Obstaculo epistemológico
Por: Mayara Bianca • 25/10/2016 • Projeto de pesquisa • 1.656 Palavras (7 Páginas) • 420 Visualizações
1 APRESENTAÇÃO
Sempre que algo novo nos é apresentado, precisamos analisar essa nova ideia, porém nossa análise poucas vezes esta correta. Assim, sem uma análise adequada não é possível adquirir esse novo conhecimento ocasionando o erro.
Durante muito tempo o erro foi encarado como algo negativo só depois que a Teoria dos obstáculos epistemológicos foi apresentada por Gaston Bachelard, o erro passou a ser encarado de outra forma, como algo positivo, como algo a ser estudado para que seja possível identificar a razão das dificuldades dos alunos. A superação desse obstáculo epistemológico pode ocasionar a produção do conhecimento cientifico, como esclarece Bachelard apud Luiz:
Para Bachelard, o conhecimento científico ocorre por meio da superação dos “obstáculos epistemológicos”, ou seja, obstáculos surgidos no ato de conhecer na forma de conflitos e lentidões que causam a estagnação e até a regressão no progresso da ciência, causados por conhecimentos antigos, que resistem às novas concepções para manter a estabilidade intelectual, sendo que um obstáculo de origem epistemológica é verdadeiramente constitutivo do conhecimento e pode ser encontrado na história do conceito. (BACHELARD, apud LUIZ, 2007, p.18)
A ideia de obstáculo epistemológico foi trazida a matemática por Brousseau, baseado na “Teoria dos obstáculos epistemológicos” de Bachelard, com o seu artigo “Os obstáculos epistemológicos e os problemas em matemática”. Muitas vezes o erro é tratado como uma incapacidade do aluno de reter o conhecimento, porém como diz Brousseau "o erro não é somente efeito da ignorância, da incerteza, do acaso, mas o efeito de um conhecimento anterior, que tinha o seu interesse, o seu sucesso, mas que agora se apresenta falso ou simplesmente inadaptado " (BROUSSEAU apud MACHADO, 2010, p.23)
O Obstáculo Epistemológico não ocorre sem motivos, mas ele é desencadeado por algum conhecimento antigo que na ocasião foi muito bem aproveitado, mas agora esta provocando confusões e sua identificação depende da observação e análise do aluno. Segundo Brousseau apud Luiz
(...) o aluno resiste às contradições produzidas pelo obstáculo epistemológico e ao estabelecimento de um conhecimento novo, é preciso identificar o obstáculo encontrado e incorporar a negação desse conhecimento anterior ao novo saber, sendo que mesmo depois de ter notado seu erro o aluno ainda pode manifestá-lo de forma esporádica (BROUSSEAU apud LUIZ, 2007, p.24)
2 JUSTIFICATIVA
No Obstáculo Epistemológico, Gaston Bachelard, pôde notar que no ato do conhecimento ocorre “lentidões e conflitos”.
O Obstáculo Epistemológico pode impossibilitar o aluno de progredir, pois quando há um conhecimento mal entendido e esse se defronta com outro conhecimento antagônico a ele, e muitas vezes criam-se bloqueios nos alunos.
O professor deve ter bases sólidas de conhecimento para facilitar o aprendizado do aluno, fazendo com que ele supere esses obstáculos epistemológicos com maior facilidade.
É comum o aluno apresentar dificuldade em matemática, porém não é comum o aluno sempre cometer o mesmo erro e cometendo sempre o mesmo erro ele não consegue produzir conhecimento, que é uma das funções da matemática. Sendo que compete ao professor analisar cada caso e ver se está presente o obstáculo.
3 OBJETIVO GERAL
Analisar o Obstáculo Epistemológico no desenvolvimento e na aprendizagem da matemática
Objetivos Específicos
-
- Estudar o surgimento do obstáculo epistemológico
- Realizar reflexões sobre o erro e sua transformação em conhecimento
4 METODOLOGIA
O presente estudo se baseará em bibliografias procurando entender como se instaura o obstáculo epistemológico em sala de aula e como transformar esse obstáculo em produção de conhecimento.
Bibliografias especializadas na Teoria do Obstáculo Epistemológicos Gaston Bachelard e Guy Brousseau foram consultadas, assim como, trabalhos acadêmicos, como Luiz (2007) e Costa (2009).
5 EMBASAMENTO TEÓRICO
Epistemologia de Bachelard
Gaston Bachelard, filósofo e poeta do século XX, nasceu na França em Junho de 1884. Focou seus estudos principalmente na Filosofia da Ciência, sua obra é marcada por reflexões sobre a filosofia implícita na prática dos cientistas (Costa, 2009, p.23).
Em sua obra a Formação do Espírito Científico, ele apresenta a epistemologia da ciência com o objetivo de alcançar a produção de conhecimento científico. Bachelard estabelece a epistemologia como estudo da natureza do conhecimento científico e das circunstâncias de sua produção (Costa, 2009, p 23).
Pode se caracterizar primeiramente a epistemologia da ciência de Bachelard como histórica, pois utiliza-se de materiais históricos para estruturar sua tese sobre a epistemologia.
Sua epistemologia procura erros semelhantes no passado buscando aplicar sua solução no presente obtendo assim o progresso científico. Para Bachelard se erros cometidos no passado não tivesse sido omitido obteríamos maior produção de conhecimento científico.
Segundo Costa, Bachelard denomina a história como recorrente, uma vez que "... se esclarece pela finalidade do presente, uma história que parte das certezas do presente e descobre, no passado, as formações progressivas da verdade (Bachelard 2001, p.207 apud COSTA, 2009, p.24)".
Bachelard ainda se opõem a epistemologia contemplativa, não acredita que a simples observação o levará ao conhecimento. A ciência não evolui na simples aceitação e sim no questionamento.
A grande evolução que veio com o Espírito Científico foi a ruptura do senso comum possibilitando assim a produção do pensamento cientifico. Sendo que o pensamento científico é apenas o começo, uma incerteza generalizada, uma dúvida em despertar (Japiassú apud Costa, 2009, p.25).
Muitos pensadores da época acreditavam que o erro era uma heresia, algo que deveria ser evitado, mas Bachelard veio para revolucionar essa ideia, para ele o erro era necessário para a evolução da ciência, pois com a correção desses erros seria possível à produção do conhecimento científico. Para Bachelard a ruptura do conhecimento do senso comum é de extrema necessidade para que possa haver avanços, conhecimento científico:
O conhecimento do real é luz que sempre projeta algumas sombras. Nunca é imediato e pleno. As revelações do real são recorrentes. O real nunca é o que se poderia achar, mas é sempre o que se deveria ter pensado. O pensamento empírico torna-se claro depois, quando o conjunto de argumentos fica estabelecido. Ao retomar um passado cheio de erros, encontra-se a verdade num autêntico arrependimento intelectual. No fundo, o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é obstáculo à espiritualização. (Bachelard, 1996, p.17 apud COSTA, 2009, p.26)
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