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Resenha - A língua de Eulália

Por:   •  19/2/2016  •  Trabalho acadêmico  •  911 Palavras (4 Páginas)  •  604 Visualizações

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BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: novela sociolingüística. 16 ed. São Paulo: Contexto, 2008.

Ingrid da Silva Araújo[1]

Marcos Bagno professor do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília, doutor em filologia e língua portuguesa, autor do livro a língua de Eulália: novela sociolingüística que é constituída de vinte e um capítulos e duzentas e quarenta e duas páginas, foi publicada pela primeira vez pela editora Contexto, em 1997 o qual retrata o preconceito lingüístico, no qual as pessoas são marginalizadas por não falar o português padrão (PNP). Tratando com seriedade os diversos falares sociolingüísticos.

A obra busca estimular uma reflexão crítica: “Eu tive de me segurar para não rir quando ela disse aquelas coisas na mesa – acrescenta Silvia.” (p 14.) ficando ilustrado o preconceito e a ignorância a respeito das variações lingüísticas da língua portuguesa. As universitárias ditas então como “detentoras do conhecimento” subestimaram a inteligência e sabedoria de Eulália discriminado-a pela sua fala. Ficando claro que existem múltiplos saberes e múltiplas inteligências e que o fato de alguém não dominar o português padrão não significa que esse individuo seja menos ou mais inteligente que outro. Pois Eulália dominava a “linguagem” das plantas, culinária e também mostrou dominar sua língua materna, pois como locutora falava e seu interlocutor entedia e vice-versa.

Durante o decorrer da leitura fica claro que Irene dá subsídios para que suas convidadas (universitárias): Vera, Silvia e Emilia encarem de uma maneira nova as variedades lingüísticas. No momento em que Irene passeava pelo jardim de sua casa com suas convidadas começaram a falar sobre Eulália em que Irene demonstrava grande admiração, Eulália foi apresentada por Irene como uma pessoa dotada de uma grande sabedoria. Tais ambientes e personagem favoreceram para que as universitárias pudessem ter um novo olhar sobre as variedades lingüísticas da língua portuguesa.

As discentes enfatizam o modo de Eulália falar, caracterizam como português não padrão (PNP). Porém, Eulália foi alfabetizada após os quarenta anos de idade, fica relevante que apesar de ter sido alfabetizada na escola com o português padrão ela continua usando o não padrão, pois é sua língua materna. É plausível quando um indivíduo consegue retornar a uma sala de aula, em suas particularidades não deve ser assim tão fácil, mas um desafio grande a ser enfrentado.

Tratando de questionamentos a respeito das variedades de uma língua a qual tem recursos lingüísticos eficientes para desempenhar seu trabalho como veiculo de comunicação. O autor apresentou críticas sobre os preconceitos lingüísticos. Pois, a partir do momento que as pessoas saem dos “muros” da ignorância em que a língua não padrão é marginalizada, e deixam de ter preconceito e começam adquirir conceitos de que o português falado dito como “errado” é somente conseqüência de uma rica e extraordinária miscigenação de raças,culturas,etnias etc. as quais passam a ter uma visão multidimensional a respeito da língua informal diante disso começam a respeitar as variações lingüísticas, deixam de serem vistos como marginalizados e passam a ser considerados como socioculturais e a entender que dentro de um país, dentro de uma região podem haver vários falares.

O livro busca explicitar que nós brasileiros não temos uma língua padrão e que temos que sermos poliglotas da nossa própria língua, isto é, nos relacionamos com pessoas com diversos tipos de falares, onde algumas palavras mudam de sentido conforme a sua região, além disso, fatores importantes influenciam na fala: “não sabia que estava dialogando com uma pessoa que usava uma variedade de português diferente da minha.” (p 85).

Segundo Bagno, cultos e letrados podem sofrer influencia de variedades lingüísticas, pois todos os meios de comunicações podem ser agregados ao vocabulário do individuo que interage com os mesmos. A língua é viva e ela mutável, ela evolui conforme o tempo.

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