Análise da Teoria de Wallon com o filme “O Paizão”
Por: Nuporanga • 20/9/2022 • Trabalho acadêmico • 5.651 Palavras (23 Páginas) • 376 Visualizações
Análise da teoria de Wallon com o filme “O Paizão”
SUMÁRIO
- INTRODUÇÃO04
- ESTÁGIOS05
- Impulsivo-Emocinal05
- Sensório-motor e Projetivo06
- Personalismo07
- Categorial08
- Adolescência e Puberdade10
- ANÁLISE DO FILME .............................................................................13
- CONCLUSÃO19
- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo permitir-nos conhecer a teoria de desenvolvimento do psicólogo, filósofo, médico e político, Henri Paul Hyacinthe Wallon, que nasceu e viveu na França entre 1879 e 1962. Ele participou da primeira (1914-1918) e da segunda (1939-1945) guerras mundiais, o que lhe proporcionou a oportunidade de, ao tratar feridos, observar lesões orgânicas e seus reflexos sobre os processos psíquicos assim como reforçar sua crença na necessidade de a escola assumir valores de solidariedade, justiça social, antirracismo, como condições para a reconstrução de uma sociedade justa e democrática.
Formou-se em filosofia, medicina e psiquiatria, áreas que denotam seu interesse em psicologia. Dedicou-se primeiramente à psicopatologia e mais tarde à compreensão do desenvolvimento da criança, buscando sua gênese, sua origem, explorando assim as origens biológicas da consciência. A partir da análise de suas observações, comparando semelhanças e diferenças entre o desenvolvimento de crianças normais e patológicas, entre crianças e adultos, foi identificando seus vários estágios, criando assim, a teoria do desenvolvimento.
Ao longo de seu trabalho, ele desenvolveu cinco estágios do desenvolvimento humano: Impulsivo-emocional (do nascimento até o primeiro ano de vida), Sensório-motor e Projetivo (dos três meses aos três anos), Personalismo (dos três aos seis anos), Categorial (entre os seis e os onze anos) e Adolescência ( a partir dos onze, doze anos), os quais serão descritos mais detalhadamente, a seguir.
Dentre esses estágios, o presente trabalho vai se ater ao Estágio do Personalismo, momento no qual há a predominância afetiva sobre o individuo, um período crucial para a formação da personalidade e da autoconsciência do individuo, fase em que a criança apresenta um caráter auto-afirmativo - crise negativista, opondo-se sistematicamente ao adulto, praticando também a imitação motora e social.
ESTÁGIO IMPULSIVO EMOCIONAL
O estágio impulsivo emocional tem como período de ocorrência do nascimento ao primeiro ano de vida de uma criança. Wallon enfatiza esse estágio do desenvolvimento, pois acreditava ser um momento da vida de extrema importância para o desenvolvimento posterior da criança. Esse estágio tem como predominância funcional afetiva e seu fator dinamogênico é endógeno. Por característica possui duas fases: impulsiva e emocional.
A fase impulsiva consiste entre os primeiros três meses de vida, em que há presença de uma impulsividade motora, ainda reflexa, característico desse período de contato com a realidade, pois é dessa maneira que o bebê estabelece comunicação com seus envolventes. Sua sobrevivência é absolutamente dependente do adulto, que sana suas necessidades, caracterizando o que Wallon denominou de simbiose fisiológica. Ela não diferencia suas sensações nem as formas de satisfação e é através dos impulsos motores que vai indicar suas necessidades. Possui uma relação simbiótica com a mãe e ocorre uma comunicação entre mãe e bebê através de reações fisiológicas no corpo da mãe. Acrescenta-se a simbiose fisiológica uma simbiose afetiva: período inicial do psiquismo, onde a reciprocidade se dá por impulsos contagiantes, pela indiferenciação suscitada pela força da emoção.
A segunda fase é dos três meses até os doze meses, logo quando a criança completa seu primeiro ano de vida. Sua comunicação com o mundo externo se dá através de uma linguagem primitiva constituída de emotividade, através de trocas afetivas. A emoção produz uma comunicação forte mediante a atividade tônico-postural (movimentos, gestos...).
A mãe começa a identificar as reações emocionais/afetivas, e a interação entre os dois se dá pela interpretação da mãe sobre as reações do bebê. No início da fase a criança não identifica o outro e muito menos ela mesma, pois há uma indiferenciação eu - outro, visto que a construção do eu não ocorre no primeiro ano de vida. Aos seis meses já há uma alteração significativa, pois a criança já reconhece o outro, conseguindo internalizá-lo. Começa também a atividade circular, a criança apresenta repetições de ações como uma tentativa de explorar o próprio corpo e o mundo ao seu redor.
ESTÁGIO SENSÓRIO- MOTOR E PROJETIVO
Inicia por volta de um ano e meio e se estende até os três anos de idade. A predominância funcional é cognitiva e os fatores dinamogênicos são exógenos. Etapa que é caracterizada pela investigação e exploração da realidade exterior, como também pela aquisição da aptidão simbólica e pelo início da representação. É o momento em que a inteligência dedica-se à construção da realidade.
A repetição do movimento em cadeia circular permite a criança vivenciar diversas reações que seu ato produz.
As possibilidades práticas ampliadas pela novidade da marcha e da linguagem, colaboram para a atuação da criança no mundo que a rodeia, ampliando sua referência a si mesma.É um momento de reconhecimento espacial dos objetos, de si mesma e de maior diversidade de relações com o meio.
O andar e a linguagem darão oportunidade à criança de ingressar no mundo dos símbolos. Nesse momento inicia a segunda parte desse estágio, a etapa projetiva, que caracteriza a forma do funcionamento mental da criança, o ato mental projeta-se em atos motores, a criança se utiliza dos gestos para expressar seus pensamentos. Antes a presença dos objetos era necessária para que soubesse de sua existência, agora a criança já consegue localizá-los e distribuí-los no espaço.
A imitação e o simulacro são dois movimentos projetivos que contribuirão para a expressão dessa atividade mental. Acriança consegue, pela imitação (cópia do modelo), opor-lhe seu próprio eu e distinguir-se do modelo. O simulacro, como a imitação, também prelúdio a representação, caracteriza-se pelo pensamento apoiado em gestos, a criança simula uma situação de utilização do objeto sem tê-lo presente.
A linguagem é o instrumento que vai elaborar a expressividade da criança no mundo das imagens e dos símbolos, implicando o nascimento e a formação da representação.
A criança poderá lidar com o real através de gestos simbólicos, em que o objeto passa a ser visto por seu significado e não somente pelo que aparenta ser. A função simbólica de desdobramento e de substituição é condição para o nascimento do pensamento e da pessoa. Para que ocorra essa apropriação, que conduz à consciência de si, é necessário inicialmente constituir o eu corporal.
A criança progressivamente individualiza a representação de si mesma, separando-se do todo em que estava confundida. O período animista é um exemplo que mostra como as partes do corpo ainda estão mal integradas na unidade de sua pessoa, ou seja, quando a criança atribui vida independente a alguma parte de seu corpo.
O reconhecimento de sua imagem na frente do espelho, é uma conquista cognitiva importante, pois demonstra a compreensão de que sua imagem pertence ao plano da representação.
Podemos concluir que nesse estágio, mesmo com o aumento de recursos, a criança ainda não possui a noção do eu psíquico, mas já possui a noção do eu corporal.
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