Anos 80 E 2000 Do Assistente Social
Trabalho Universitário: Anos 80 E 2000 Do Assistente Social. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 5/11/2014 • 1.548 Palavras (7 Páginas) • 2.624 Visualizações
Introdução:
Antigamente o Serviço Social era pouco valorizado, visto como uma filantropia, feita por pessoas “caridosas e com boa vontade”. Hoje, as mudanças no mercado de trabalho desafiam diretamente os profissionais do serviço social, devido às exigências cada vez maiores de especialização para entrar no mercado de trabalho.
Traremos no respectivo trabalho relatórios sobre as principais mudanças ocorridas na área, as dificuldades enfrentadas para o reconhecimento do Serviço Social como profissão, os desafios para inserção do profissional no campo de trabalho, no qual hoje, a área de abrangência pode ser considerada como muito extensa e as características que o profissional deve apresentar nessa era contemporânea, para conseguir obter êxito e se destacar como profissional, já que um dos maiores desafios do Assistente Social é decifrar a realidade e construir propostas criativas de trabalho.
Década de 80:
Na década de 1980 acontecia uma importante transformação, decorrente da redemocratização da sociedade, onde acontecia um intenso movimento da população, multidões ganhavam as ruas quebrando o silêncio em relação a ditadura militar, nesse período aconteciam as diretas já , que tomou conta do brasil chamando o povo as ruas e reivindicando que o processo democrático fosse respeitado
Esse foi um período de grande participação popular, O Serviço Social já existia como Profissão , mais num caráter de caridade, um olhar mais conservador , não havia por parte dos universitários uma discussão mais critica, devido ao contexto politico dos anos anteriores (ditadura).
Nesse momento acontece a Renovação do Serviço Social, que foi muito importante.
Esta nova realidade profissional vai marcar o inicio da erosão das bases do Serviço Social “tradicional”, no qual “o assistente sócia l quer deixar de ser um ‘apostolo’ para investir-se da condição de ‘agente de mudança’”
Existia uma inquietação dos assistente social quanto o seu papel posicional. As ações profissionais passaram a ser questionadas quanto a sua eficácia mediante a realidade social brasileira, assim como os fundamentos teóricos e metodológicos que fundamentavam sua prática. O que resultou na união de um grande grupo heterogêneo de profissionais “interessados em promover efetivamente o desenvolvimento econômico e social”, marcando assim os primeiros passos para a renovação profissional. (NETTO,2005, p.10).
O processo de renovação crítica do Serviço Social é também conhecido como o processo de ruptura do Serviço Social com o tradicionalismo profissional. Este processo não aconteceu de imediato, mas iniciou-se a partir de questionamentos e criticas a cerca de seu conteúdo metodológicos e da sua pratica profissional, explicitando assim os conflitos e contradições existentes configurando novas possibilidades de ação voltadas para classe trabalhadora.
A ditadura militar que no Brasil proporcionou o fortalecimento do conservadorismo no interior da profissão, foi também responsável no primeiro momento a uma renovação modernizadora da profissão ainda que sob uma direção fascista imposta por esta conjuntura, possibilitou também a emergência da renovação da categoria profissional, dando inicio ao processo de ruptura profissional ,em ressonâncias das tendências que, na Reconceituação, apontavam para uma crítica radical ao tradicionalismo
Alguns fatores importantes no processo de renovação crítica do Serviço Social na década de 1980: a aprovação do novo currículo mínimo, pelo Conselho Federal de Educação em 1982, representou um ganho significativo para a perspectiva de intenção de ruptura; a aproximação do serviço Social “da discussão sobre a vida cotidiana, através de autores como Lukács e Heller,Goldman, Lefèvre”. (BARROCO, 2006, p. 174) e a presença da influência Gramscianaem varia produções desta época e que possibilitaram novas reinterpretasses das possibilidades de renovação crítica, influenciando assim a elaboração do Código de ética profissional de 1986 que se configurou como elementos significativos no processo de ruptura profissional, sobretudo, nos aspectos político e teórico, expressando a influência do pensamento marxista no Serviço Social. (BARROCO, 2006, p. 170)
Como vimos o Serviço Social no Brasil é caracterizado, pela herança do Movimento de Reconceituação, pois, como bem afirma Netto (2005), é impossível imaginar o Serviço Social crítico, sem atrelá-lo a esta herança, mesmo tendo a convicção de que há uma pluralidade ideológica e teórica, própria da diversidade que é formada a categoria profissional, ainda que sob a égide de um projeto ético-político que faz a crítica ao tradicionalismo.
Década de 2000:
Nos anos 2000, a conjuntura provoca novas disputas em torno da “questão social” e do papel a ser cumprido pelas políticas sociais. Assistimos à diversas formas de precarização da formação profissional, como parte do processo de precarização da educação brasileira. O número de cursos e de vagas para Serviço Social cresce exponencialmente. A capacidade de mobilização em torno de projetos coletivos se reduz. Com isso, surgem novos desafios na luta pela consolidação dos direitos da população usuária dos serviços prestados por assistentes sociais.
Esses elementos apontam para a necessidade de fortalecer o projeto ético-politico profissionais, que vem sendo construído pela categoria há mais de três décadas. E entendemos que essa luta só é possível com o aprimoramento intelectual e com a organização coletiva de assistentes sociais em suas entidades, bem como com o conjunto da classe trabalhadora.
O surgimento das politicas sociais foi gradativo e diferenciado entre os países, com base nos movimentos e organizações reivindicatórias da classe trabalhadora e na correlação de forças no âmbito do Estado. A história relata que é no final do século XIX o período em que o estado capitalista passa a assumir a realizar ações sociais mais amplas, planejadas e sistematizadas sob caráter de obrigatoriedade.
Assim o século XX vive transformações globais desenfreadas que alteram a vida de bilhões de pessoas no mundo. As transformações no mundo do trabalho determinaram novos padrões de organização e gestão da indústria, novos tipos de relações e contratos de trabalhos e comercialização, altos índices de investimentos com avanços tecnológicos e de automação.
Varias transformações afetaram as relações de trabalhos e o cotidiano do trabalhador nos anos XX, como educação, saúde, habitação, lazer e a vida privada. Contudo, o que permanece é o modelo societário capitalista sob o qual ocorrem tais modificações. E assim, este estabelece no final do século XX, não mais como concorrencial. E com a Era Imperialista, tem-se uma hegemonia que se efetiva a partir consolidação de grandes grupos monopolizados (concentração do capital).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os profissionais de Serviço Social, tendo diretrizes, princípios e atribuições são solicitados a trabalhar em um contexto contraditório, onde é preciso conhecer o funcionamento da instituição e as demandas do território, e os limites encontrados nesses espaços. Mesmo sendo um instrumento basilar da profissão, há desafios em trabalhar na operacionalização do Código de Ética diante das demandas que são apresentadas a todo o momento.
Segundo Iamamoto [...] a operacionalização do projeto profissional supõe o reconhecimento da arena sócia histórica que circunscreve o trabalho do assistente social na atualidade, estabelecendo limites e possibilidades à plena realização daquele projeto. (...) articula um conjunto de mediações que interferem no processamento da ação e nos resultados individual e coletivamente projetados, pois a história é o resultado de inúmeras vontades lançadas em diferentes direções que tem múltiplas influências sobre a vida social (2007, p. 230).
Netto (2006) afirma que o debate acerca do projeto ético-político do Serviço Social se deu a partir da transição da década de 1970 e 1980, seguida das discussões do processo de reconceituação do Serviço Social pós-ditadura (1960) recusando o conservadorismo e trazendo a tona à reinserção da classe trabalhadora na cena política, que consequentemente exigiu da sociedade brasileira transformações políticas e sociais.
Na transição da década de 1980 para a década de 1990 mesmo havendo avanços nas discussões acerca do projeto profissional, interligadas a formação 14 profissional, em que determinados componentes foram construídos e legitimados pela categoria, tais como o atual código de ética profissional, a Lei de Regulamentação da Profissão (8662/93), as novas diretrizes curriculares e a Constituição de 1988, não se concretizou este projeto, pois está em constante desenvolvimento. Já que “este projeto profissional se vincula a um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social, sem exploração/dominação de classe, etnia e gênero”. Este não depende somente do assistente sociais, mas sim de articular com categorias de outros profissionais para potencializar seu direcionamento para com a classe trabalhadora.
De acordo com Teixeira e Braz (2009) é preciso considerar vários fatores que implicam no desenvolvimento de um projeto societário, desde sua relação social, que vale considerar a sua relação com o caráter político, cujas determinações estão ligadas ao interesses sociais, e consequentemente ao posicionamento do assistente social em uma direção social.
O projeto ético-político do Serviço Social está vinculado ao projeto de transformação da sociedade ou de conservação da ordem, e está presente no plano ideal e prático, ou seja, se desenvolve frente às contradições econômicas e políticas na dinâmica das classes sociais interferindo diretamente na direção do fazer profissional.
Segundo Iamamoto: Os projetos profissionais são indissociáveis dos projetos societários que lhes oferecem matrizes e valores que expressam um processo de lutas pela hegemonia entre as forças sociais presentes na sociedade e na profissão(2006, p. 184).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
_________.Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação social. 19.ed. São Paulo: Cortez, 2010. p. 173.
ABEPSS/CEDEPSS. Proposta básica para o projeto de formação profissional. Revista Serviço Social & Sociedade. Nº 50. Ano XVII. Abril de 1996. São Paulo: Cortez, 1996
ABREU, M. C. A dimensão pedagógica do Serviço Social: bases histórico-conceituais e expressões particulares na sociedade brasileira. Serviço Social & Sociedade. Ano XXIV, nº. 79. São Paulo: Cortez, 2004. p.51-52.
IAMAMOTO, M. V. A questão social no capitalismo. Temporalis. Revista da Associação Brasileira Ensino e Pesquisa em Serviço Social, Brasília, ano 2, n.3, jan./jul.2001. p. 17.
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