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Pedagogia das Diferenças em Sala de Aula- Neusa Banhara Ambrosetti

Por:   •  19/11/2016  •  Seminário  •  2.490 Palavras (10 Páginas)  •  900 Visualizações

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PEDAGOGIA DAS DIFERENÇAS NA SALA DE AULA

(Neusa Banhara Ambrosetti)

Introdução

  • Começamos falando sobre uma das maiores dificuldades dos professores em sala de aula, que é lidar com a diversidade em salas muito numerosas e heterogêneas.
  • Porque será que é tão difícil trabalhar com a diversidade¿
  • Porque não dá para trabalhar de maneira igual com alunos de diferentes origens sociais, vivencias culturais, condições econômicas, saberes, valores e expectativas.
  • Analisando professores de escolas públicas estaduais, a autora pode constatar, que por conta dessa dificuldade, os professores tendem a trabalhar com um aluno padrão, para lhe poupar esforços e também a dispersão de atenção, ignorando as necessidades e interesses de cada aluno. Outra prática adotada é a da separação por níveis, de “fortes”, “médios” e “fracos”, o que pode transformar a generalização em preconceito. A situação se torna ainda mais grave quando a própria escola adota essa prática, organizando salas por níveis de aprendizagem. ( ex: 4º serie A e 4º serie F)
  • Antes de julgarmos o trabalho dessas escolas e professores é preciso reconhecer que trabalhar com a heterogeneidade em uma sala de aula é realmente tarefa difícil. Até pouco tempo existia reprovação ao final de cada série, o que gerava um sentimento de descriminação em relação as crianças com maiores dificuldades de aprendizagem. Com a progressão continuada as dificuldades enfrentadas pelos docentes acabam se agravando, já que esse sistema aumenta ainda mais a diversidade em sala de aula, fazendo com que as propostas vistas como democratizantes se tornem mais uma vez instrumento de discriminação, reduzindo ainda mais a possibilidade de acesso de muitos alunos ao conhecimento.
  • Além das diversidades enfrentadas entre professores e alunos, o professor ainda tem a difícil missão de obedecer regras e normas relacionadas ao contexto sócio-político e as formas organizacionais que delimitam as decisões e as condições do trabalho docente. No entanto é preciso considerar que é nas práticas cotidianas que se concretiza o ensino-aprendizagem, tendo em vista que essa força do institucional sobre a escola não é total, mais apenas relativa, isso é, lidar com a diversidade vai depender da postura do professor em sala de aula.
  • Ao observar uma professora de uma escola de periferia, nota-se o engajamento dela para com seus alunos, a partir dessa análise é possível revelarmos alguns elementos dessa prática capaz de lidar com a diversidade de uma sala numerosa e heterogênea.

Professora e alunos na sala de aula

  • Podemos notar que a diversidade está em todos os lugares, tendo em vista a vida da própria professora, Luiza, de 41 anos, vinda de uma família de classe média, casada e mãe de dois filhos adolescentes; segundo suas próprias palavras: “a escola pra mim é minha vida, eu realmente trabalho por amor ao que faço, porque se for falar financeiramente eu já teria parado”.
  • Por outro lado, vemos também seus alunos, que são filhos de pequenos comerciantes ou industriários, de empregadas domésticas, trabalhadores rurais e do meio social que a escola está inserida, situada na periferia de Taubaté, em um bairro rural, que vem passando por uma grande expansão nos últimos anos em virtudes da sua proximidade com industrias. Essa diversidade, reflete-se na sala de aula de Luiza, onde convivem 38 crianças com idades entre 10 e 14 anos.
  • À primeira vista, o trabalho na sala de aula de Luiza, não difere do que se observa em outras classes. Uma das primeiras observações da autora, foi justamente o interesse e o empenho dos alunos em face a algumas tarefa, aparentemente desinteressante; nota-se um clima agradável, uma certa harmonia, que perpassa as relações entre professora e alunos. As crianças gostam de estar na classe, o que é confirmado pela observação da fala de uma delas: “ é gostoso estudar, a gente se diverte aqui”. Isso não significa a ausência de tensões, pois há raros momentos em que a professora se irrita ou em que as crianças parecem desinteressadas em fazer algum trabalho, entretanto, os desencontros são superados nesse clima de compromisso mútuo que parece dar sentido ao que ocorre nesse grupo.
  • A autora acredita que o sucesso da pratica nessa sala de aula pode ser explicado não pelas estratégias de ensino utilizadas, mas pelo que ocorre entre professora e alunos e entre os alunos, ou seja, para compreender a prática observada dessa sala de aula, é preciso buscar entender como se constitui esse universo de significados que dá sentido as atividades que ocorrem na aula.
  • Independentemente dessa diversidade enfrentada, é imprescindível a postura da professora, que precisa atribuir um olhar cuidadoso e individual, levando em conta a história de vida de cada criança, e suas capacidades cognitivas, criando um vínculo afetivo, onde professora se interessa e se preocupa com cada um, e os alunos por outro lado, acabam acreditando em seu potencial e se comprometendo com o que é proposto. No próximo tópico, veremos como Luiza, constrói sua visão do “ser professora” e do “ser aluno”

A construção do “ser professor” e do “ser aluno”

  • Aquilo que o professor faz em sala de aula vincula- se as suas concepções de aluno, de professor e de escola. O papel do professor envolve dois aspectos intimamente relacionados.
  • O primeiro aspecto trata-se do compromisso profissional com a aprendizagem dos alunos, ou seja, sua função é garantir essa aprendizagem; quando há dificuldade de uma criança para aprender, se torna um desafio a competência docente do professor, como podemos observar no depoimento abaixo:

Eu acho assim, que se eu estudei para isso, se eu me preparo, se tudo o que faço é apara ensinar, então eu vou deixar¿ (...) para mim é um desafio, mas é um desafio, quando um aluno fala: não aprendi! (...) e a criança aprende, aprende mesmo, porque eu uso todos os meios possíveis pra fazer entender...

  • O segundo aspecto que a autora menciona, refere-se a preocupação que a professora tem no saber como um caráter formativo, ou seja, o importante é contribuir para formar uma pessoa capaz de utilizar o conhecimento como instrumento de participação social. Importante também, é a percepção do aluno como pessoa, cuja sua formação é sua responsabilidade, como podemos observar no depoimento abaixo:

“ O meu objetivo é esse, é passar alguma coisa, o pouco que sei, pros meus alunos, que eu acho que isso me faz bem, eu me sinto muito bem de saber que estou ajudando (..) o que eu mais espero é que eles venham a ser alguém na vida, ser gente, né¿ Que saibam se defender, que saibam discutir um assunto, que saibam enfrentar qualquer situação que venha a surgir... é prepara-los para viver ...

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