Pesquisa em Educação: Buscando Rigor e Qualidade. Cadernos de Pesquisa
Por: MatheusSodr • 9/9/2019 • Resenha • 1.257 Palavras (6 Páginas) • 364 Visualizações
Resenha Crítica[1]
ANDRÉ, Marli. Pesquisa em Educação: Buscando Rigor e Qualidade. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, v. 113, p. 51-64, julho/2001.
Para dar início ao seu trabalho, André traz os questionamentos acerca da pesquisa em educação que segundo a autora “provocaram um intenso debate na reunião de 1991 da Academia Nacional – NAE norte-americana e levaram à formação de um grupo de pesquisa em educação nos Estados Unidos e fazer recomendações para o seu aperfeiçoamento”. (p. 52)
O objetivo da autora em iniciar o texto com as informações de outro país foi segundo ela para demonstrar que mesmo em um país como os EUA que possui longa história no ramo da pesquisa, há interesse em criticar e avaliar o que vem sendo produzido. André ainda enfatiza que essa é uma tarefa coletiva e de longo prazo que deve envolver todos os profissionais da área.
O grupo anteriormente mencionado chegou à conclusão de que para que exista maior qualidade na pesquisa em educação ela deve ser temática nas universidades, internet, escolas e todos os meios que promoverão a propagação da importância de uma “boa” ou “má” pesquisa.
A autora então faz uma pontuação das mudanças que ocorreram no campo da pesquisa nas áreas humanas que é responsável pela reanálise da qualidade dos trabalhos científicos. O primeiro ponto citado por ela é que:
“nos últimos 20 anos, ao mesmo tempo em que se observa um crescimento muito grande no número de pesquisas da área de educação no Brasil, oriundo principalmente da expansão da pós-graduação, observam-se também muitas mudanças, seja nas temáticas e problemas, seja nos referenciais teóricos, seja nas abordagens metodológicas e nos contextos de produção dos trabalhos científicos”. (p. 53)
É fomentado pela autora a ampliação e diversificação dos temas. É tratado ainda a diferença dos trabalhos de pesquisa nos anos 60-70, que se centravam na análise do contexto e os impactos sobre o produto. Nos anos 80 o processo é averiguado. O momento é de analisar o cotidiano escolar e não mais apenas os fatores extraescolares.
Além dos temas os enfoques também se ampliam e se modificam. E para que todas as questões e problemas da área da educação sejam resolvidos “é preciso lançar mão de enfoques multi/inter/transdisciplinares e de tratamentos multidimensionais”. (ANDRÉ, 2001, p.53)
Com as mudanças nos temas e enfoques entre os anos 80 e 90, a abordagens metodológicas também acompanharam essas transformações. Segundo a autora:
“ganham força os estudos chamados “qualitativos”, que englobam um conjunto heterogêneo de perspectivas, de métodos, de técnicas e de análises, compreendendo desde estudos do tipo etnográfico, pesquisa participante, estudos de caso, pesquisa-ação até análises de discurso e de narrativas, estudos de memória, histórias de vida e história oral”. (ANDRÉ, 2001, p. 54).
André ressalta as mudanças no campo do contexto do campo de pesquisa. E mesmo que a maioria continue sendo produzida através dos programas de pós-graduação stricto sensu, as temáticas e os seus desenvolvimentos vêm sendo modificados. Como cita a autora nos anos 60 e 70 as pesquisas tinham foco em laboratório e nos anos 80 e 90 as situações “reais” e o cotidiano escolar eram analisados. Entre as várias mudanças também deve-se observar que o papel do pesquisador, antes um olhar externo às circunstâncias, passa a ser um olhar interno à elas, valorizando assim as suas próprias experiências com o meio pesquisado.
Essas multiplicidades de temas, enfoques, abordagens e contextos nos anos 80, fez surgir um debate acerca dos conflitos de tendências metodológicas, necessitando assim, que os pesquisadores procurassem autores que conceituavam a cientificidade. Já nos anos 90 o foco volta-se para os problemas que surgem das novas abordagens.
O segundo ponto abordado pela autora diz respeito aos questionamentos de diferentes ordens para a pesquisa em educação. A autora destaca três questionamentos e analisa cada um deles. O primeiro refere-se à “criação” de conhecimentos gerais através da pesquisa objetiva e como cada pesquisador lida com ela, pois enquanto uns preocupam-se com os achados, outros preocupam-se com a sua utilidade. O segundo diz respeito ao julgamento da pesquisa. Os critérios para classificá-las são analisados e questionados. Tais questões acerca deste julgamento surgiram no fim do século XIX, momento em que o modelo tradicional de pesquisa foi criticado. As críticas feitas pedem a criação de novos modelos de pesquisa. André (2001) afirma que “a construção desses critérios, tanto os mais gerais, quantos os mais específicos, é uma tarefa coletiva e de longo prazo”.
A autora ainda enfatiza a importância de explicitar os critérios utilizados pelas fundações de apoio à pesquisa científica na avaliação dos trabalhos de pesquisas e as características levadas em conta ao julgar os trabalhos de pós-graduandos nas bancas de dissertação e tese.
Durante analise de André neste questionamento ainda perpassa pela cobrança de um objeto e objetivos bem definidos e claros além da metodologia ter que se adequar a estes objetivos. E ela afirma “a análise deve ser densa, fundamentada, trazendo as evidências ou as provas das afirmações e conclusões. Consideramos que deve ficar evidente o avanço do conhecimento, ou seja, o que cada estudo acrescentou ao já conhecido ou sabido”. (ANDRÉ 2001, p. 59)
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