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Alguns aspectos do espectro autista

Por:   •  16/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.328 Palavras (10 Páginas)  •  402 Visualizações

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AUTISMO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) consiste em um dos transtornos invasivos do desenvolvimento, em que há comprometimento no comportamento e nas habilidades cognitivas do indivíduo. A atribuição do termo ‘invasivo’ ao quadro dá-se em função do intenso impacto que sofrem áreas importantes do desenvolvimento: áreas da interação social recíproca, das habilidades comunicativas (verbal e não verbal), assim como a capacidade imaginativa, cuja principal implicação está na presença de comportamentos repetitivos e interesse por atividades estereotipadas. A síndrome apresenta variações no acometimento do indivíduo: de leve, como no caso da síndrome de Asperger, em que não há expressivo comprometimento da fala e da inteligência; até os casos mais graves, em que o paciente parece inapto a manter contato social. Apresenta, em alguns casos, um determinado grau de retardo mental (variando de leve a profundo), podendo, também, apresentar um comportamento agressivo. O quadro clínico do autismo geralmente encontra-se relacionado a outras condições clínicas, como o atraso neuropsicomotor e/ ou deficiência mental. Pode ser diagnosticado no início do desenvolvimento da pessoa e, em alguns casos, pode-se minimizar os deficits deste transtorno, caso o autismo o diagnóstico seja precoce. Os sintomas podem vir nos primeiros meses de vida, mas raramente são identificados no início. Alguns aspectos comportamentais são típicos para indivíduos autistas como: choro, hiperatividade, agressão, automutilação, ausência de contato visual, gritos, imitação involuntária de movimentos de outra pessoa, irritabilidade, movimentos repetitivos, repetição de palavras sem sentido, repetição sem sentido das próprias palavras, impulsividade, ansiedade, andar na ponta dos pés, tique, sensibilidade a mudanças, necessidade de manter uma rotina, hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais, demonstrações não apropriadas de afeto e falta de empatia social e emocional, apego exagerado a determinados objetos, fixação com organização e alinhamento de objetos, ausência de fantasia e criatividade em atividades lúdicas etc.

No decorrer do desenvolvimento, percebe-se uma dificuldade no processo de aprendizagem, bem como algum distúrbio relacionado à fala (atraso ou ausência do processo, ecolalia, inversão de pronomes). Autistas com alto funcionamento podem apresentar dificuldades semânticas e pragmáticas. As semânticas referem-se a problemas de comunicação que estão relacionados com o uso inadequado da linguagem num determinado contexto. As pragmáticas demonstram problemas estruturais da linguagem, podendo ser decorrente da inflexibilidade mental.

Além disso, apresentam um desinteresse ou interesse em um número limitado de coisas, além da dificuldade em processos que envolvam a atenção. Desta forma, não conseguem perceber as emoções dos outros. Em função da limitação cognitiva (comprometimento da capacidade de imaginação), observa-se um comportamento ritualista e dificuldades nas brincadeiras de faz de conta, uma vez que não conseguem ver o todo, pois o autista tem uma visão fragmentada dos objetos.

O diagnóstico do TEA leva em conta o histórico o comprometimento do paciente e tem como base os critérios estabelecidos por DSM–IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS). Esse distúrbio do comportamento requer um diagnóstico médico, baseado no exame clínico, raramente exigindo exames laboratoriais ou de imagem. O autismo não tem cura, mas o tratamento pode ajudar no desenvolvimento de indivíduos com esse transtorno. O diagnóstico precoce, bem como a utilização de terapias comportamentais, educacionais e familiares, pode reduzir os sintomas e fornecer base para o desenvolvimento e o aprendizado. No processo de aprendizagem dos autistas, pais e professores encontram muitas dificuldades. No entanto, existem ferramentas interessantes para auxiliar os educadores. O ABA é um tratamento comportamental indutivo, que busca ensinar o autista habilidades por partes. O PECS é um tratamento que utiliza figuras, objetivando a melhoria da comunicação. Já o TEACCH é uma intervenção individual, na qual se trabalha com a peculiaridade de cada criança. Assim, diante dos recursos hoje disponíveis, pode-se concluir que apesar das dificuldades existentes para os pais e/ou professores, a aprendizagem dos autistas, muitas vezes, é possível se houver um comprometimento mútuo.

No decorrer do tempo, estudos têm indicado que a maioria dos indivíduos autistas carecem de um acompanhamento seja da família ou da comunidade. Assim, quando adultos, eles não conseguem viver com autonomia e independência. Apenas cerca de um terço consegue certo grau de independência, apesar das dificuldades decorrentes no desajuste comportamental. Assim, uma pequena parte dos autistas será capaz de exercer uma profissão de forma efetiva e possuir autonomia e independência.

Não há um consenso entre os pesquisadores relativamente a causas do autismo. Há quem defenda a teoria psicogenética, enquanto outros acreditem na teoria biológica. De acordo com a teoria psicogenética, esta síndrome é decorrente de um comportamento familiar problemático e de ordem psicológica alterada. Assim, a explicação da causa de tal transtorno se dá a partir do comportamento inadequado dos pais, que não responderiam às emoções dos filhos. Os sintomas seriam entendidos como secundários, atribuíveis, portanto, às condutas parentais impróprias. No entanto, contrapondo-se a essa teoria, a atual tendência é aceitar que existem múltiplas causas para o autismo. Há evidências que demonstram ser este um transtorno orgânico, presente em indivíduos de diferentes partes do mundo, independente de região geográfica, classe social ou etnia. Relativamente à prevalência, há dados comparativos que mostram a predominância de meninos acometidos (em torno de 4:1), o que indica que o autismo pode ser visto como uma síndrome caracteristicamente masculina. Assim, problemas cromossômicos, gênicos, metabólicos e mesmo doenças transmitidas/adquiridas durante a gestação, durante ou após o parto, podem estar relacionados diretamente ao quadro autista. Conforme pesquisas atuais, o componente genético parece ser bastante forte, devido à relação com causas neurobiológicas, como convulsões, deficiência mental, diminuição de neurônios e sinapses na amígdala, hipocampo e cerebelo, tamanho aumentado do encéfalo e concentração aumentada de serotonina circulante.

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