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A Psicologia Social

Por:   •  1/6/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.764 Palavras (8 Páginas)  •  95 Visualizações

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Gonçalves, Bruno S. A Dupla Consciência Latino-Americana: contribuições para a psicologia descolonizada. 2016

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Gonçalves, Bruno S. é Psicólogo, possui graduação em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP (2003). Obteve título de mestre (2007) com a questão da identidade e resistência de caipiras na cidade de São Luís do Paraitinga SP e título de doutor (2014) estudando o pensamento crítico latino-americano e propondo a categoria da dupla consciência social latino-americana, ambos na Faculdade de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP. Atualmente é Membro da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO).

O artigo A Dupla Consciência Latino-Americana: contribuições para a psicologia descolonizada, discorre acerca de uma dupla consciência estruturada a partir do tensionamento entre colonizado e colonizador. Foi escrito a partir de um estudo minucioso acerca do trabalho de doutorado de 2014 do Bruno S. Gonçalves. Está obra é dividida em subtítulos, além da introdução e conclusão. É fundamental estudar sobre o colonialismo no curso de Psicologia, já que a Psicologia Social tende ajudar e acabar com a ideia de um indivíduo como algo oposto a um grupo social.

O texto, inicialmente, explora a formação dessa dupla-consciência que emerge a partir da fundação do nosso continente enquanto formação geoterritoral, geohistórica, geopolítica e o estabelecimento de uma identidade. Sendo instaurado no século XVI, com o processo da colonização, tendo como atributos centrais: penetração cruel do território e das mulheres negras e indígenas, violência estrutural brusca, intenso genocídio e controle de trabalho. Para ter-se uma noção esse “processo civilizatório” foi responsável pela morte de mais de 60% das populações originárias do continente brasileiro. Tal cenário sanguinário configura o que veio a ser o princípio da Modernidade, que mais tarde propiciou a configuração do capitalismo Mundial. A radicalidade do estabelecimento desse sistema em meio a colonização marcou de forma profunda a subjetividade dos povos, interferindo no modo de pensar e dividindo-o em dois: o pensamento do colonizador e o pensamento do colonizado. E, a tensão entre esses dois pensamentos gera uma duplicidade na consciência de si próprio – do latino-americano –.

Um trecho da música de Beca Arruda, Colônia da Exploração, relata precisamente esse quadro: “(...)Vindo da Europa e de suas naus explorando o Brasil, tendo lucro total, matando nativos queimando nosso ouro...”

Nesse sentido, por que nas escolas e em muitas histórias fictícias há o embelezamento do colonizador? Por que ele é mostrado como herói quando na verdade foi um genocida e estuprador? Por que usar o termo “descobrimento do Brasil” quando na verdade o território não estava perdido, muito pelo contrário, já estava ocupado. Vê-se que a colonização foi um processo agonizante e desumano. Logo, não há nada de exuberante em uma tentativa de expropriação de terras e cultura, bem como a exploração de um povo.

Também, aborda-se sobre A Matriz de Pensamento Colonizado: colonialidade do poder, que trata-se de um padrão que objetiva o domínio das relações sociais com a ótica do colonizador. Articula-se a partir do racionalismo, controle de trabalho, dominação de gênero, organização da natureza e pensamento Eurocêntrico.

Ademais, discute-se acerca do Racialismo, o qual assume que traços fenotípicos justificam as distinções entre povos em conflito por terras. Vê-se a raça como um atributo responsável por uma categorização social hierárquica da humanidade. Nesse viés, a

branquidade ocupa lugar superior e serve de referência para as demais. Já as pessoas de “cor”, assim chamados os negros e indígenas, são rechaçados e dominados pelos mais “civilizados”.

Nota-se que o Racialismo ampara o controle de trabalho, pois favorece a determinação do tipo de trabalho que cada “raça” se enquadra. Assim, pode-se afirmar que há o uso de aspectos biológicos para o respaldo da violência contra indígenas e negros. O que, também, foi visto durante o Imperialismo, no qual utilizou-se o darwinismo social – propunha a superioridade de certa civilização de acordo com seus valores e admite que há povos mais evoluídos que outros – como justificativa à ocupação de terras e tinha como objetivo busca de mão de obra, mercado consumidor e matérias-primas para a desenvolução das indústrias. Ou seja, utilizou-se especificidades de cada cultura a fim de explicar a exploração. Embora sejam cenários distintos ambos tinham como causa central o domínio de outros povos/ territórios.

Outro ponto relevante é fato da Psicologia Brasileira ter sua fundação com uma forte e repugnante distinção entre raças. Uma Psicologia que favorecia a elite e para isso, utilizava de ideias eugenistas, o determinismo biológico e a medição de crânios, com a finalidade de justificar a exploração, diferenças sociais e não mobilização de classes.

Outrossim, discorreu-se ao longo do artigo acerca das relações de gênero. Admitiu-se que ela opera segundo o entroncamento patriarcal: articulação entre patriarcado ocidental e o existente no mundo pré-colonial. Dessa forma, há o estabelecimento de um conjunto de relações de gênero desiguais que assumem a mulher e demais identidades de gêneros não masculina como inferiores e até mesmo não humanas.

Conforme a escritora Chimamanda Adichie, “O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos”. Ou seja, já existe um estereótipo determinando o que as identidades não masculinas são.

O texto reflete, também, sobre A Epistemologia Eurocêntrica, que diz respeito a uma estrutura hierarquicamente ligada ao universo cultural. Desse modo, os costumes dos povos colonizados são inviabilizados. Essa questão além de ser impositiva, também interfere na forma como o colonizado se enxerga. Logo, anulam princípios desses povos e os tornam invalidados, o que gera um processo de epistemicidio – extraem a humanidade e memória própria deles –. Nesse viés, consoante Foucault “As expressões culturais dos dominados são extirpadas e ocultadas, uma vez que o caráter universal dos conhecimentos eurocêntricos tende a negar aquele Outro que não corresponda com as manifestações de poder hegemônico que fundamentam o campo epistemológico. As manifestações da colonização compelem que os dominados se questionem, constantemente, acerca da realidade que lhe norteia”.

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