A Cultura do estupro
Por: B C. • 10/4/2018 • Resenha • 1.510 Palavras (7 Páginas) • 229 Visualizações
Introdução
Atualmente está em evidência o debate público sobre a cultura do estupro, o mecanismo de aceitação e replicação de conceitos que normalizam o estupro com base em construções sociais sobre gênero e sexualidade. Relatos antigos e a dispersão do abuso sexual em todo o mundo, são os principais embasamentos para tais pensamentos.
A cultura do estupro é um fenômeno complexo e apresenta diversas faces, sendo uma das mais devastadoras a desumanização da mulher e objetificação de seu corpo, principalmente por ter no agressor pessoas de grande proximidades como pais, padrastos, namorados e amigos e também por o ato acontecer diversas vezes no lar, lugar que deveria abrigar e proteger, o local da agressão muitas vezes diária e constante que transforma o ambiente em local opressor e instável e as formas de se propagar o abuso sexual são diversas, podendo ser da ordem física, psicológica, negligência e sexual.
Ato libidinoso é um a qualquer ação que tem como objetivo a satisfação sexual identificado por sociólogos, antropólogos e ativistas e reconhecido pelas mulheres para quem a ameaça aparece como um medo recorrente. Tais comportamentos remetem a histórica relação de subjugo homem/mulher que perpetuam até os dias atuais.
Sendo assim e de fundamental importância que todos os pontos relacionados a este complexo fenômeno possam ser avaliados e analisados na busca de sua ampla compreensão, para que compreendido tal fenômeno e suas implicações, soluções possam ser sugeridas para que junto às conquistas com as quais a mulher já dispõe, seja acrescido possibilidades no sentido de que os índices de abuso contra a mulher diminuam, possibilitando melhoria na vida social da mulher.
Para a realização deste artigo foram consultados diversos autores das mais variadas ciências em livros, artigos, revistas que embasaram os conceitos e conclusões aqui mencionadas. Para isso, faz-se necessário um aprofundamento sobre o tema, a fim de compreender melhor o assédio sexual e todo o contexto no qual se encontra inserido.
REFERENCIAL TEÓRICO
O desenvolvimento da humanidade e sua modernização permitiu que práticas sociais anteriormente aceitáveis em meio à vivência cotidiana passassem a ser considerada violência uma vez que novos ideais foram propostos entre os homens o direito e a liberdade de expressão. Mesmo que diretamente esse pensamento nunca tenha sido ensinado, aprende-se que desde cedo a mulher foi feita para servir e o homem para ser servido.
Segundo Santos (2015, p.11), no período escravocrata o abuso sexual já era arraigado onde à mulher negra era colocada em condições desfavoráveis para servir aos seus senhores. Nesse período compreendido como colonial, não restava a mulher, principalmente negra, opções outras a não ser o sofrer calada e a aceitar a violência sem reagir, pois nunca sabia como os homens iam se dar com a rejeição. Uma vez que naquele momento específico de tamanha opressão feminina, pensar em outras perspectivas, como direitos e condições de vida social não poderiam povoar si quer o imaginário destas mulheres.
Na década de 70 a violência contra a mulher no âmbito do lar começou a se tornar notória, através de movimentos feministas e organizações em todo o mundo que pleiteavam direitos as mulheres. Neste contexto que surgiram abrigos à mulheres que sofreram, tornando os abusos um problema social digno da atenção em todo o mundo.
A experiência de tentar superar a desigualdade social existente entre homens e mulheres é algo recente na história, somente no século 19 na década de 70 que surgiu a palavra “estuprador” e a expressão “cultura do estupro”.
O movimento feminista ocidental aparece no final do século XIX e XX fazendo parte da atitude contra a cultura do estupro, no Brasil faz apenas uma década que iniciou as discussões sobre o assunto. No código civil de 1916, onde o homem era o chefe da família e a mulher considerada incapaz. Em 1979, deu inicio ao debate da chance de o marido ser responsabilizado pelo estupro da esposa, tendo em vista que os conceitos passados até o momento, o qual foi passado de geração para geração, escolhida pelo patriarca, é da mulher ser submissa, ser de propriedade do homem e servir sexualmente.
Como conquista do movimento feminista de 1970 e 1980 , em 1988, a constituição foi modificada, dando a mulher igualdade das funções em âmbito familiar. Somente em 2009 as leis em relação ao estupro foram alteradas para se tornar um crime contra a mulher.Com a lei n°12.015, de 7 de agosto de 2009 o estupro é um crime contra a dignidade e liberdade sexual da vítima.
A cultura do estupro ficou mais “famosa” depois que os grupos humilhados começaram a usar as redes sociais para se expressar.
A vulgarização do estupro, por vez é naturalizado pela sociedade não trazendo espanto e nem indignação, cada vez esta mais fortalecida a cultura pelas concepções de ira que se mistura entre os grupos atingidos.
É fácil observar a aversão pelas mulheres onde em discursos culpam as mulheres sugerindo que o lugar dela é longe de espaços públicos.
A cultura de estrupo de caracteriza quando a sociedade ensina a uma mulher que o lugar dela é dentro de casa cuidando dos filhos do marido, servindo a sua família, não sendo assim a mulher que está “procurando” o estuprador, sabemos que esta ideia é totalmente falsa, sendo que a maioria dos estupros são feitos por parentes, namorados, conhecidos da vitima, maioria dos agressores estão dentro de casa.
Outra ideia é que a mulher tem que se prevenir para não ser estuprada, não pode usar roupa curta, pois o homem é tratado como um ser irracional, sendo incapaz de segurar seu próprio extinto, sabe-se que o ato de estuprar é algo que foi fortalecido pela sociedade baseando no poder do homem sobre a mulher.
A mulher é abordada por homens rotineiramente. Isso ocorre nas ruas, no trabalho, na escola, no transporte público em casa etc. O problema está na subjetividade desse conjunto de condutas e na maneira como a sociedade responde a essa ideologia.
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