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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES PSICOLÓGICAS DA TEMATIZAÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS POR JEAN-POUL SARTRE

Por:   •  13/11/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.292 Palavras (6 Páginas)  •  417 Visualizações

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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES PSICOLÓGICAS DA TEMATIZAÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS POR JEAN-POUL SARTRE

Alunos: Natália Singelo de Lima e Thaís de Almeida Cannavezes

Professor Orientador: Luiz José Veríssimo

Colaboradores: Antonio Júnior de Vasconcelos Gualberto e Marcos Fernandes Maia de Araujo

Curso: Psicologia Campus: Tijuca

resumo

A partir do levantamento bibliográfico de livros, textos e artigos que abordavam a tematização das relações humanas sob o foco existencialista de Jean-Paul Sartre, foi possível realizar o presente trabalho. Esta pesquisa tem seu foco voltado para a compreensão das relações num enfoque sartriano. A teoria de Sartre traz duas perspectivas para a interação Eu-Outro que se fundamentam no conflito de liberdades e na intersubjetividade. Ambas, apesar de abordarem a relação humana de formas diferentes são essenciais para a construção da existência.

palavras-chave:

Sartre; Existencialismo; Relações humanas; Em-Si; Para-Si.

INTRODUçãO

O princípio sartriano “a existência precede a essência” é citado por Perdigão (1995), e fundamenta a teoria de que o ser humano não possui uma essência pré-determinada. Ao contrário dos objetos (Em-si), o nosso ser (Para-si) é todo consciência, livre, indeterminado e inacabado, ou seja, é um nada aberto às possibilidades. E por ser livre, vivencia a angústia de ter que escolher dentre as possibilidades que lhe aparecem para construir sua existência. A angústia surge pelas escolhas que o ser humano faz e deixa de fazer e por estar sempre diante de possibilidades, a angústia também sempre estará presente. Ao tentar escapar desta angústia de escolher, o ser humano está tentando negar a sua liberdade e agindo com má-fé. ”A má-fé é fabricada pelo sujeito para fugir da culpa e da responsabilidade por suas ações e por intenções, numa só palavra, pelas escolhas.” (Veríssimo, 2009, p.162). Nesse contexto, a existência do ser é construída nas relações humanas e a partir das escolhas que o homem realiza diante das possibilidades.

Metodologia

Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre as obras e artigos que abordavam as relações humanas na visão existencialista de Jean-Paul Sartre. A partir deste levantamento, foram selecionados os seguintes textos e livros para compor a pesquisa: O Existencialismo é um humanismo de Jean-Paul Sartre; Existência e liberdade de Paulo Perdigão; Sartre: vida e obra de Luíz Carlos Maciel; Um olhar entre quatro paredes. Esboço para uma fenomenologia do humano de Luiz José Veríssimo; As relações humanas vistas a partir da tese de organizações de mundo de Maria Clara Teixeira de Assis; A formação dos grupos sociais em Sartre de Rogério Andrade Bettoni; A conflituosidade das relações de intersubjetivas em Huis Clos, de Sartre de Cristiano Garotti Silva; Um olhar em Sartre: Relação entre o Eu e o Outro de Maria Ivone Camargos Silva.

Resultados Obtidos

A construção da existência do ser acontecerá nas relações humanas, a partir das escolhas que o ser humano fará, diante das possibilidades. Porém, de acordo com Silva (2011), que se baseia em O Ser e o nada de Sartre, as relações humanas são fadadas ao conflito porque o encontro do eu com o Outro gera uma perpétua disputa pelo lugar da objetivação. Todo este conflito se inicia quando o ser humano olha para o outro e reciprocamente o ser é olhado pelo outro. Ao olhar para o outro, o ser humano não pode dizer quem o outro é sem objetivá-lo. “... o simples conhecimento do Outro não me dá condições de apreendê-lo enquanto sujeito, mas apenas como objeto.” (Perdigão, 1995, p.137) O olhar do outro ao objetivar o meu ser tenta capturar minha liberdade, ou seja, tenta dizer o que sou, me definir e me tornar um “Em-si”. “Somos, eu e o Outro, duas liberdades que se afrontam e tentam mutuamente paralisar-se pelo olhar.” (Perdigão, 1995, p. 147) E diante disto, estamos ameaçados pelo olhar do outro, o qual eu não sei o que vê em mim e não posso obrigar a pensar o que quero sobre mim. “O outro me faz um Ser indefeso perante uma consciência que me julga. A transcendência alheia supera a minha transcendência.“ (Perdigão, 1995, p.145) Sou um “Ser-para-Outro”.

[pic 1]

Figura 1: Referencia do conflito humano segundo Sartre.

Neste conflito de liberdades, o ser humano tenta tomar posse da liberdade alheia de duas formas:

1) Escolhe tratar o outro como sujeito que o transcende, ou seja, tenta se mostrar o mais próximo possível daquilo que o outro quer que ele seja. Desta forma, tenta se tornar o responsável pelo que o outro faz dele.

2) Escolhe tratar o outro como objeto transcendido, ou seja, tenta roubar a liberdade alheia do outro, tornando-o objeto e negando sua subjetividade. “Quero assim esvaziar o outro de todo julgamento sobre mim, fazendo sua subjetividade perder a eficácia, já que não posso suprimi-la.” (Perdigão, 1995, p.150).

Porém, de acordo com Perdigão (1995), dependo do outro para obter qualquer verdade objetiva a meu respeito, ele é a condição necessária para que eu possa me conhecer de uma maneira que, sem o olhar dele, eu sequer seria capaz de imaginar o que quer que seja. Assim, em o Existencialismo é um humanismo, Sartre afirma que o homem se dá conta que só pode ser alguma coisa se os outros o reconhecerem como tal. O outro é indispensável à minha existência tanto quanto, aliás , ao conhecimento que tenho de mim mesmo. O outro é uma liberdade colocada a minha frente que ao mesmo tempo mostra a minha intimidade. “... descobrimos imediatamente um mundo a que chamaremos de intersubjetividade e é nesse mundo que o homem decide o que ele é e o que são os outros.” (Sartre, 1984, p.16).

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