A Tatuagem no contexto social
Por: Antonio Santos • 5/5/2018 • Projeto de pesquisa • 984 Palavras (4 Páginas) • 272 Visualizações
Pensando em um cotexto histórico-social, uma pergunta a ser feita é: Como e porque a humanidade iniciou a processo de tatuar-se, escarificar-se ou fazer uso de piercings? Para responder esta pergunta pesquisas foram feitas, mas nenhuma delas conseguiu responder a esta questão. O máximo que conseguiram foi coletar informações da trajetória de construção dessas marcas em diferentes culturas. Um trabalho que merece atenção especial e destaque é o: Les Hommes Ilustrrés (Os Homens Ilustrados), de Pierrat e Guillion (2000. APUD), que aborda a construção e significado da tatuagem nas diferentes culturas.
Em Os Homens Ilustrados, é expressado o uso da tatuagem, a partir de alguns fatores:
- como uso de marca de identidade: em diferentes sociedades com representações distintas. Em algumas sociedades representando os nobres guerreiros; em outras servindo como distinção de escravos, prostitutas, estrangeiros, párias, etc.
- Como uso religioso: servindo para marcar tanto adeptos quanto hereges, ou até mesmo pessoas que ofereciam perigo para a religião. Em sociedades mais primitivas o uso servia para proteção contra maus espíritos.
- Em algumas sociedades, como parte de cerimônias de passagem: mudança de identidade social, de adolescência para a maturidade; tatuagem por luto; por comemoração, etc.
Percebe-se que o uso da tatuagem tem sido cada vez mais expressivo e fato, continua sendo marcante nas relações sociais. Embora ela esteja presente em todas as culturas e sociedades, dentro de um contexto atual, ela não se caracteriza como um fenômeno específico de um único grupo, cultura ou sociedade. Embora, ela tenha seu significado em determinados grupos, onde a identificação de valores, hierarquia, função, e status são expressados pelo tipo específico de tatuagem com o seu desenho que dá a identidade e o status a determinado indivíduo, a exemplo da identificação no crime, em várias culturas. Na máfia russa, na Yakuza japonesa, no PCC, e outros grupos, aqui no Brasil ela tem seu significado também expressivo. Embora o uso da tatuagem esteja ligado durante muito tempo a conceito de marginalidade, rebeldia, temos atualmente um significado mais expressivo e abrangente em novos contextos sociais, conquistando todas as classes sociais. Pois a concepção de estigma foi vencida e hoje a tatuagem e vista e apreciada como forma de expressão, arte e embelezamento corporal, proteção mística, e expressão de sentimentos. A tatuagem é sempre o registro de um meio social, pois é em relação a esse meio que ela ganha significado (Gell, 1993, APUD).
Se muito tempo, grupos como prostitutas, marginais e criminosos foram fortemente associados à tatuagem. Essa associação criou condições sociais e culturais para o entendimento dessas marcas corporais como estigma (Goffman, 1988).
Dentro das transformações do público da tatuagem ocidental desde o período em que estava reservada àqueles grupos socialmente marginalizados, surgiu um novo imaginário que associou a prática a tribos urbanas e determinados grupos jovens. Quando Petit, o “Menino do Rio” que Caetano Veloso cantou em versos, fez sua aparição na Praia de Ipanema com o célebre “dragão tatuado no braço”, “ele não era o primeiro de sua geração a associar surf e juventude ao uso de tatuagens” (MARQUES, 1997).
Assim, temos nessa linha de tempo, entre os primeiros Homens Listrados, marcados na história, até o nosso hoje, o impacto da tatuagem no contexto cultural, econômico, social, onde uma simples tatuagem é uma expressão de singularidade ou uma expressão de paixões temporárias, que se alternam e se situam como marca que podem constituir um começo ou fim de uma relação seja ela afetiva singular, ou por um grupo ou até mesmo um time de futebol. Onde o ídolo construído pela mídia pode não ser ou fazer parte de uma nova paixão arrebatadora de uma torcida, pelo simples fato de ter-se permitido marcar pelo símbolo de outro time adversário. Como nesse caso de Neymar:
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