A Desordem emocional
Por: Tatiana Arantes • 15/11/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 2.853 Palavras (12 Páginas) • 351 Visualizações
Título: Falando sobre depressão: a desordem emocional
Título curto:
Autoras: Andréa Pereira Pinto
Tatiana Gomes Arantes
Maria Eugênia Corrêa Rabêlo
Resumo
O presente estudo visa conhecer sobre a doença hoje denominada depressão. Para isto foi feito um estudo histórico mundial, no Brasil e a perspectiva de trabalho de um profissional para que possa lidar com a presente doença, de forma a vir a conhecer o processo que ocorreu desde os primeiros sintomas tratados como melancolia e tristeza até os dias atuais em pleno século XXI, onde se tem tanto desenvolvimento cientifico, tecnológico para lidar com as questões de saúde. Entendemos ser extremamente importante a qualificação do profissional para que possa fazer um diagnóstico assertivo pois, conhecendo o processo, a pessoa qualificada terá habilidades para perceber o que está implícito no paciente, uma vez que a depressão pode não ser demonstrada ou percebida, dessa forma, poderá analisá-lo para decidir a melhor forma de tratamento, posicionando-se com consciência e clareza acerca do assunto.
Palavras chave: depressão, melancolia, psicólogo
Introdução
Considerado o pai da medicina, Hipócrates, no século 4 a. C. foi quem juntou duas palavras: mêlas=negro e kholê=bile e formou a palavra Melankholia, que significa “bile negra”. “Se a tristeza e a angústia não passam, o estado é melancólico”, “disse Hipócrates em seus Aforismas. A partir do século XVIII começou o interesse pelas doenças mentais. A melancolia era tratada como um tipo de loucura. Philippe Pinel (1745-1826) foi um dos mais notáveis estudiosos sobre o assunto. Em 1915, Freud comparou a melancolia ao luto. Segundo ele
”ambos provocam uma depressa dolorosa, uma suspensão do interesse pelo mundo exterior, a perda da capacidade de amar e a inibição de toda a atividade. A diferença seria que, enquanto o luto é a dor pela perda de alguém ou algo, o melancólico se ressente da perda do “eu”, o que também traria uma diminuição da auto-estima” (Ferreira, Gonçalves e Mendes, 2014).
A melancolia era considerada um afastamento de tudo o que era sagrada, e Santo Agostinho, colocou que “o que separava o homem dos animais era o dom da razão. Portanto, a perda da razão era um desfavor de Deus, a punição era por ser uma alma pecadora. No século V, foi denominado o demônio do meio dia, por perdurar todo o dia, uma visão de que o pecado perturbava dia e noite.
Séculos XV a XIX, o Iluminismo, Renascimento e Romantismo, foi uma época de muitas reflexões na Europa. Segundo Gonçalves e Machado, (2007)
“Marsílio Ficino, na Itália, foi o filósofo que mais discutiu a depressão, supondo que a melancolia, presente em todos os homens, era a manifestação do anseio humano pelo grande e o eterno. Dizia que todo gênio é um melancólico. Já os pensadores ingleses continuaram, por um tempo, a acreditar que a melancolia vinha das relações com anjos maus ou das suas intromissões, porém as pessoas afligidas pelo mal não eram responsáveis por essas intromissões. ”
No final do século XVI e ao longo do século XVII, a melancolia tornara-se uma aflição comum que podia ser prazerosa ou desprazerosa. No final do século XVII e início do século XVIII, com o desenvolvimento cientifico, muda novamente a visão sobre a doença Rene Descartes, final do século XVIII, questiona
“O reconhecimento da dicotomia entre corpo e mente (dualismo cartesiano) vai causar uma enorme mudança no arcabouço da depressão. A mente, distinta do cérebro, apresenta dúvidas, interpretações duvidosas e inconsistências, mas não doença. A doença é um aspecto físico7. É nessa época que começam os questionamentos que muitos ainda fazem. A mente influencia o corpo ou é o corpo que influencia a mente? A depressão é um desequilíbrio químico ou uma fraqueza humana? ” (Ferreira, Gonçalves e Mendes, 2014).
O século XIX, ficou conhecido como século dos manicômios, pois dos doentes eram internados e lá deixados, foi nesse cenário que a psiquiatria começa.
No século XX, houve a consolidação da psiquiatria e as discussões sobre o tema continua, porém com uma perspectiva de mudanças no tratamento, os movimentos sociais e comunitários visaram um contexto mais humanizado a esses pacientes, ocorre também avanços no eixo de medicamentos, anatomia, psicopatologia, o favorece um desencaminhamento mais favorável a medicina e aos pacientes.
Segundo Gonçalves e Machado (2007), o avanço na medicina, das técnicas no século XX e início do século XXI, são fatores determinantes para surgimento de novas formas de se vê a doença e também de trata-la. A preocupação é grande com diagnostico que não são feitos corretamente e dessa forma o tratamento não se torna eficaz.
Histórico da depressão no mundo e no Brasil
Apontada como a principal causadora de problemas de saúde e incapacidade, a depressão atinge mais de 300 milhões de pessoas no mundo, um significativo aumento entre 2005 e 2015 de mais de 18% de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2017).
O termo depressão foi usado pela primeira vez em 1680 para se referir ao desânimo e incorporado ao dicionário em 1750 por Samuel Johnson, insurgindo devido à queda de crenças supersticiosas onde baseavam o entendimento dos transtornos mentais até então (Souza & Lacerda, 2013). Entretanto, de acordo com Gonçales e Machado (2007), em meados do século XIX, esse termo foi adotado pelo uso comum, fazendo assim, valer a pena conhecer e entender sua história.
Assim que surgiu a psicologia, surgiu consigo novas maneiras de olhar a depressão, uma delas é a psicanálise, com Freud inicialmente, mostrando que os fenômenos depressivos não são do organismo, como dizia a psiquiatria, mas sim do sujeito. Em seu texto de 1915, Freud, usou o termo melancolia para descrever um quadro psicótico que fazia menção aos problemas específicos desse campo, já dito anteriormente pela psiquiatria, mantendo-se fiel ao termo clássico por entendê-lo de outra forma (Rodrigues, 2000).
A forma como se via a depressão era uma tristeza do espirito que se fixava naquela melancolia, sem febre. Era considerada de forma muito parecida como se vê hoje, os sintomas são os mesmos, perda de sono, perda de apetite, isolamento, desejo de morte. E também já se pontuava os tratamentos de forma bem parecida com o que sugestionado na atualidade, como pratica de atividade física. As mulheres que apresentavam os sintomas eram muitas vezes submetidas a sangrias e evacuações, pois percebiam que havia uma certa melhora após o período menstrual, fato que hoje sabemos ser hormonal (Ferreira et al., 2014).
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