A importância da expressão simbólica para a Psicologia Analítica
Por: Pâmela Santos • 29/11/2020 • Trabalho acadêmico • 598 Palavras (3 Páginas) • 174 Visualizações
A importância da expressão simbólica para a Psicologia Analítica
Texto sobre o tema com base no filme Nise - o coração da loucura, e no texto de Furth (cap. 2 - Premissas - no que se "baseia" a arte terapia).
A expressão simbólica é uma diferente forma de linguagem, justamente por isso foi ignorada por muito tempo e por alguns profissionais é ignorada até hoje. Mesmo os ditos incapazes de se comunicar verbalmente, conseguem se comunicar de forma simbólica. Algo que foi extremamente bem representado no filme, que além de demonstrar a linguagem simbólica expressa pelos desenhos, mostrou que independente da cultura ou do contexto em que essas pessoas viveram, se expressaram pelo mesmo padrão de desenho, padrão esse que também foi se elevando a partir do momento que essas pessoas que foram por tanto tempo marginalizadas pela sociedade, receberam atenção, espaço de escuta, foram vistas como seres humanos.
Mas em um momento do filme Nise repreende a estudante de artes plásticas Marta, porque estava tentando incentivar um dos clientes do hospital a desenhar determinadas coisas, Nise acreditava que as ideias, a representação da arte, deveria partir das próprias pessoas, sem intervenções externas. Porém Furth traz que engana-se quem pensa dessa forma, o inconsciente aparece tanto na forma livre de pensamento como na direcionada, incentivar ou tentar determinar o desenho não afeta o resultado, até porque a arte acaba revelando muito mais do que a pessoa conscientemente percebe, independente do tema, o inconsciente vai aparecer, talvez revelando coisas sobre um tema completamente distinto.
E nesse sentido se faz essencial muito mais a abertura para a expressão da pessoa do que se ela está sendo direcionada ou não. Dependendo do ambiente e da pessoa, a expressão por meio da arte pode aparecer mesmo sem ser o objetivo, como foi no caso do adolescente de 16 anos internado no hospital citado no texto, a enfermeira queria que ele saísse da cama e interagisse com as crianças para que ele se animasse, quando ele levanta ela pensa que conseguiu dar um passo nessa direção, mas quando vê que na verdade ele foi para a sala de brinquedos e não está interagindo com as crianças mas sim pintando, ela tenta interagir com ele fazendo perguntas, mesmo ele não respondendo continua. Até que ele se revolta e se expressa por meio da raiva, quando ele faz isso ela dá atenção para o que ele expressou no papel nesse segundo momento, mas para isso ele teve que se expressar corporalmente, ela não viu como legitima apenas a expressão no papel. Ela não estava aberta a receber expressão por uma forma diferente de diálogo, pela arte. Não viu o quanto a arte fala mesmo sem pronunciar uma palavra.
Mas outro ponto importante é como fazer essa interpretação, qual a forma “correta”, e para Furth o erro está justamente em procurar uma forma certa definida por um padrão, não há um padrão geral, o tipo de análise que uma pessoa faz pode não fazer sentido para outra, depende da sua própria subjetividade. Ele fala que diferentes tipos de análises levam ao mesmo ponto, as mesmas conclusões. Então o importante para descobrir como fazer a análise da arte como expressão é olhar para a sua própria especificidade, sem compará-la, e olhar para o “paciente” como ele é, um ser humano, digno dos mesmos direitos que todos, complexo e com capacidades como qualquer outro.
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