A Psicologia Analítica
Por: MilenaPC • 6/3/2023 • Relatório de pesquisa • 2.991 Palavras (12 Páginas) • 72 Visualizações
Milena Cápua – ID 426591
Relatórios dos trabalhos apresentados.
Professora Regina Furigo – Psicologia Analítica
Jung e os assuntos contemporâneos
- Ditadura da beleza
De acordo com Jung, a beleza do ser humano está na sua essência, porém, atualmente a essência é pouco valorizada em contrapartida ao físico.
A mídia, a cultura, as relações e toda a sociedade nutre um padrão de beleza que por muitas vezes não se identifica com a essência da pessoa, porém esta se encontra tão alienada a atender por expectativas contemporâneas de ser alguém “perfeito”, que se perde em si mesma, em sua persona e na tentativa de esconder sua sombra.
O mercado lucra bilhões para manter este padrão, o que torna dificultoso o caminho para manter o equilíbrio entre saciar o mundo interno e externo. É preciso ter autoconhecimento, para se libertar destas amarras que nos tira da realidade. Ao passar por este processo de individuação, passamos a apresentar nossa própria essência.
- Transtornos alimentares
Hoje em dia, as pessoas não se olham no espelho para admirar a própria imagem, mas se olham em busca de falhas e imperfeições que precisam ser corrigidas. Elas nunca estão satisfeitas. E o problema não está na imperfeição, mas na não aceitação destas imperfeições.
Muitas pessoas estão identificadas com os padrões de beleza da persona, presas num ideal narcisista de perfeição, distantes da vida e da alma, tornando-se apáticas, entorpecidas, narcotizadas. Isso nos permite pensar no tratamento dos transtornos alimentares como um trabalho com esta psique aprisionada e distante do corpo. A vitrificação enquanto processo psíquico representa o risco de se ficar preso a comportamentos viciados e não suscetíveis à mudança, como ocorre quando o corpo e a beleza são literalizados. O corpo magro ou anoréxico, também é uma representação literal desta alma sem corpo.
Neste sentido, o corpo invisível se vale do visível para ser compreendido. A falta de corpo na anorexia simboliza a falta de substância da alma, a falta de matéria psíquica. E, temos uma necessidade arquetípica de dar corpo à alma, ou seja, de dar vida para que ela se expresse. Estas associações chamam a atenção para a questão da sombra, que para a escola Junguiana é o lado da personalidade sentido como o mal, o lado ameaçador e indesejado que se tenta reprimir e, que aparece no corpo em forma de sintomas.
Para Jung, o jovem, que ainda se encontra na primeira metade da vida, tem, como grande desafio, a libertação das suas amarras das imagens parentais e o seu investimento no âmbito cultural, onde terá que haver com questões tais como: o desenvolvimento de seu papel profissional, a conquista de sua autonomia e seu lugar no mundo e o desenvolvimento de sua identidade de gênero.
A família apresenta-se como a estrutura básica de socialização dos indivíduos. Assim, é responsável pela introdução dos padrões sociais da cultura ao sujeito, e este, é formado pela estrutura familiar. Tendo em vista a importância da família na constituição do sujeito, atualmente a psicodinâmica familiar é considerada como um elemento chave na manutenção, determinação e/ou desenvolvimento dos Transtornos Alimentares, sendo assim esta, os amigos e outros dos círculos sociais próximos têm papel crucial em auxiliar no diagnóstico e tratamento.
- Aspectos psicológicos da obesidade mórbida
A obesidade é caracterizada pelo excesso de peso no corpo de uma pessoa. Fatores psicológicos influenciam na causa desta, e também se mostram com efeitos.
Estados emocionais acarretados por conflitos e incompreensões afetivas, distúrbio social por não se adequar ao padrão de beleza imposto pela sociedade, fatores familiares, alimentação como recompensa, dentre outros, são influenciadores que trabalham em conjunto a favor da obesidade. Com isso, as pessoas que sofrem de obesidade, respondem com distúrbios psicológicos tais como: depressão, insegurança, nervosismo, ansiedade, solidão, vulnerabilidade, dificuldades sexuais, dentre outros. Para elas o comportamento alimentar é influenciado por diferentes aspectos da história pessoal. A atitude de comer pode remeter a um apelo para expressar uma fragilidade e a sensação de estarem desprovidas de recursos internos que lhes permita lidar com determinados fatos. A obesidade aparece, então, como uma pretensão de trazer para o concreto a tentativa psíquica de ser alguém “forte”.
Sociedade bipolar, o arquétipo do Trickster e a depressão e a alma do mundo
- Arquétipo do Trickster
Parte de uma imagem do inconsciente coletivo, figura de um herói trapaceiro e ambíguo.
O arquétipo do trickster se configura na ambiguidade de suas ações, no qual se manifesta o infantil e o adulto, o exagero, grotesco e o sublime, o universal e pessoal, o humano e o primitivo. Todas essas manifestações podem gerar tanto uma admiração quanto um temor, integrando desse modo um conjunto de opostos, outra característica dessa figura marcante se refere à imprevisibilidade de suas ações. Se mostra na sociedade através desse movimento bipolar, que ao carregar as injustiças e a fúria da ordem estabelecida acaba extrovertendo esse ódio contra si próprio, em um movimento de satirizar o outro ser humano que se expressa de forma diferente da ordem estabelecida
Nossa cultura nos cobra que sejamos sujeitos estáveis, adaptados, calmos e passivos, seguindo tudo que nos é posto na frente e só assim poderemos ter uma vida “normal”. Se pararmos para pensar em como as palavras que usamos para termos simples nos afetam, veríamos que elas têm um impacto muito maior do que pensamos, como a própria palavra “normal”, que é tudo aquilo que não é diferente, que é igual à maioria a seu redor, que não se destaca e que é algo comum, dentro das normas. A cultura é o triste retrato de grande parte da juventude cética que temos hoje, pois por um lado dizem não acreditar em nada, e contraditoriamente isso acontece por terem justamente acreditado em qualquer coisa que ouviram por aí, de qualquer um, motivos diversos sobre porque não deveriam acreditar naquilo que dizem então não acreditar. Dois extremos opostos agindo juntamente, de forma incoerente, caótica.
- Sociedade bipolar
A sociedade bipolar se encontra ligada com a sociedade pós-moderna, já que as características da sociedade pós-moderna estão propensas a se deixar dominar pela imaginação das mídias eletrônicas; colonização do seu universo pelos mercados (econômico, político, cultural e social); celebração do consumo como expressão pessoal; pluralidade cultural; polarização social devido aos distanciamentos acrescidos pelos rendimentos; que influenciam em uma sociedade bipolar.
Segundo Carl Jung, todos nos estamos propensos a uma estrutura bipolar, ou seja, polos opostos, onde um Eu, fica de contra com outro eu dentro de mim. Um deles é consciente; vigilante e já o outro é um inconsciente; adormecido, que desperta acionado pelo seu oposto. Um se encontra pela razão o outro se faz pelo sentimento ou vice-versa. Isso faz com que a não vigilância e não saudável administração desse opositor se apresente como um desvario, que vai impedir um raciocínio com a razão.
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