A Terapia Cognitivo-Comportamental
Por: LIDIANE LIMA DO AMARAL • 4/6/2018 • Trabalho acadêmico • 1.086 Palavras (5 Páginas) • 212 Visualizações
A Terapia Cognitiva explica o fenômeno da dependência e das recaídas seguindo o modelo geral (o pensamento influencia emoções, ações e sensações corporais), porém aqui introduz alguns elementos específicos às adicções. O uso de substâncias psicoativas é uma constante na história da humanidade. Com diferentes finalidades, as pessoas encontraram maneiras de alterar o estado de consciência por meio de substâncias que agem no sistema nervoso central. O que varia dentre as diferentes épocas é sua aceitabilidade e visibilidade (Edwards e Dare, 1997). Algumas drogas caem em desuso, mas muitas outras se popularizam rapidamente e os prejuízos atingem várias esferas da sociedade.
Não se pode desconsiderar a complexidade de cada caso e a diversidade de condições que envolvem o consumo de drogas. Entre o uso não problemático e a dependência, existe um fator que compreende problemas de gravidade variada. Da experimentação às complicações próprias da dependência, Washton e Zweben (2009) caracterizaram estágios intermediários do desenvolvimento com substâncias:
- A experimentação marca o início do contato com as substâncias químicas. Geralmente é por curiosidade e em situações de convívio social que ocorrem os primeiros consumos de uma substância. Ainda, que não seja isento de riscos, o uso experimental não evidencia danos.
- Um uso social ou ocasional é caracterizado pela frequência irregular do consumo de quantidades modestas, sem danos associados. Cabe salientar que o efeito de qualquer substância psicoativa, ainda que em pequena quantidade, pode impactar no organismo de cada indivíduo de forma distinta.
- Quando é possível delinear um padrão de uso mais frequente, diz-se que há um uso regular. Por vezes, as consequências negativas são imperceptíveis e a regularidade pode ou não evoluir para a falta de controle.
- Diferentes padrões de uso podem ser classificados como uso circunstancial ou situacional, desde que o consumo esteja associado a um objetivo específico, como o uso de estimulantes para cumprir prazos de trabalho, ou uso de álcool para diminuir a timidez frente a uma determinada situação social.
- Um padrão episódico de consumo intenso de substância pode ser denominado uso compulsivo ou binge. Intercalados com períodos de abstinência, esses períodos de uso de grandes quantidades de droga em uma única ocasião tendem a gerar consequências agudas ao organismo.
- O abuso de substâncias é considerado na presença de problemas significativos relacionados à droga, como dificuldades no trabalho, família, estudos, saúde, etc.
A caracterização de um quadro de dependência de substâncias segue os elementos da síndrome de dependência do álcool, originalmente formulada por Edwards e Gross em 1976. Exemplificando a síndrome de dependência do álcool:
- Estreitamento do repertório: Estímulos que antes determinavam respostas diferentes do uso do álcool passam a ser associados ao uso. Assim, o repertório frente a diversas situações se restringe aos comportamentos que envolvem o consumo de bebida.
- Saliência do beber: Com o avanço da dependência, a ingestão do álcool é priorizada em detrimento de outras atividades.
- Maior tolerância ao álcool: O dependente necessita de quantidades cada vez maiores para obter o mesmo efeito antes sentido com doses menores.
- Sintomas de abstinência: Principais sintomas decorrentes da falta do álcool: tremor, náusea, sudorese e perturbação do humor. Com gravidade crescente, podem gerar severas complicações clínicas.
- Alívio ou evitação dos sintomas de abstinência pelo aumento da ingestão: O uso do álcool adquire a função de diminuir ou evitar o desconforto gerado pelos sintomas de abstinência.
- Percepção subjetiva da compulsão para beber: A sensação de “perda do controle” é descrita pelo dependente ao perceber a compulsão frente ao álcool.
- Reinstalação após a abstinência: O dependente que interrompe o uso do álcool por um período e volta a beber, retorna ao padrão de uso anterior à abstinência.
Na dependência, o indivíduo está sujeito ao desejo pelo uso da droga mesmo depois de um período prolongado de abstinência. Esse desejo intenso (fissura) é acompanhado por pensamentos invasivos acerca do uso, sintomas de ansiedade, irritabilidade e desconforto. Os pensamentos automáticos desencadeiam o surgimento de sinais e sintomas fisiológicos interpretados ou reconhecidos como fissura (craving). As dificuldades em lidar com a vontade de usar, associadas a padrões cognitivos disfuncionais, levam à recaída. Caracterizada por um retorno ao padrão de uso anterior ao período de abstinência, a recaída é entendida como parte do processo de recuperação. Um uso de menor intensidade, durante a tentativa de abstinência, pode ser considerado um lapso e deve alertar para o risco aumentado de recaída (Marlatt e Donovan, 2009). Um estudo estimou que até 37% dos abusadores ou dependentes de álcool apresentavam alguma das seguintes comorbidades: transtornos de humor, de ansiedade, psicóticos ou de personalidade. Dentre os pacientes com transtornos mentais, 20 a 50% foram diagnosticados com transtornos relacionados ao uso de álcool (Rosenthal e Westreich, 1999). O curso dos sintomas deve ser avaliado principalmente na ausência do uso de drogas.[pic 1]
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