A PSICOLOGIA EM INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS
Por: Sessy25barbosa • 29/3/2016 • Trabalho acadêmico • 2.453 Palavras (10 Páginas) • 403 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um breve histórico do desenvolvimento da Psicologia em instituições educacionais no Brasil, e sua construção como ciência autônoma, para a qual o campo da Educação traz significativas contribuições. Verifica-se o modo crescente como a Psicologia conquistou espaços importantes na área da Educação, perpassando diferentes vieses filosóficos na concepção da construção do conhecimento, concernentes à própria definição de ciência ao longo do tempo. Neste sentido, pode-se dizer que a Psicologia desenvolve-se juntamente com o desenvolvimento do pensamento científico, que reverbera o acoplamento de novos valores na compreensão do mundo e do homem em relação, nele, e com ele.
O desenvolvimento da Psicologia em instituições educacionais no Brasil é marcado por reformas, contextualizadas por momentos políticos e movimentos socioculturais, emoldurado pelas demandas que emergiam na interação das classes, interesses e do cenário econômico do país ao longo dos anos. De fato não se poderia supor a construção de uma Ciência Humana indiferente às demandas de seu tempo, e aos contextos sócio-históricos em que esteve inserida. A compreensão do percurso traçado pela Psicologia,enquanto ciência, se faz necessária, pois possibilita a ampliação do olhar sobre os elementos que a influenciaram e identificação dos fatores que hoje a influenciam, a quais propósitos serviram, e a quais propósitos servem atualmente, fornecendo embasamento para uma análise crítica em relação aos campos de atuação e funções sociais por ela exercida. Em sua história,a Psicologiano contexto educacional percorre o positivismo, o cientificismo e o tecnicismo, com função de promover classificação e adaptação, sofre influência de outras linhas de pensamento, como o humanismo, ora volta-se ao atendimento de demandas de camadas sociais específicas e enquadramento do trabalhador, numa associação entre educação e organização, ora volta-se ao ensino de futuros educadores, com geração de conhecimento e ampliação do campo de atuação. Estende-se desde o desenvolvimento e aplicação de testes psicopedagócios até a dedicação à inclusão de deficientes com ações pioneiras. Por estas razões podemos dizer que não só a Educação configurou-se como um campo fundamental para o desenvolvimento da Psicologia, como também esta fundamentou em teoria e prática o desenvolvimento da Pedagogia.
2. A PSICOLOGIA EM INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS
Ao final do século XIX tornou-se crescente a preocupação com sistema educacional no Brasil, e embora as razões desta preocupação abarcassem interesses diversos e diferentes compreensões sobre a sociedade, ela mobilizou diversos setores da sociedade brasileira. A preocupação com a Educação no Brasil emerge das transformações históricas ocorridas neste período, e é neste contexto que a Psicologia se configura como ciência básica e instrumental para a Pedagogia, desenvolvendo-se nos campos teórico e prático. O desenvolvimento da Psicologia na área da Educação caracteriza-se, portanto, como um dos mais importantes campos para conquista da autonomia da Psicologia no Brasil, pois propiciou a ampliação para outras áreas, como em atendimentos clínicos em Orientação Infantil e na organização do trabalho, por exemplo.
A princípio, no início da República, o pensamento educacional, assim como em outras áreas é marcado pelo positivismo, reorganizando o cenário da Educação no país. Isto ocorreu por meio da Reforma Benjamin Constante, no ano de 1890, quando são inseridos os conceitos de liberdade, laicidade e gratuidade do ensino primário, em harmonia como que dispunha a Constituição. Esta reforma substituía os preceitos humanistas pelos cientificistas, incluindo disciplinas de natureza científica, de ordem positivista, substituindo, por exemplo, a disciplina de Filosofia por Psicologia e Lógica. A tendência humanista, transplantada da cultura europeia, e a tendência cientificista, emprestada da cultura americana, foram utilizadas alternadamente em reformas que se sucederam na Educação no Brasil, em detrimento das reais necessidades do país. Assim, mantinham-se os principais problemas educacionais, tais como analfabetismo, evasão escolar, manutenção do caráter aristocrático do ensino secundário e superior, que expandia basicamente no sistema particular de ensino.
Já no início do século XX, o desenvolvimento urbano-industrial gerou a demanda por indivíduos alfabetizados e capacitados, fazendo emergir ideias que visavam a solução dos problemas educacionais e, por conseguinte, a solução de outros problemas do país. Neste contexto diversas teorias pedagógicas ganham força no Brasil, juntamente com técnicas e teorias psicológicas, oriundas dos Estados Unidos e da Europa. Neste período, surge o movimento pela difusão da educação, representado por Manoel Bonfim, e a influência escolanovista no pensamento pedagógico.
O movimento pela difusão da educação buscou a compreensão dos problemas existentes no país através da análise de suas raízes históricas, sobretudo da formação colonial de exploração imposta. Segundo Bomfim, a ignorância historicamente imposta pelas classes dominantes ao povo era um dos principais determinantes do atraso do país, de modo que a difusão da educação se caracterizava como uma solução como meio de conquista da liberdade rumo à democratização da sociedade. Nesta perspectiva, a educação vai além da função econômica, mas toma forma de instrumento contra a opressão.
Já o movimento pela defesa da educação, representado por alguns políticos e intelectuais como Miguel Couto e Mário Pinto Serva, consistia na identificação de que a ignorância era causa do atraso do Brasil, e de que o analfabetismo era uma vergonha nacional. Este movimento visava o estabelecimento de uma nação forte, semelhantes aos ideais de higienização da raça, e vinculavam-se ao nacionalismo e militarismo. Antonio Carneiro Leão e Sampaio Dória defendiam a aplicação de uma instrução técnica do operário e organização científica do trabalho, vinculando a Psicologia à Higiene no trabalho. Esta visão foca a adaptação do operário, para suprir mão de obra preparada, visando à produtividade, com vinculações ao taylorismo. Neste contexto se estabelece o tripé Educação-Trabalho-Psicologia.
Nesta época, o escolanovismo ganha força, como um suporte teórico-prático às ideias de difusão da educação, sugerindo a necessidade de um “homem-novo”, num ideal moderno, em que a Psicologia fundamentava a pretensão do movimento em ser Pedagogia Científica. Por meio deste movimento, surgem, no século
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