A Psicologia Comunitária
Por: Isabel02 • 16/9/2017 • Trabalho acadêmico • 2.390 Palavras (10 Páginas) • 305 Visualizações
INTRODUÇÃO
Através desse trabalho de campo, o grupo que foi subdividido em duplas, teve a oportunidade de vivenciar contextos diferentes e ao mesmo tempo parecidos da área, sendo que em todas as realidades, o lado humano prevalecia em cada atitude, e é exatamente essa realidade, a condensação e a importância que o grupo buscou passar para esse trabalho escrito.
“A psicologia comunitária é um contato direto e uma expressão direta de projeto de compromisso com a população. São os psicólogos trabalhando nas favelas, nas comunidades e associações de bairro, nas creches, junto com as mães no movimento de creche e nas entidades sindicais.” (Psicologia Ciência e Profissão, 2010, 30 (num.esp.), 246-271).
A partir da análise dos dados das entrevistas e materiais de estudo, foi possível compreender como se desenvolvem as práticas e modos de atuação que hoje promovem qualidade de vida e busca desenvolver, de modo ético, a autonomia nos indivíduos, procedimento que é realizado a partir da análise dos problemas de uma comunidade.
- CAMPO DE ATUAÇÃO
A atuação do psicólogo social comunitário foi se abrangendo ao decorrer dos anos, principalmente após a década de 80 quando uma nova política pública de saúde mental se instalou com a criação dos chamados equipamentos substitutivos, formados pelos centros de Atenção Psicossocial (CAPS), as residências terapêuticas, os centros de convivência, as oficinas abrigadas de trabalho e as enfermarias psiquiátricas em hospital geral, etc. O grupo percebeu através das entrevistas que o psicólogo comunitário faz o aconselhamento, a prevenção e em alguns casos também faz a remediação. Atua nas comunidades e faz a resolução dos problemas sociais, contribui para a construção de programas de intervenção social, apoia os grupos e organizações da comunidade para que funcionem de forma eficaz, cumprindo os objetivos a que se propõem ao nível da cultura, do bem-estar físico e do desenvolvimento integral dos grupos que pretendem beneficiar. Pode também contribuir para a consultoria na criação de grupos ou organizações de ajuda mútua, onde as pessoas podem ajudar-se a si próprias e a outras na resolução dos seus problemas de forma natural, integrada e que promove o sentimento de integração e de pertença. Nas atividades trabalham também com outros profissionais como assistente social, enfermeira, médico, sociólogo e dentista, assim como comentou a psicóloga F.V em sua entrevista:
“No momento nós estamos trabalhando, nós temos uma interface aqui - psicólogo assistente social e nós temos na equipe uma socióloga, que é quem faz a triagem da nossa demanda lá na frente. Além do pessoal da parte operacional, que são os administrativos.”
Um exemplo disso são as políticas sociais recentemente adotadas, como o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) que vêm gerando importantes campos de trabalho para os psicólogos em todo o país, evidenciando a importância da psicologia nas políticas públicas. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento social e combate à fome, em 2005 foi consolidada a participação dos psicólogos no corpo técnico da equipe dos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS.
A psicologia social comunitária privilegia o trabalho com grupos, e enfatiza a elaboração de uma teoria e prática pautada em valores, como ética da solidariedade, resgate dos direitos humanos fundamentais e busca da melhoria da qualidade de vida. Por esses motivos a participação do psicólogo se faz tão necessária e fortalece os serviços de proteção social básica.
- POPULAÇÃO ATENDIDA
O que pôde ser percebido pelo grupo, é que no contexto social, são as pessoas carentes, na linha da pobreza que são assistidas. Claro que é uma afirmação óbvia e relevante para os olhares externos e que tão pouco se preocupam com o “compromisso social”, já muito discutido pela Ana Maria Bock, como quando a mesma diz “a psicologia é um bem social e todos devem ter acesso a ela”. Mas o que essas pessoas sabem superficialmente está bem longe do verdadeiro significado da psicologia comunitária e das pessoas que por ela passam. Até mesmo as pessoas que são atendidas desconhecem a verdadeira missão da psicologia, assim como afirma a psicóloga L.N:
“E ainda o psicólogo é visto como aquele profissional que trata de louco”. Até as crianças atendidas pela psicóloga M.S, têm essa visão distorcida: “Eles tem um pouquinho de medo, às vezes quando a gente fala que vai vim pro psicólogo, eles acham que é bronca.”
Mas como toda visão pode ser mudada, as psicólogas contaram que conforme o tempo passa e os atendimentos vão acontecendo, as pessoas vão deixando o preconceito de lado e entendem que a inserção da psicologia dentro e fora da comunidade é essencial. Logo, chegam para serem assistidos de várias formas – por meio de matrícula, através de cursos, projetos, por procura espontânea e também por encaminhamento de políticas públicas, como o Conselho Tutelar. Essas pessoas, em sua maioria são mulheres, que vão de dezessete a noventa anos, muitas vezes criam os filhos sozinhas e lugares de assistência psicossocial como o CRAS, para ter acesso ao benefício do Bolsa Família e a instituições que promovem atividades para qualificação profissional para se matricularem em algum curso como o de corte e costura e terem alguma renda, mesmo que mínima. Entretanto, nos últimos anos a população idosa (que vem aumentando vertiginosamente) tem procurado auxilio nos CRAS atrás do BPC (Benefício da Prestação Continuada), e muitos deles acabam chegando em situações críticas, sem portar nenhum documento, o que dificulta o trabalho de toda a equipe.
Portanto, é diante dessas adversidades que a psicologia comunitária lida diariamente e isso que torna essa área tão desafiadora, cada pessoa é um desafio novo e todos os dias são diferentes, a sociedade já não é a mesma e tudo isso afeta a profissão no geral, assim como explica a psicóloga F.V:
“A sociedade precisa de respostas um pouco mais abrangentes e eficazes, a gente está ai se deparando com arranjos familiares diversificados. Então a psicologia vem com essa coisa do “não preconceito”, “vamos olhar para isso”, “vamos entender como está isso”.
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