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A Construção dos Papéis Parentais em Casais Homoafetivos Adotantes.

Por:   •  8/6/2017  •  Resenha  •  1.266 Palavras (6 Páginas)  •  369 Visualizações

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ROSA, Jéssica Moraes; MELO, Anna Karynne; BORIS, Georges Daniel Janja Bloc; SANTOS, Manoel Antônio dos. A Construção dos Papéis Parentais em Casais Homoafetivos Adotantes. Psicologia: Ciência e Profissão. Brasília, Mar 2016, Volume 36, Nº 1, páginas 210 – 223. Versão impressa ISSN 1414-9893. Versão Online ISSN 1982-3703.

Resenhado por: Dayara Morais Farias e Matheus Augusto dos Reis Rodrigues

O artigo em questão tem como objetivo a compreensão de como se dá a construção do papel parental em casais homoafetivos adotantes, levando em consideração o contexto singular da adoção e suas implicações psicológicas, sociais e legais. Através de entrevistas, um casal que se encontrava em união homoafetiva e que adotaram legalmente uma criança foi submetido a um estudo descritivo e exploratório, através de entrevistas semiestruturadas, abordando questões direcionadas à investigação do desejo de ter filhos os trâmites legais da adoção e a transição para a parentalidade. Alguns dos temas que surgiram no estudo foram a tomada da decisão de adotar, as próprias narrativas da adoção, o aprendizado do papel de pais e a organização da nova rotina doméstica. Como resultado, ficou evidenciado que os papéis parentais tendem a ser incorporados e exercidos de formas peculiares nas famílias homoafetivas constituídas pela via da adoção (p.210).

Através das inúmeras transformações culturais e estruturais sofridas na sociedade, o conceito de família vem mudando ao longo do tempo. Atualmente a definição de família não se restringe mais à normatividade social que sempre foi imposta, pois todos os padrões tradicionais vem sendo aos poucos expandidos e diferentes configurações familiares são consideradas legítimas. Dentre as inúmeras definições de família, a homoafetividade vem sendo motivo de discussão e divisão de opiniões na atualidade, uma vez que este arranjo familiar foge dos estereótipos impostos e exigidos desde a antiguidade. Este tipo de união familiar obtém cada vez mais um espaço crescente nos embates sociais, sempre com foco na luta por direitos e igualdade aos homossexuais na possibilidade de construção de família. Uma das conquistas destas lutas foi o direito à união estável concedido pelo Supremo Tribunal Federal, no ano de 2011. Com a decisão, a contribuição não foi apenas legal, o que já seria uma conquista importante, mas também auxiliou na possibilidade de obtenção de uma base sólida de discussão para a expansão do conceito de família, possibilitando que os parceiros adquirissem direitos e deveres legais perante a sua união, e a legitimidade dessas uniões reafirmou o desejo de constituição de família a partir do reconhecimento legal e social.

Na busca pelo objetivo traçado, os autores buscaram compreender como se dá a construção dos papéis parentais em casais homoafetivos adotantes, apresentar e descrever historicamente as modificações das estruturas familiares e como reconhecer o percurso histórico e conceitual da homossexualidade à homoafetividade, enfatizando as diferenças entre gênero, sexo e sexualidade que, com suas características próprias, influenciaram as representações da homossexualidade. Em contrapartida, é necessário entender que entende-se por papel parental as descrições, percepções e atitudes com relação ao papel social, psicológico, comportamental ou emocional dos pais (p.211-12).

A definição de gênero vai muito além do masculino e feminino, definidos apenas de maneira biológica ou sexual. As relações sociais distinguem estes gêneros no plano sociocultural, pois são nelas que construímos as distinções nos papéis atribuídos a cada gênero. De maneira predefinida, somos destinados a cumprir papéis tradicionalmente impostos já no nosso nascimento, e estes determinam nossas ações nas relações. Inicialmente, e fortemente impostos pela cultura, o julgamento e definição de gênero são exclusivamente efetuados com base nas características biológicas, o que direciona diretamente o indivíduo à uma determinada maneira de ser, definindo o modo como deve se relacionar e se comportar afetivamente. Diferentemente do que grande parte da sociedade pensa, embasada no senso comum, a noção de gênero se distingue completamente de sexo, visto que esta vai muito além da prática sexual ou domínio dos aspectos biológicos. O gênero está diretamente ligado à auto-identificação e a maneira como o indivíduo se relaciona e se identifica com o corpo que nasceu.

Após a compreensão de onde se distinguem a sexualidade e a noção de gênero, os autores efetuam uma reflexão geral sobre a adoção por casais homoafetivos. Ressaltam que, ainda que a busca seja crescente, os estudos voltados para o tema no Brasil são escassos, e que isso, provavelmente, se deve ao tabu que ainda ronda a temática, mesmo diante de tantas mudanças sociais e culturais ocorridas na atualidade, principalmente no âmbito familiar (p.213).

No estudo foram incluídos dois participantes, sendo uma mulher de 56 anos, que provinha de um casal constituído

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