Resenha: Especialização em Gestão Educacional
Por: Thiago Rodrigues de Almeida • 23/7/2017 • Resenha • 2.013 Palavras (9 Páginas) • 325 Visualizações
RESENHA
DALAROSA, A. A.; RODRIGUES, M. F.; FLACH, S. F.; NADAL, B. G.; GOES, G. T.; SANTOS, S. Especialização em Gestão Educacional. Ponta Grossa, UEPG/NETUAD, 2009.
O presente trabalho, uma resenha da Unidade I: Sociedade, Estado e Educação do Capítulo I: Sociedade, Educação e Escola, escrita por Adair Ângelo Dalarosa e Marli de Fátima Rodrigues, visa trazer uma compreensão do papel da educação como um processo de humanização, possibilitando assim identificar as relações entre concepções de educação e ensino e desenvolvimento econômico e por fim nos chama a analisar o processo de reestruturação produtiva e as mudanças no mundo do trabalho e as implicações para a organização do trabalho pedagógico. Para um maior entendimento os autores organizaram a unidade em 4 seções: 1 – O homem como ser social; 2 – O Trabalho pedagógico e a influência do pensamento economicista na educação; 3 – Reestruturação produtiva, mundo do trabalho e novas exigências de formação; e 4 – Relação homem/conhecimento diante das mudanças no mundo do trabalho.
O Autor dá início ao seu raciocínio dizendo que não é possível entender o homem como indivíduo socialmente sem compreender a organização social na qual ele está inserido, pois, somente assim é possível caracterizar a educação e o processo de sua formação que o faz humano.
Antes de compreendermos essa organização, é necessário apontar que a principal diferença entre o homem e o animal é a sua ação sobre o ambiente natural e social de forma intencional e planejada, enquanto, o outro o faz somente por suas necessidades instintivas. Assim sendo, o homem se difere dos animais pois se possibilita produzir e construir sua própria existência, se relacionando com o meio e com o outro, esse conjunto de ações define seu modo de produção, tal modo determina quem o indivíduo é, pois, sua vida se manifesta através de como e o que ele produz, Marx e Engels (1996, p. 27-28).
Começamos a entender primeiramente que o homem social ele vai se concretizando por meio de sua produção através do trabalho e que a organização social ela é mutável, pois em tempos em tempos as relações sociais de produção variam. O autor afirma que, na sociedade atual capitalista na qual vivemos, os que coordenam (decidem, planejam e gerenciam) e os que administram (executa e produz) são colocados em lados opostos, visando sempre, na concepção desta política, a maior produção do mais-valia, sendo considerado trabalhador mais produtivo aquele que ‘produz demais, recebendo de menos’, assim, o homem e sua força de trabalho foram transformados em mercadoria. Nessa concepção, se fez necessário desenvolver um processo pedagógico com finalidade de preparar o indivíduo, disciplinando-o ao sistema capitalista de trabalho e seus desenvolvimentos, tornando cada vez maior sua produção.
De fato, há um vínculo entre o processo produtivo e o trabalho pedagógico, pois, através da educação, se fará cidadão de ‘bem’, onde valerá cada vez mais o seu conhecimento para sua capacitação no mercado.
Vivendo o trabalhador em um sistema onde não somente a sua força de trabalho é vendida, mas também se vende indiretamente como mercadoria, sua alienação não será o único problema, pois aliena-se também a classe consumidora. É nessa alienação do consumo que o ser cria cada vez mais uma carência pelo poder, poder este de bens, consumo e dinheiro.
Nessas condições apresentadas, acabamos por aceitar que o trabalho dignifica o homem e a educação considerada de qualidade é aquela que melhor prepara o indivíduo para o mercado de trabalho. Assim, o Estado universaliza a vontade da classe dominante e determina a condição de vida da classe dominada. O homem apenas consegue se fazer social através da educação que o humaniza, nascendo assim o cidadão e o trabalhador.
Durante o século XX, a educação passou a ser uma submissão da política capitalista, gerando a ideia do capital humano - a cada porcentagem de instrução, equivale a uma porcentagem de capacidade de produção. Quanto maior é o investimento neste capital, maior e melhor será o resultado deste trabalho, trazendo assim uma redução nas perdas, gera-se no indivíduo uma falsa expectativa, pois sua contribuição não passará de mais-valia.
Frigotto (1993) elucida que o papel da educação durante esses processos é mascarar a acumulação, concentração e centralização do capital pela classe dominadora, assim desenvolveu estudos sobre a raiz do pensamento economicista que identifica duas posições dos intelectuais orientadores desta educação. A primeira diz respeito à educação como mecanismo gerador do conhecimento do ser para sua produtividade, sendo assim, o papel do orientador é designado pelas necessidades da capital. A segunda defende a desvinculação total entre educação e estrutura econômica-social, pois a escola não é capitalista e o capital não precisa dela, esse posicionamento é fundamentado na ideia de que o desenvolvimento capitalista possui autonomia em relação à educação, sendo assim não existe ligação entre produção e escola.
Situando o trabalho na categoria central de relações sociais, Frigotto (1993) deixa claro não defender a escola como um aparato ideológico, mas sim a inserção no movimento geral capitalista, articulando aos interesses do capital. Poderá a escola ser uma ferramenta determinadora de relações sociais de produção, podendo determinar a separação do intelectual e do trabalho.
Finalizando sua ideia, é fato que o trabalho pedagógico é situado em uma linha historicamente descrita e que é através dela que o mercado de trabalho e o crescimento econômico ganharão vantagens posteriormente.
Ao se compreender o papel assumido dentro do processo capitalista, podemos observar as transformações ocorridas durante a reestruturação da produção, efetivadas por novas políticas educacionais no seu processo de formação humana, o acúmulo de capital busca agora um novo padrão associado a um sistema de regulação política e social definido por Harvey (2000) como “acumulação flexível”, essa nasce pelas flexibilidades dos processos de trabalho culminando em um vasto movimento de emprego, novas indústrias e novas áreas outrora subdesenvolvidas.
Com a reestruturação da produção, devido ao atual regime de acumulação, altera-se, segundo Harvey (2000), processos, organizações e ferramentas de trabalho. Não só surgiram as grandes empresas terceirizadas como, com elas, no período que se compreende entre os anos de 1965 a 1973, surgiu também a queda do fordismo (a linhagem de produção em massa), e o keynesianismo (o controle indispensável do Estado na economia).
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