da nova classe trabalhadora, nos marcos das sociedades pós-industriais.
Contudo, na condição de uma prática social contraditória, a educação, hoje mais do que nunca, é conclamada a ocupar o seu espaço no processo de transformação das relações de dominação, de objetivação do homem em função da economia, dos padrões, cada vez mais, sutis e complexos de acumulação capitalista e de sua contraface, a gritante exclusão social.
Nesta perspectiva, o processo que despontou a globalização refletiu mudanças ocorridas pelas transformações, trazendo novas demandas democráticas e tecnológicas, direcionadas para o consumo de novas técnicas e modalidades e exigindo instrumentos de informatização para uma melhor qualificação dos serviços ofertados para a sociedade.
A demanda democrática decorre da participação dos cidadãos ao tomar importantes decisões políticas, onde o Estado como regulador eclodiu a partir da desestatização, ou seja, o egresso do Estado de alguns setores, deixando a iniciativa privada atuar na exploração de alguns serviços e atividades, isso levou à privatização e terceirização tão defendidas pelo modelo neoliberal, que defende a pouca intervenção do governo no mercado de trabalho, utilizando a implementação de políticas de oferta para aumentar a produtividade.
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