Borderline
Por: joana911 • 3/10/2016 • Trabalho acadêmico • 6.487 Palavras (26 Páginas) • 845 Visualizações
Título em cabeçalho: Borderline
Transtorno de Personalidade Borderline
Joana Filipa Bordalo Maroto nº 21106455
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Psicopatologia
Docentes:
Mestre João Taborda
Departamento de Psicologia
Junho, 2016
Índice:
- Origem do termo Borderline
- Borderline ou estado limite
- Etiologia (factores precipitantes)
- Semiologia
- Critério para o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline (DSM-IV-TR/ DSM-V)
- Psicoterapia, Psicofarmacologia e tratamento hospitalar
- “ Vida interrompida” e “cisne negro” - alusões mais comprovativas desta patologia
- Estudo de casa
Transtorno de Personalidade Borderline / Estado Limite
Segundo Berkowitz, C; Gunderson, J; Sancho, A. R, todos temos uma Personalidade, isto é, uma forma pessoal e particular de vivenciar e interagir com o mundo e com os outros. A personalidade tem a ver com a forma como pensamos, percebemos e vemos nos mesmos (cognição), sobre como nos sentimos e respondemos emocionalmente (os afectos), como nos relacionamos com os outros (relações interpessoais), e a forma como controlamos os nossos impulsos (controlo dos impulsos). ( Berkowitz, C; Gunderson, J; Sancho, A. R; “Guia práctica para familiares y pacientes com transtorno limite de la personalidad” del «Pssychosocial Researchzx)
Um transtorno de personalidade “caracteriza-se por um padrão permanente e inflexível de pensamento, emoções e comportamento” que se encontra desajustado em relação ao da sociedade e da cultura em que o individuo se insere. Tem muitas vezes início da adolescência e no princípio da idade adulta, e traz prejuízos para o sujeito. Pode-se dizer que um individuo/sujeito apresenta um transtorno da personalidade, quando tem dificuldades para responder adequadamente, de “forma flexível” e de forma adaptativa às mudanças que a via nos proporciona. ( Berkowitz, C; Gunderson, J; Sancho, A. R; “Guia práctica para familiares y pacientes com transtorno limite de la personalidad” del «Pssychosocial Researchzx)
O transtorno de borderline, é caracterizado com um padrão invasivo de instabilidade em relação a relacionamentos interpessoais, de auto-imagem e ao nível dos afetos e de uma acentuada impulsividade que começa geralmente no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos. (APA, 2000)
Segundo ( Gabbard, 1998), pelo menos tres quartos dos pacientes que recebem o diagnostico de TPB sao mulheres. Estes estudos sugerem ainda que o TPB surge geralmente, no final da adolescência ou no início da vida adulta (Gunderson e cols, 1991; Gabbard, 1998).
Quando o termo borderline apareceu pela primeira na literatura psiquiátrica na década de 50 e 60 (tabela 1), este sindroma encontrava-se “na fronteira da psicose” ou mais especificamente, da esquizofrenia. Com o passar do tempo e com a recolha de dados que se desenvolveu e acumulou ao longo do tempo, este transtorno aproximou-se mais dos transtornos afectivos que da esquizofrenia (McGlashan, 1983; Rinsley, 1981; Stone e Cols., 1987; cit Gabbard, 1998).
Enquanto o curso do transtorno de personalidade esquizotípica e semelhante à esquizofrenia, o curso do TPB é diferente do da esquizofrenia, mas muito semelhante ao do transtorno afectivo (MCGlashan, 1983; cit Gabbard, 1998)
Origem do termo Borderline
Segundo Berrios (1993) há uma tendência para elaborar categorias diagnósticas para distúrbios mentais graves, próximos da alienação mental, mas sem sintomas declarados de “loucura”, é algo normal na tradição psicopatológica (Berrios, 1993 in P. Dalgalarrondo & W. A. Vilela). Associações como a moral insanity de Prichard (1835), a manie sans délire de Pinel, e as monomanias de Esquirol (1838), podem considerar-se como iniciadores do conceito de borderline. (Dalgalarrondo,P., Vilela, W. A. Transtorno borderline: história e atualidade in Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., II, 2, 52-71)
Kahlbaum (1884, 1890), foi o criador do conceito de “catatonia”, em pareceria com o seu discípulo Hecker, criador do conceito de “hebefrenia”, explicam detalhadamente um síndrome comum a adolescentes, que, apesar das semelhanças com a “hebefrenia”, se aparenta ao que é hoje chamado de transtorno borderline. Em 1871, Ewald Hecker descreve de forma detalhada (Sadler 1985, in P. Dalgalarrondo & W. A. Vilela) um estado de loucura característico de adolescentes, que se qualificaria por afectos como a “delicadeza” e o “desinteresse”, por modificações comportamentais graves e decomposição gradual do pensamento. A tudo isto, Kahlbaum nomearia de “loucura ou loucura juvenil propriamente dita”. Num trabalho de 1884, sobre as doenças mentais dos jovens, Kahlbaum refere quadros menos graves, comuns a adolescentes, nos quais prevalecem alterações do comportamento ético e social, foi entretanto, no trabalho intitulado “Sobre a heboidofrenia”, de 1890, que Kahlbaum descreveu detalhadamente essa forma curiosa de alienação juvenil. Na “heboidofrenia” as alterações eram, maioritariamente no que diz respeito às relações sociais e de personalidade. Normalmente os adolescentes, sofriam alterações em relação ao seu instinto e distúrbios da compreensão das regras morais e dos hábitos culturais. Nos casos extremos poderiam surgir também tendências ou evidências de comportamentos delinquentes. Para Kahlbaum haveria dois tipos básicos de transtornos mentais característicos dos adolescentes que o próprio marcou no grupo dos transtornos “hebéticos”. Em primeiro lugar a “hebefrenia”, com sintomas evidentes de loucura e, em segundo, a “heboidofrenia”, parecida com a “hebefrenia”, mas divergindo dela por não assumir sintomas claros de alienação. A “heboidofrenia” seria assim menos desastrosa que a “hebefrenia”. O adolescente “hebóide” poderia apresentar-se aos olhos menos atentos simplesmente como um adolescente mal educado, com tendências a flutuações repentinas de humor e de comportamento, variam de forma repentina de um estado melancólico para um expansivo, ficando facilmente irritados. São jovens que, embora pensem e raciocinem de forma correcta, discutindo os mais diversos assuntos com facilidade têm, de facto, alguma dificuldade em apreender de forma clara a realidade. Entretanto, apesar desta forma de pensar, os “hebóides”, ao contrário dos “hebefrênicos”, não demonstram ideias delirantes verdadeiras. (Dalgalarrondo,P., Vilela, W. A. Transtorno borderline: história e atualidade in Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., II, 2, 52-71)
...