Supervisão Escolar: Avanços de conceitos e processos
Por: Valéria Meneses • 25/1/2017 • Resenha • 1.812 Palavras (8 Páginas) • 3.529 Visualizações
RANGEL, Mary; FREIRE, Wendel (Org.). Supervisão Escolar: avanços de conceitos e processos. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.
Valeria de Meneses Silva[1]
Mary Rangel: Doutora em educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professora Titular de Didática da Universidade Federal Fluminense e Titular da área de Ensino-Aprendizagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Wendel Freire: Mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense, Especialista em Tecnologia Educacional pela Universidade Cândido Mendes e graduado em Letras pela Universidade Estácio de Sá.
O livro “Supervisão Escolar: Avanços de Conceitos e Processos” possui 144 páginas, com um conjunto de estudos divididos em cinco capítulos, que refletem a prática supervisora, organizados pelos autores Mary Rangel e Wendel Freire, que também participam da obra, juntamente outros autores.
No primeiro capítulo da obra, intitulado “Supervisão Pedagógica Ampliada”, de Mary Rangel e Naura Syria Carapeto, trata sobre princípios, conceitos e processos da Supervisão. As autoras iniciam as discussões com duas indagações: A educação, na perspectiva crítica, emancipadora, precisa ou prescinde do supervisor? A prática do currículo e do ensino precisa ou prescinde do supervisor? Na primeira questão, as autoras entendem que a prática da Supervisão se amplia no exercício da “(co) ordenação”, seja porque se distribui, seja porque define, coletivamente, o seu papel educativo e social, sem perder sua especificidade, constituindo uma medida que se caracteriza pelo potencial de influência que atende ao interesse emancipador da ação supervisora, portanto, chegam à conclusão que a educação na perspectiva crítica, libertadora, precisa do supervisor. Em relação à segunda indagação, as escritoras se utilizam de vários pressupostos que retomam a primeira indagação, quanto à questão da especificidade da ação supervisora.
Respaldam a relação entre Currículo e Supervisão, enfatizando que o Currículo envolve todo o trabalho da escola, enquanto a Supervisão é o que tem de comum com todos os serviços pedagógicos e evidenciam que ao mesmo tempo em que a Supervisão é uma função educativa, podendo, portanto, ser exercida por todos os profissionais educadores, tem sua especificidade, que requer uma preparação própria para determinadas ações. Procedem com a importância da formação específica para o exercício da supervisão, que tem como pré-requisito a prática docente, incluindo nessa formação, os fundamentos, os processos, as competências, assim como a visão ampliada de sua ação. Nas perspectivas das escritoras, se é possível entender que as partes específicas do trabalho têm procedimentos comuns, educativos, articulados, “(co) ordenados”, é possível, também, compreender a especificidade e a totalidade da ação supervisora, compreendendo assim, que a prática do currículo e do ensino precisa do supervisor. Ressalvam ainda que suas reflexões não são “verdades absolutas”.
No segundo capítulo, “Ação da Supervisão Educacional e Formação Humana: Interferência no Processo de Emancipação do Homem por Meio da Atuação nos Conselhos de Educação”, as autoras Eloiza Gomes de Oliveira e Rosângela dos Santos Corrêa iniciam apresentando o tema e evidenciando os seis eixos temáticos descritos no Documento-Referência da CONAE (2009, p.8), a partir daí, iniciam suas reflexões a respeito da educação e o supervisor educacional. Prosseguem contando um pouco da história da Supervisão Educacional no Brasil, cujo vínculo desse profissional com a formação do cidadão como um todo e o controle da educação da população, iniciou-se desde as grandes sociedades da humanidade, que antecedem a Revolução Industrial e o surgimento oficial da profissão da Supervisão. Ao longo das décadas, elas ainda explanam as mudanças da função do supervisor para se adaptar as novas mudanças sociais e as conquistas alcançadas por eles, em busca da identidade da profissão.
Ressaltam também, a importância da ação da supervisão educacional nos Conselhos de Educação, onde as autoras se utilizam das ideias de Maria da Glória Gohn (2001, p.106), no qual esta diz que os Conselhos são instrumentos de expressão, representação e participação; além de um potencial de transformação política, no qual viabilizam a atuação de segmentos sociais na formulação de políticas sociais; possibilitando à sociedade o acesso aos espaços onde se tomam as decisões administrativas. E por fim, Eloiza Gomes de Oliveira e Rosângela dos Santos Corrêa afirmam que o supervisor educacional como profissional da educação, tem o dever de possibilitar condições de reformulações de paradigmas, buscando os processos de participação coletiva consciente, crítica, colaborativa e construtiva em um processo mais justo e igualitário.
O terceiro capítulo apresenta os estudos de Marcia Nico Evangelista e Wendel Freire, sobre a “Supervisão e Narrativa no Cotidiano Escolar”. Este tema tem como perspectiva a construção de um olhar critico sobre a realidade das escolas modernas e as possibilidades de novas práticas pedagógicas que o supervisor educacional pode apresentar, para transformar a educação. Conforme os autores, a escola da atualidade perdeu seus fundamentos e o compromisso em formar indivíduos sociais e críticos, o sistema de ensino está a cada dia produzindo sujeitos alienados e carentes de uma existência coletiva, configurando-se hoje, como um espaço individualista, tecnicista, burocrático e não muito igualitário.
Os Movimentos Sociais do século XXI se preocupam com a autonomia dos indivíduos e com isto, buscam ressignificar a escola por meio de um olhar crítico ao cotidiano limitador. Acreditando por sua vez, que ainda há caminhos libertadores para transformar a realidade do âmbito escolar e reacender as esperanças nas experiências coletivas e inovadoras. Tais experiências podem ser narradas e transcritas, contando toda a história política da instituição, dessa forma, o supervisor saberá dos fracassos anteriores e poderá agir conforme as necessidades da escola.
De acordo com as reflexões dos autores, é necessário buscar um caminho instigante para que o corpo docente juntamente com o supervisor recrie novas práticas e renovem a esperança e o crédito na educação. Para isso, é fundamental reinventar a escola, estabelecendo relações mais éticas, além de um processo de aprendizagem por construção e não mais repetição, e também, a valorização do conhecimento de todos enquanto sujeitos do saber. Concebendo especificamente ao supervisor, um olhar mais atento para articular de forma coesa com os gestores da escola e professores, estratégias e ações necessárias a fim de garantir e melhorar o processo de ensino e aprendizagem, possibilitando novas perspectivas de vida e saberes aos educandos.
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