TEORIA VERSUS PRÁTICA NA PRÁTICA EDUCATIVA: A EXPERIÊNCIA DO ALUNO DO CURSO DE PEDAGOGIA NO CAMPO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ENSINO FUNDAMENTAL
Por: Jhon Santos • 22/2/2016 • Artigo • 3.696 Palavras (15 Páginas) • 1.348 Visualizações
TEORIA VERSUS PRÁTICA NA PRÁTICA EDUCATIVA: A experiência do aluno do curso de Pedagogia no campo de Estágio Supervisionado em Ensino Fundamental
Jhon Alefe Abreu dos Santos
Célia Virgulino
RESUMO
O estágio supervisionado em Ensino fundamental traz muitos desafios aos estudantes do curso de pedagogia, pois o confronto teoria versus prática permeia o discurso de muitos professores do ensino fundamental. No campo do estágio é que o aluno vai se deparar com a realidade dos alunos e com a prática educativa. Utilizando no referencial teórico Freire e Saviani e fazendo uma análise na legislação existente, este trabalho tem por objetivo evidenciar a tarefa do estagiário em campo de estágio frente aos problemas ocorrentes.
INTRODUÇÃO
O tema deste artigo foi escolhido, pois grandes foram as dificuldades encontradas na Escola (Em virtude de ser um trabalho científico, manteremos a identidade dos sujeitos descritos no artigo de forma velada, utilizando pseudônimos) Estadual de Ensino fundamental Governador Almir Gabriel.
Este tema, por ser uma das maiores dificuldades para os acadêmicos de qualquer área, é muito relevante, pois o estagiário em campo se encontra em situações em que esta dicotomia teoria versus prática separa incrivelmente os dois termos, um do outro.
Dentro de sala de aula, em observação e na intervenção, pude perceber muitas coisas na prática dos professores da Escola Almir Gabriel. Pude perceber que muitos deles já não conseguem planejar uma aula com novidades e que sempre utilizam os métodos tradicionais como uso do quadro branco para a cópia e a verificação da cópia no caderno como ponto avaliativo para acumulação de nota bimestral. Essa realidade confrontou os estagiários, pois cheios de ideias prontas para serem aplicadas em ações educativas, encontramos uma situação desafiadora no campo do estágio: a mais pura pedagogia bancária, termo usado por Paulo Freire para nomear a pedagogia dos conteúdos que não usa o diálogo como forma de construir o conhecimento.
O estudo em questão teve como fundamentação teórica o discurso freireano sobre Educação bancária, sobre diálogo e sobre ensinar sem transferir conhecimento e sim construí-lo com os educandos. Este trabalho fundamenta-se também na legislação e em Saviani e seu discurso sobre teria e prática.
Este estudo compõe-se por uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório e de natureza qualitativa, objetivando alcançar respostas às questões norteadoras como: Como um profissional da educação em formação pode conduzir sua aula confrontando seus conhecimentos com uma prática pedagógica bancária? Este estudo ainda busca responder os objetivos:
• Analisar o contexto da escola onde o educando é inserido;
• Constatar a contribuição do professor no processo ensino-aprendizagem quando ele deixa de falar e começa a ouvir os alunos.
DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
CARACTERIZANDO PRÁTICA NO ESTÁGIO SEGUNDO A LEGISLAÇÃO
O Estágio Supervisionado é considerado muitas vezes como pólo prático dos cursos de formação de professores. Ao longo da história da formação de professores no Brasil, o termo Prática de Ensino foi largamente utilizado para denominar os exercícios práticos de ensino desde o início da Escola Normal. Existe assim a tradição de denominar “prática” a atividade, ação prática realizada pelos alunos. Mesmo com o surgimento do termo Estágio, a palavra “prática” continuou utilizada em algumas situações como sinônimo de Estágio e em outras para designar a atividade prática diferente da atividade teórica.
Depois dapromulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB 9394/96, foram propostos muitos esclarecimentos para os termos “prática de ensino”, “prática”, “estágio supervisionado” “teoria”. Essa compreensão ou diferenciação tornou-se fundamental visto cada um deles tem sua representatividade no universo curricular. Segundo a LDB:
Art. 61. A formação de profissionais da educação de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos:
I - a associação entre teorias e práticas inclusive mediante a capacitação em serviço;
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.
(LEI 9394/96, grifo meu).
Teorias e práticas de ensino, foram utilizados na LDB de forma a diferenciar algo de outra coisa. Com o objetivo de esclarecer o sentido, a Resolução CNE/CP Nº. 2, 2002 estabelece que:
Art. 1º. A carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível Superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, será efetivada mediante a integralização de, no mínimo, 2800 (duas mil e oitocentas) horas nas quais a articulação teoria-prática garanta, nos termos dos seus projetos pedagógicos, as seguintes dimensões dos componentes comuns:
I- 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular, vivenciadas ao longo do curso;
II- 400 (quatrocentas) horas de estágio curricular supervisionado a partir do início da segunda metade do curso;
(RESOLUÇÃO CNE/CP Nº. 2, 2002, grifo meu).
Uma concepção de prática mais como componente curricular implica vê-la como uma dimensão do conhecimento que tanto está presente nos cursos de formação, nos momentos em que se trabalha na reflexão sobre a atividade profissional, como durante o estágio, nos momentos em que se exercita a atividade profissional.
(PARECER CNE/CP Nº. 9/2001, p.23, grifo meu).
De acordo com o Parecer CNE/CP Nº. 9/2001, é necessário entender a prática como dimensão do conhecimento. Ela extrapola os limites da experiência, pois, não está ligada exclusivamente a atividade, mas, à dimensão do conhecimento. No Parecer CNE/CP Nº. 9/2001, item 3.6, encontramos a afirmação:
Assim, a prática na matriz curricular dos cursos de formação não pode ficar reduzida a um espaço isolado, que a reduza ao estágio como algo fechado em si mesmo e desarticulado
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