Analise Critica do Filme Laranja Mecânica
Por: AlineLucio • 11/11/2024 • Resenha • 794 Palavras (4 Páginas) • 42 Visualizações
ANÁLISE CRÍTICA DO FILME LARANJA MECÂNICA, SOB A ÓTICA DO BEHAVIORISMO.
Aluno: Aline Rodrigues Oliveira Lúcio
Curso: Psicologia, 5º Período
Disciplina: Análise Experimental do Comportamento
Professor(a): Lívia Rezende
Introdução
O filme Laranja Mecânica (1971), dirigido por Stanley Kubrick e baseado no romance homônimo de Anthony Burgess, oferece uma base rica para a análise de conceitos do behaviorismo, explorando aspectos fundamentais do comportamento humano. Na obra, três características do protagonista, Alex DeLarge, são ressaltadas: o apetite sexual, a violência e o desejo de liderança. Interessantemente, esses traços são representados apenas por personagens masculinos, sugerindo uma visão possivelmente limitada de Burgess sobre gênero.
Análise Behaviorista de Laranja Mecânica
1. Behaviorismo e Condicionamento Clássico
O tratamento aplicado a Alex, conhecido como Técnica Ludovico, é um exemplo de condicionamento clássico. Ivan Pavlov e, posteriormente, John B. Watson, demonstraram que respostas fisiológicas podem ser condicionadas a estímulos neutros. No filme, Alex é exposto a cenas violentas enquanto recebe um medicamento que provoca náusea, associando a violência a reações físicas de aversão. A técnica se alinha aos princípios pavlovianos, gerando uma resposta automática de desconforto sempre que Alex pensa ou se depara com a violência.
2. Condicionamento Operante e Reforços
O filme também explora o conceito de condicionamento operante, conforme descrito por B. F. Skinner, onde comportamentos são moldados por reforços e punições. Alex passa por situações que demonstram diferentes tipos de reforço e punição:
- Reforço positivo: Alex demonstra interesse pela Bíblia, o que atrai a atenção do capelão da prisão, funcionando como um reforço de sua busca por aprovação.
- Reforço negativo: Para evitar as náuseas provocadas pela técnica Ludovico, Alex tenta suprimir seus impulsos violentos e evita ouvir Beethoven, que anteriormente o estimulava à agressão.
- Reforço secundário: O consumo do "moloko", bebida misturada a drogas, motiva Alex e seus amigos à violência, funcionando como um reforço que intensifica seu desejo por brutalidade.
- Reforço generalizado: Em uma cena em que Alex convida duas jovens para sua casa, ele se comporta de maneira amigável, mas com o objetivo de satisfazer seu desejo sexual, revelando como ele utiliza o reforço de interação social para alcançar seus objetivos pessoais.
- Punição: Após o tratamento, Alex experimenta náuseas intensas ao se deparar com violência, impedindo-o de agir agressivamente.
- Extinção: Ao longo do filme, o comportamento violento de Alex perde a função punitiva, e ele volta a agir violentamente sem sentir o desconforto causado pelo tratamento.
3. A Caixa de Skinner e o Controle do Comportamento
A teoria do condicionamento operante de Skinner é representada de forma distorcida no filme, pois Alex não possui a autonomia característica da "caixa de Skinner". O método coercitivo aplicado a ele é extremo e elimina qualquer liberdade de escolha. Skinner já advertia sobre os riscos de políticas sociais que usam o behaviorismo como ferramenta de controle, apontando para o perigo de criar indivíduos que obedecem sem transformação moral genuína.
4. Crítica Ética: O Behaviorismo como Ferramenta de Controle Social
A aplicação rígida do behaviorismo em Alex levanta questões éticas profundas. A Técnica Ludovico interfere em sua autonomia e livre-arbítrio, ignorando-o como um ser complexo. Essa abordagem reflete críticas ao behaviorismo de teóricos como Carl Rogers, que enfatizava a autodeterminação no desenvolvimento humano. O filme sugere que o condicionamento comportamental pode suprimir comportamentos, mas não promove mudanças autênticas de valores.
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