Preconceito

No enredo do filme o palhaço, podemos  perceber que o personagem principal Benjamin ou palhaço “Pangaré”(Selton Melo)  não se sente feliz, ainda está perdido e seguindo o ritmo e a rotina proposta pelo circo, ele tem um humor natural, faz as pessoas rirem naturalmente, ele faz pedidos reais tenta resolver os problemas do circo mas não consegue êxito, pois os outros acham que ele está fazendo piada.

Na teoria da identidade vocacional,  “ela diz que as pessoas trazem habilidades mais ou menos especificas que podem  ser desenvolvidas ou não e tomar lugar no projeto de futuro da pessoa” e segundo Bohoslavsky(1998),  “a pessoa é senão o que procura ser” e isso ocorre através de uma contínua interação entre fatores internos e externos. No filme, Benjamim é filho de um palhaço, toda infância foi vivida no circo assistindo o pai que também é palhaço se apresentar e fazer muitas pessoas rirem e se divertirem, esse conceito se afirma quando aparece a cena da pequena menina olhando maravilhada a madrasta de Benjamim se apresentando e no final assume seu lugar na mesma apresentação, esse trecho interliga com o tema da orientação vocacional sobre os processos de socialização, aqui Benjamin e a menina se identificam pelo processo primário ou seja as primeiras identificações que formaram a identidade destes foram a partir das identificações com o pai e as pessoas próximas a estes, eles que passaram as primeiras ideias, regras e costumes, os dois internalizam esses ideais e acabam imitando a profissão.

Podemos perceber a influência da família na formação da identidade, houve a identificação que representaram o “querer ser “de Benjamim e da menina e os recursos oferecidos economicamente e culturalmente foram limitantes, pois Benjamin possuía apenas certidão de nascimento, naquele contexto que eles viviam não havia a necessidade de obter outros documentos ou obter outros luxos como um “ventilador”, pode-se perceber uma dependência simbiótica não somente pelo pai, mas também por parte de todos que convivem com Benjamin, este era responsável por resolver todos os problemas do circo, pequenas coisas como conseguir um “soutien” para uma integrante do circo, o clima do circo muda quando Benjamin se decide e vai embora buscando construir sua própria identidade, o pai palhaço perde a graça, ou outros integrantes se sentem perdidos, o ambiente do circo se transforma mostrando as rachaduras que antes existiam e estavam acomodadas. A transmissão de energia grupal da família ou como no caso de Benjamin com a participação de seus companheiros de trabalho e jornada influenciaram  claramente suas tomadas de decisão e escolha profissional.

Benjamim o palhaço pangaré, faz os outros rirem, mas ele mesmo tem um rosto triste, sem sorrisos e parece estar inerte a tudo o que acontece ao seu redor, acompanhando apenas a rotina do circo perdido em suas interrogações e introspecção, sempre calado diz apenas o essencial, até que Benjamin toma uma decisão e resolve ir em busca de seus anseios, apesar que essa escolha é motivada por Ana uma jovem que o conhece no circo e passa seu endereço, nessa nova jornada ele se redescobri, tira sua carteira de identidade, arruma um trabalho assalariado, muda suas vestimentas, seu comportamento é como se ele passasse por um ritual de passagem, ao mesmo tempo que ele vive o luto por abandonar sua antiga profissão, sua escolha simbiótica, ele faz sua escolha profissional, percebendo sua identidade vocacional ele consegue fazer uma escolha realista ligando seus aspectos internos com o externo e faz sua escolha madura, ele vive o luto por outras idealizações, esclarece suas dúvidas, elabora seus conflitos e toma a decisão de voltar para o circo onde percebe que sua vocação profissional pode ser um grande aliado na sua identidade profissional.  

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