Os Estágios de Desenvolvimento de Piaget
Por: Amanda Ribeiro Frade • 3/10/2020 • Resenha • 1.325 Palavras (6 Páginas) • 189 Visualizações
Os estágios de desenvolvimento de Jean Piaget
Amanda Ribeiro Pinto Frade
Jean Piaget foi um biólogo e psicólogo filósofo interacionista que se dedicou a epistemologia genética, isto é, em compreender como conhecimento é construído em seu aspecto biológico. Os estágios de desenvolvimento criados por ele evidenciam que o conhecimento evolui de maneira progressiva por meio de estruturas de raciocínio que vão sendo substituídas conforme o estágio em que se encontra. Isto significa que formas de pensar de uma criança são completamente diferentes da lógica dos adultos.
Em cada um desses estágios, o pensamento e o comportamento da criança é caracterizado por raciocínios e conhecimentos específicos. Isso porque ocorre um processo de adaptação que consiste em realizar ajustes às mudanças do ambiente. Esses ajustes são intelectualizados por meio da acomodação e assimilação.
A acomodação é o ajuste que a criança tem que fazer no ambiente quando informações novas são acrescentadas ao seu repertório de respostas. Esse processo alcança o exterior em direção à realidade e resulta em uma mudança visível no comportamento. Já a assimilação é considerar as informações novas do ambiente e incorporá-las às estruturas cognitivas individuais já existentes.
O sensório-motor (0 a 2 anos)
No sensório-motor a criança não apresenta uma representação mental definida que lhe permite solicitar pessoas ou objetos e experimenta e comunica-se com o mundo ao seu redor através de experiências sensoriais e motoras. Ela age por meio de reflexos e suas várias formas de ação permitem a criação de esquemas, que são uma organização das ações que podem ser repetidas em situações semelhantes.
Ao relacionar-se com os ambientes e objetos a sua volta, a criança realiza uma coordenação de esquemas a partir das experiências sensórias-motoriais. A repetição permite que a criança domine as ações e organize melhor a maneira que irá interagir com o ambiente. Por isso a importância de estimulá-las a imitar os adultos e os mesmos a imitá-las.
As principais conquistas nesse estágio são o domínio motor e a representação mental. A inteligência motora é que vai servir de ponto de partida para as construções afetivas, memória e desenvolvimento intelectual. No estágio sensório-motor não se admite um esquema estímulo-resposta, mas sim um esquema interativo no qual o sujeito se torna sensível aos estímulos na medida em que ele assimila às estruturas já construídas.
O sensório-motor é composto de seis etapas. A 1ª etapa refere-se ao uso dos reflexos (0 a 1 mês) e consiste na continuação dos reflexos pré-natais para capacitar o bebê para informações adicionais sobre seu mundo. Por meio dos reflexos e de comportamentos são formados hábitos que se tornarão movimentos voluntários.
A 2ª etapa são as reações circulares primárias (1 a 3 meses) em que há uma assimilação da experiência prévia e o reconhecimento do estímulo que iniciou a reação necessária para gerar a experiência. O que antes era automático agora é repetido de forma voluntária. A 3ª etapa é constituída pelas reações circulares secundárias (3 a 8 meses) onde a criança tenta fazer com que os eventos ocorram e durem, ou seja, retenção e permanência. A imaginação, jogo e emoção começam a surgir.
Na 4ª etapa, que são as aplicações dos esquemas secundários a novas situações (8 meses a 1 ano), as aquisições comportamentais anteriores são utilizadas para acrescentar novas informações, havendo uma maior exploração em que os fins e os meios são diferenciados pela experimentação. A 5ª etapa consiste nas ações circulares terciárias (1 a 18 meses) em que há descoberta de novos significados por meio da experimentação ativa. Desenvolve-se a imitação e as relações espaciais a partir da curiosidade. A 6ª etapa (18 a 24 meses) é marcada pela invenção de novos significados usando combinações mentais. Há uma criação de significados e não apenas descoberta e, consequentemente, há uma reflexão sobre as experiências sensoriais e motoras.
O Pré-operatório (2 aos 7 anos)
O pré-operatório é caracterizado pela instalação da função simbólica. Nesse estágio temos o surgimento da linguagem que modificará os aspectos intelectual, afetivo e social a partir da interação e comunicação entre os indivíduos.
A criança nesse estágio torna-se capaz de reconstituir suas ações passadas e de antecipar ações futuras pela fala e também de representar cenas vistas anteriormente através do jogo simbólico. Há a interiorização da palavra, que consiste em uma forma de pensamento baseada na linguagem interior pelo sistema de signos. Há também a interiorização da ação que é uma forma de reconstituição das imagens e experiências no plano intuitivo não mais baseadas nas percepções e movimentos afetividade.
Esse estágio também é marcado pela afetividade, que aparece em sentimentos entre os indivíduos como simpatia, antipatia respeito e irritação e uma afetividade interior mais estável. Pelo fato da criança ainda estar centrada em si mesma (egocentrismo), o seu ponto de vista torna-se prioridade.
O pensamento egocêntrico se manifesta através do animismo, artificialismo e finalismo. O animismo é dar vida aos seres inanimados. Por exemplo, o cabo de vassoura pode ser um cavalo. O artificialismo é dar origem artesanal humana a todas as coisas. Uma montanha foi feita por um homem gigante, por exemplo. Já o finalismo é considerar que todos os seres e objetos têm a finalidade de servir à criança. Por exemplo, ao perguntar o que é um brinquedo para a criança ela irá responder que é para ela brincar.
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