PROJETO DE LEITURA E ESCRITA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO ÂMBITO DO PNAIC

CAPÍTULO I

1. O PROJETO DE LEITURA E ESCRITA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO ÂMBITO DO PNAIC         

Este capítulo trata da importância da leitura e escrita, posto que, desde muito cedo, as crianças convivem com estas formas de linguagem em diferentes contextos, cabendo à escola criar situações lúdicas, contextualizadas e significativas para ampliar as possibilidades para sua imersão neste universo. A linguagem ocupa papel fundamental na relação social entre crianças e adultos. É através da oralização que a criança desenvolve sua intenção social e aprende com as diversas situações em que são postas. Como defende Kleiman:

[...] é o modo de participação da criança, ainda na oralidade, nestas práticas de leitura / escritura, dependentes do grau de letramento familiar que lhe permite construir uma relação com a escrita como prática discursiva e como objeto. (1995, p. 70)

No entanto, compreende-se que, para além da linguagem oral, a criança também precisa tomar familiaridade com a linguagem escrita para ampliar suas condições de desenvolvimento.

O “Projeto de Leitura e Escrita” tem como objetivo a formação continuada de professores da Educação Infantil para que,  de fato, possam desenvolver, com qualidade, o trabalho com a linguagem oral e escrita. O projeto constitui-se como uma ação de formação no âmbito do programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) proposto pelo Ministério de Educação (MEC), que tem por objetivo alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade.

Para realização do objetivo proposto para o Ensino Fundamental, foram necessárias ações que compreenderam uma integração de programas, materiais e referencias curriculares e pedagógicas, disponibilizado pelo próprio Ministério de Educação (MEC), sendo que, como eixo principal trabalha-se a formação continuada dos professores.  De acordo com o PNAIC :]

A formação continuada de professores é um componente essencial da profissionalização do ser docente, integrando-se ao cotidiano da escola e pautado no respeito e na valorização dos diferentes saberes e na experiência docente. Então a formação se dá no conjunto das atividades de formação desenvolvidas ao longo de toda carreira docente.

(BRASIL 2002,p 3)

Com o objetivo da melhoria da qualidade do ensino e aperfeiçoamento da prática docente.

Ainda ressalta:

O objetivo da formação de professores, de acordo com as concepções contidas nesses Referenciais é a sua profissionalização por meio de desenvolvimento de suas competências de modo a permitir que no cumprimento das suas funções estejam contempladas as dimensões técnicas, sociais e políticas que são igualmente importantes e imprescindíveis ao desenvolvimento do nosso país (BRASIL, 2002, p. 3).

 

No âmbito do PNAIC, Com a proposta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade e idade, ao fim do 3º ano do Ensino Fundamental, o Ministério da Educação (MEC) desenvolve o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), iniciado em 2013 e que, em 2015, chegou ao seu 3º ciclo.O professor alfabetizador é um dos eixos do Pnaic, que promove cursos presenciais de formação continuada. Se no 1º ciclo do Programa, realizado em 2013 e 2014, os professores receberam formação em Língua Portuguesa, e no segundo, em 2014 e 2015, em Matemática, a proposta do 3º ciclo, que ocorre em 2015 e 2016, é a interdisciplinaridade, com a integração de áreas como Artes, Ciências Humanas e Ciências da Natureza.

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1. LEITURA, LITERATURA E LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

       Ao retratar a leitura na Educação Infantil, não podemos deixar de ressaltar a sua importância, devido a sua grande capacidade de formar crianças ativas na sociedade, crianças conscientes e críticas. Como destaca Silva (2003), a leitura faz parte de um processo continuo que muda a vida do indivíduo, é um caminho onde levara a libertação e a obter um escudo contra o processo de alienação. Trabalhar leitura desde a tenra idade é fundamental, para isso a influência dos pais e professores é de suma importância, pois é através dos adultos que elas se espelham, é através da nossa cultura que eles se desenvolvem despertando interesse pela leitura e abrindo caminho para sua imaginação. “Bamberger (2002, p. 32) explica que a leitura impulsiona o uso e o treino de aptidões intelectuais e espirituais, como fantasia, o pensamento, a vontade, a simpatia, a capacidade de identificar etc.”

            É a partir da leitura que trabalhamos a literatura que nada mais é segundo o dicionário online Aurélio, um conjunto de obras literárias de um país ou de uma época (Holanda, 1975). Onde se podem encontrar acervos riquíssimos desde os contos clássicos, poesias e lendas, com culturas diversificadas de informações e histórias que trabalham no imaginário das crianças, criando e ampliando seu vocabulário, e também variadas lições que as crianças levam consigo por toda a vida. Como ressalta o Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil (1998), a ampliação do universo discursivo da criança também se dá por meio do conhecimento da variedade de textos e manifestações culturais que expressam modos e formas próprias de ver o mundo, de viver, de pensar [...] músicas, poemas e histórias são um rico material para isso’.

          É através da contação de histórias que o professor trabalha a linguagem com as crianças mesmo que este ato seja realizado em casa pelos pais, tias ou avós, não deixa de ser o primeiro contato. Oliveira( 2008) afirma que o desenvolvimento da linguagem apóia-se em forte motivação para se comunicar verbalmente com outra pessoa, motivação parcialmente inata, mas enriquecida durante o primeiro ano de vida nas experiências interpessoais com a mãe, pai, irmãos e outros educadores. A linguagem que é um meio sistemático de comunicar idéias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais etc. Para Vygotsky (2008), a capacidade de conhecer/aprender é construída a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio, definindo, assim, o desenvolvimento infantil como um processo dinâmico, em que as crianças não são passivas ou meras receptoras das informações que estão a sua volta. De fato, a articulação entre os diferentes níveis de desenvolvimento (motor, afetivo e cognitivo) não se dá de forma isolada, mas, sim, de forma simultânea e integrada. Visto que, é através do contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambiente e, da interação com outras crianças e adultos, que elas gradativamente desenvolvem a auto-estima, a capacidade afetiva, o raciocínio, o pensamento e a linguagem.