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A Morte - Luto Infantil

Por:   •  19/6/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.709 Palavras (7 Páginas)  •  407 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

VICTÓRIA SIMIONATO RAMOS

LUTO INFANTIL

Rio das Ostras

2015

LUTO INFANTIL

Victória Simionato Ramos[1]

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RESUMO

A morte e seus mistérios sempre foram assuntos pouco comentados no dia a dia das pessoas. Mas ignorar este assunto pode acarretar problemas futuros tanto para os adultos quanto para as crianças. Este artigo visa compreender o impacto da morte de um ente próximo na vida de uma criança, como elas poderão se sentir e como os adultos deveriam saber entender melhor estes casos.  Veremos que cada criança lidará com isso de uma forma, mas a maneira como esta deve receber a noticia da morte e como o adulto deve agir com ela após isso, acabam podendo seguir um pequeno padrão, visando diminuir os impactos da perda nesta criança.

Palavras-chave: Luto. Infantil. Perda.

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ABSTRACT

The death and its mysteries have always been matters poorly discussed in the daily lives of people. But ignoring this issue may lead to future problems both for adults and for children. This article aims to understand the impact of the death of a close relative in the life of a child, how they may feel and how adults should know how to better understand these cases. We will see that each child will deal with this in a way, but the way they should receive the news of death and how the adult must act after that, can end up following a small standard, in order to reduce the impacts of loss on this child.

Keywords: Mourning. Children. Loss.

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A morte é um assunto extremamente delicado na sociedade. Cercada de seus mistérios, afasta as pessoas de quererem conhecer um pouco mais sobre ela pelo medo de se lidar com o que não conhecemos, ou com o que nos assusta pelo pouco que conhecemos. Somente a partir dos anos 50/60 este assunto começou a ser estudado e desde então vem sofrendo influências históricas e culturais até chegar ao que conhecemos sobre ele nos dias de hoje. Mas, independente do que é a morte, conhecemos bem algo que fica após ela: o luto[2].

Exatamente pelos motivos citados acima, pode ser extremamente complicado o fato de termos que lidar com o luto, porque escolhemos, dia após dia, não nos prepararmos para a morte.

Se para um adulto, lidar com a morte e o luto já é tão complicado, quão mais não seria para uma criança? Na verdade, pensar que a criança não entende o que acontece com aqueles que morrem é algo errado. Segundo Torres (1979, apud KOVÁCS, 2008, p. 52 e 53), que fez uma pesquisa com 183 crianças de 4 a 13 anos, as crianças desenvolvem o conceito de morte juntamente com o desenvolvimento cognitivo de Piaget e isso pode ser melhor explicado abaixo:

a) Período pré-operacional (2 a 7 anos): As crianças não fazem distinção entre seres animados e inanimados. Não conseguem perceber a gravidade que existe na morte e o quanto aquilo é irreversível. Geralmente, ao saberem da perda de um ou dos dois genitores, a primeira preocupação da criança é saber quem irá fazer as coisas que aquela pessoa fazia, como levar ela à escola, por exemplo, e isso muitas vezes é visto pelos adultos como insensibilidade. Nesta etapa, existe uma forte tendência de personificação da morte, como se esta fosse alguém que viesse para buscar o ente querido que faleceu.

b) Período das operações-concretas (7 a 11 anos): As crianças já distinguem seres animados e inanimados e também já conseguem entender a irreversibilidade que existe na morte, contudo, não dão respostas lógico-categoriais de causalidade da morte.

c) Período das operações-formais (a partir dos 12 anos): As crianças, nesta fase, reconhecem a morte como um processo interno, implicando em parada de corpo e também como algo inevitável, que irá acontecer inclusive a ela mesma.

A verdade é que existem muitos fatores que vão fazer com que esta criança lide melhor ou pior com a morte e o luto.  Um desses fatores é que as crianças irão reagir à morte de acordo com a sua criação e principalmente com o fato de já ter tido uma ou mais perdas antes, seja de um outro parente, um animal, ou até mesmo algum objeto que ela goste muito. E é exatamente por isso que privar as crianças de perdas até poderá livrá-las momentaneamente daquele sofrimento, mas poderá prejudicá-las e muito com relação às perdas futuras; Um outro fator pode ser a forma como esta criança recebe a notícia da perda.

O processo de luto se dará diferentemente para cada caso, mas, o que se sabe é que, o modo como os adultos que cercam a criança lidam com a morte, influenciará fortemente o modo como esta criança lidará. Muitas vezes, por estarem despreparados e por não quererem aproximação com este assunto cheio de mistérios, os adultos consideram as crianças também despreparadas para este tipo de perda, o que na verdade dependerá muito mais da forma como eles próprios lidam.

A questão da origem da vida e da morte está presente na criança, principalmente no que concerne à separação definitiva do corpo. Ela tem uma aguda capacidade de observação e quando o adulto tenta evitar falar sobre o tema da morte com ela, a sua reação pode ser a manifestação de sintomas. Ao não falar, o adulto crê estar protegendo a criança, como se essa proteção aliviasse a do e mudasse magicamente a realidade. O que ocorre é que a criança se sente confusa e desamparada sem ter com quem conversar. (KOVÁCS, 2008, p. 49)

Após a morte, o luto se instaura, e com ele, vem o sentimento de desamparo. A criança sente um profundo sentimento de ameaça em sua sobrevivência, não só pela perda de um dos genitores, mas também, porque o genitor sobrevivente poderá estar muito abalado com a morte, no caso de perda de apenas um dos pais.

A viúva que cuida dos filhos provavelmente estará ao mesmo tempo triste e angustiada. Preocupada com suas mágoas e os problemas práticos que enfrenta, não lhe será fácil dedicar aos filos o mesmo tempo que lhes reservava antes, e facilmente se tornará impaciente e nervosa quando eles exigirem sua atenção e corarem por não a conseguir. (BOWLBY, 2004, p. 335)

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