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PESQUISA EM EDUCAÇÃO: UM EXERCÍCIO FILOSÓFICO – SE NÃO ME FALHA A MEMÓRIA

Por:   •  29/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.854 Palavras (8 Páginas)  •  194 Visualizações

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CENTRO DE TEOLOGIA E HUMANIDADES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

DOUTORADO EM EDUCAÇÃO 2015.1

DISCIPLINA: METODOLOGIA AVANÇADA DA PESQUISA

Prof.ª Dr.ª: MENGA LÜDKE

PESQUISA EM EDUCAÇÃO: UM EXERCÍCIO FILOSÓFICO – SE NÃO ME FALHA A MEMÓRIA

por

Flávio José do Bomfim

Agosto/2015

Ao ingressar no Curso de Doutorado em Educação em 2015 tive a oportunidade de retomar um aspecto do meu caminhar profissional como educador até então um pouco subjacente: o de pesquisador em educação - o exercício de quem desempenha a observância e análise dos fenômenos educacionais a partir de uma apreciação  científica sistematizada. Algo que em princípio pode se configurar como um grande desafio para um professor das séries iniciais do Ensino Fundamental, no entanto, na mesma proporção, revela-se como uma grande oportunidade de lançar luzes sobre a minha prática docente e angariar substancialmente aportes teóricos aos saberes que constituí até então com o meu ofício. No semestre findado foi possível compartilhar análises, críticas, exploração e reflexão diversas sobre questões metodológicas da pesquisa em educação e compreendê-la como uma atividade diligente, onde um conjunto sistemático de conhecimento pode ser elaborado sobre uma realidade observável, obtido mediante ao desenvolvimento de um procedimento científico.

Todo o percursor foi pautado na busca da compreensão do método, de suas nuances e da importância do papel do pesquisador neste processo. O diálogo com os autores propostos fundamentou inúmeras considerações pertinentes. Inicialmente, fez-se necessária a compreensão da própria pesquisa como uma atividade humana, onde o homem busca o conhecimento e a compreensão dos fenômenos que o cercam, elaborando representações conceituais sobre os mesmos (SAVIANI, 1982). Ela, a priori, é iniciada com a identificação de um problema, um hiato de conhecimento a que se pretende responder, fruto de interesse do pesquisador ou da aproximação com seus estudos elaborados no seu fazer profissional. Ele se apresentará como forma orientadora e permanecerá durante o processo, podendo ser ressignificado ou redimensionado. Saviani avança no entendimento da conceituação do problema, alertando que

uma questão, em si, não caracteriza o problema, nem mesmo aquela cuja resposta é desconhecida; mas uma questão cuja resposta se desconhece e se necessita conhecer, eis aí um problema. Algo que eu não sei não é problema, mas quando eu ignoro alguma coisa que eu preciso saber, eis-me, então, diante de um problema. (1982, p.21)

        Nesse pensar, o ato de pesquisar em educação será, por essência, o resultado de uma reflexão concisa da realidade educacional assomando questões que necessitam de soluções ou apontamentos para tal e a construção de conhecimentos pedagógicos que respondam a estas necessidades e dialoguem com a comunidade científica. O estudo não pode ser um empreendimento isolado. O encontro com esta perspectiva se desenvolve de forma mais adequada quando o pesquisador possui “uma certa familiaridade sobre o estado do conhecimento do tema, indicando qual a lacuna ou inconsistência no conhecimento anterior que o gerou” (ALVES, 1991, p.57). Inegavelmente, o constructo da sua ação de pesquisar sofrerá influência deste acumulado citado pela autora, algo que alguns pesquisadores classificam como “conhecimento tácito” (GUBA E LINCOLN 1989, p. 176); aquilo que o pesquisador sabe, mas não consegue isoladamente expressar sob forma proposicional.  Na ponderação de Alves (1991), identificar essa teia relacional é muito pertinente, sobretudo nas etapas iniciais do estudo, no entanto no desenvolvimento do processo ela deve ser revestida de uma ética criteriosa, onde os resultados aferidos da pesquisa não sejam adulterados em função das próprias crenças do pesquisador.  

Na finalização deste estágio se demarca o ponto inicial da pesquisa e a partir de então os passos seguintes: a definição do tipo de pesquisa, o enquadramento teórico, a seleção da amostra, a compilação dos dados, a análise e apresentação dos achados, sendo este sublinhado com uma importância capital na pesquisa qualitativa (ALVES, 1991).

“Assim como o pesquisador tradicional deve se preocupar com a validade, generalidade, fidedignidade e objetividade de seu design, o pesquisador qualitativo precisa planejar seu estudo de modo a obter credibilidade, transferibilidade, consistência e confirmabilidade”. (LINCOLN E GUBA, 1985 in ALVES, 1991, p. 61)

 Essas etapas serão representadas em um conjunto, surgindo daí um planejamento que, por sua vez, será demarcado por uma flexibilidade dotada de avanços e regressos a etapas anteriores, condicionamentos de redefinições e novos olhares aos dados produzidos, demarcando uma perspectiva dinâmica e construtivista (KAUFMANN, 2013) em detrimento de uma concepção meramente linear ou sequencial metodológica. A acuidade com estas fases oportunizará que o pesquisador adquira um habitus cientifico (BRANDÃO, 2009), que pode potencializar uma frequência analítica mais intelígivel. Dotado dessa predisposição será possível evitar alguns equívocos recorrentes em trabalhos acadêmicos que podem rechaçar a relevância dos resultados finais da pesquisa. Para ela, o educando pode desenvolver uma espécie de “faro intelectual” que dará a ele a possibilidade de selecionar abordagens inerentes ao seu tema de trabalho, aprimorando a habilidade de filtrar e organizar informações, intercambiando as questões encontradas.  Quando sustentada sob estes apontamentos a construção analítica poderá ser expressada ao final do processo de forma coesa e consistente, agregando interpretações lúcidas ao estudo proposto. O acúmulo dos dados gerados durante a pesquisa devem ser organizados e compreendidos. As formas de transcrever, por sua vez, devem garantir a lisura e confiabilidade da pesquisa. Um processo complexo que requer habilidade na redução, disposição e interpretação dos textos. Todo este material precisa ser organizado e categorizado segundo os critérios descritos ou pré-estabelecidos no projeto, de acordo com as finalidades da pesquisa. O aporte teórico estabelece um particular estreitamento nesse momento onde poderá favorecer interpretações e explicações que procurem dar conta, em alguma medida, do problema e das questões que motivaram a investigação.

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