Análise Documentário Holocausto Brasileiro
Por: Larissa Queiroz • 25/9/2018 • Resenha • 387 Palavras (2 Páginas) • 603 Visualizações
Os acontecimentos descritos no documentário “Holocausto Brasileiro” reflete uma prática psiquiátrica que violentou os direitos humanos por várias décadas, e infelizmente em alguns aspectos permanecem remanescentes até os dias de hoje, mas graças a reforma psiquiátrica e a luta antimanicomial estamos em um processo de evolução no cuidado com a saúde mental.
É assustador pensar que em um passado não tão distante esse tipo de atrocidade acontecia numa instituição que teoricamente existia para tratar da saúde mental, dessa maneira pessoas eram despejadas sem o menor critério médico, a maioria simplesmente por representarem algum tipo de “ameaça a ordem”. É um cenário tenebroso de revisitar, uma história de tamanha desumanização com um propósito indiscriminado de limpeza social. Durante uma das falas retratadas no documentário, um fotógrafo que registrou o Hospital Colônia na cidade de Barbacena na década de 70, relata que a maioria dos internos na instituição eram pessoas negras, ou seja, fica fácil de se compreender que tal lugar literalmente se tratava de um depósito de tudo aquilo que a sociedade rejeitava, e de certa forma ainda rejeita. Um dos aspectos mais perturbadores é pensar que doentes e não doentes eram largados naquela instituição, na maioria das vezes sem um diagnóstico, e o que é pior, sem ao menos uma mínima preocupação com reabilitação ou cura, tristemente abandonadas para morrer.
Como estudante de psicologia, me parece ser impraticável tais condutas no que diz respeito ao trato da saúde mental, mas quando se analisa criticamente as atuais práticas, podemos constatar que algumas tendências do pensamento que fundamentou essa barbárie por várias décadas ainda reverberam nos dias de hoje. Quando o paradigma de uma instituição é desumanizar os seus internos, os próprios profissionais responsáveis pelo lugar também se desumanizam no processo, e ainda nos tempos presentes, não é difícil se deparar com profissionais da saúde com a mesma noção de que “loucos” merecem serem retirados ao isolamento, exclusivamente por proporcionarem incomodo as ditas “pessoas normais”.
Mesmo atualmente, estamos em um processo na busca da humanização no tratamento das doenças mentais, e defrontar-se com um passado tão obscuro como os acontecimentos do Hospital Colônia de Barbacena, impõe uma série de reflexões sobre a adoção de uma postura mais ética e humanista na nossa prática profissional, que busque enxergar um indivíduo em sua integralidade e não apenas um doente ou uma doença.
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