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O Luto Infantil

Por:   •  19/5/2022  •  Trabalho acadêmico  •  5.938 Palavras (24 Páginas)  •  130 Visualizações

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A Terapia Cognitivo Comportamental e Sua Contribuição no Luto Infantil: Um Modelo De Intervenção

Joyce Miriam Nery Ventura1

Tamires Monteiro Batista da Costa2

Ilana Figueiredo Brandão3

RESUMO

Passar por uma situação de luto não é nada fácil. Cada pessoa lida de forma diferente com esse momento de perda, muita tristeza e sofrimento. A Terapia Cognitivo Comportamental pode ajudar muito, também, nesse tipo de situação, acolhendo o enlutado e oferecendo suporte e estratégias para o enfrentamento e a superação do luto. A perda de um ente querido, especialmente de um dos genitores, gera um sentimento que é difícil de superar. Assim como acontece com os adultos, algumas crianças podem ter dificuldade em entender e aceitar a morte, vivenciando o luto de forma doentia. Diante do exposto, foram sugeridos alguns pontos essenciais da Terapia Cognitivo Comportamental, pois acredita-se que ela tende a ter uma importante contribuição no que se refere ao manejo do luto. Este estudo tem como objetivo apresentar um caso clínico e um modelo de tratamento para o luto infantil, identificando os traumas sofridos, as emoções e os sentimentos com uma criança de 07 anos que está vivenciando o luto.

PALAVRA – CHAVE: Luto, infantil, Terapia Cognitivo Comportamental

ABSTRACT

Going through a grieving situation is not easy. Each person in a different way with this moment of loss, a lot of sadness and suffering. A Cognitive Behavioral Therapy can help a lot, too, in this type of situation, receiving or providing support and strategies and support for coping and overcoming grief. The loss of a loved one, especially one of the parents, creates a feeling that is difficult to overcome. As with adults, some children may have difficulty understanding and accepting death, experience or self-awareness. In view of the above, some essential points of Cognitive-Behavioral Therapy have been suggested, as he believes that it will have an important contribution with regard to the management of grief. This study aims to present a clinical case and a treatment model for the infant baby, identifying the traumas suffered, such as emotions and feelings with a 07 year old child who is experiencing grief.

KEYWORDS: Mourning, children, Cognitive Behavioral Therapy        

INTRODUÇÃO

A Terapia Cognitivo Comportamental ou TCC entende a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos como aquilo que nos afeta, e não os acontecimentos em si. Ou seja: é a forma como cada pessoa vê, sente e pensa com relação à uma situação que causa desconforto, dor, incômodo, tristeza ou qualquer outra sensação negativa.

Essa abordagem é bastante específica, clara e direta. É utilizada para tratar diversos transtornos mentais de forma eficiente. Seu objetivo principal é identificar padrões de comportamento, pensamento, crenças e hábitos que estão na origem dos problemas, indicando, a partir disso, técnicas para alterar essas percepções de forma positiva, alcançando assim o alívio ou a remissão total dos sintomas. Neufeld e Cavenage (apud A. Beck, 1993).

A TCC se destina tanto ao tratamento dos diferentes transtornos psicológicos e emocionais como a depressão, ansiedade, transtornos psicossomáticos, transtornos alimentares, fobias, traumas, dependência química, entre outros. Além disso, a Terapia Cognitivo Comportamental auxilia nas diversas questões que envolvem nossa vida como um todo, como: dificuldades nos relacionamentos, escolhas profissionais, separações, perdas, estresse, dificuldades de aprendizagem, desenvolvimento pessoal, luto, e muitos outros.

Passar por uma situação de luto não é nada fácil. Cada pessoa lida de forma diferente com esse momento de perda, muita tristeza e sofrimento. A Terapia Cognitivo Comportamental pode ajudar muito, também, nesse tipo de situação, acolhendo o enlutado e oferecendo suporte e estratégias para o enfrentamento e a superação do luto.

Para entender o luto, necessário se faz compreender as concepções sobre a morte. Em um tempo a morte era algo natural da vida. Era tida no âmbito familiar, por meio de cerimônia pública e sua causa era atribuída a um ser divino, com a ideia de paraíso, inferno e ressurreição. Por causa de mudanças socioculturais, a morte passou a ser vista como um tabu. Mas com o passar dos séculos houve a ruptura entre morte e religião, onde a ciência veio para explicar as doenças e a causa da morte, trazendo consigo o desenvolvimento tecnológico, novas técnicas e medicamentos, passando a adiar a morte.

De acordo com J. Beck (1997), as crenças centrais ou nucleares são desenvolvidas na infância através das interações do indivíduo com outras pessoas significativas e da vivência de muitas situações que fortaleçam essa ideia. Segundo Knapp 2009, as crenças são interpretações que um indivíduo faz de si mesmo, do outro e do mundo.

No que diz respeito a perda, serão ativadas e processadas pelo entendimento que a pessoa tem sobre a morte, isso depende do estilo de enfrentamento e dos padrões aprendidos desde a infância. As implicações frente à morte podem tornar o indivíduo incapaz de reorganizar sua vida, no contexto social e familiar.

Partindo da teoria da TCC, da ideia de que ao longo de nossas vidas são construídas e adquiridas cognições sobre si mesmo, sobre o mundo e sobre o futuro, quase sempre as pessoas tendem a fazer interpretações errôneas acerca das situações. Através dessas interpretações, que são pensamentos distorcidos, aparecem os sofrimentos emocionais, físicos e psicológicos e, conforme os autores Dattilio e Freeman (2004), dentre os eventos ameaçadores e críticos, situações de crise e situações da perda de um ente querido podem ser situações ativadoras dessas crenças disfuncionais.

O significado da morte varia muito de cultura, religião e credo e o tipo de morte. Uma perda por uma doença degenerativa, por exemplo, torna o luto um pouco mais fácil, a pessoa vai se preparando para esse momento, já uma morte repentina é mais difícil e complexo, o que pode gerar problemas psicológicos como ansiedade e depressão.

Os adultos dispõem de experiências, o que faz com que passem pela perda com maior segurança. Eles descobrem várias maneiras de enfrentar o sofrimento e a perda. Esse não é o caso das crianças, elas não possuem este referencial. São simplesmente tomadas de surpresa pela morte de um ente querido - muitas tantas vezes, o pai ou a mãe - e não sabem o que é a morte, nem, por consequência, como lidar com ela.

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