O Borderline
Por: victorns16 • 2/10/2024 • Trabalho acadêmico • 1.275 Palavras (6 Páginas) • 39 Visualizações
A personalidade borderline, termo que remete à ideia de estar na fronteira, descreve um estado de extrema fragilidade psicológica onde os limites entre a estabilidade emocional e o caos são tênues e constantemente desafiados. Este transtorno mental apresenta um padrão distintivo de instabilidade, manifestando-se na regulação dos sentimentos, no controle dos impulsos, nas relações interpessoais e na autoimagem. Apesar de sua prevalência ser muitas vezes negligenciada em comparação com outros distúrbios psiquiátricos, a personalidade borderline afeta cerca de 2% da população geral, já em ambientes psiquiátricos, cerca de 10% dos pacientes são diagnosticados com o transtorno, e, notavelmente, a maioria dos indivíduos afetados são mulheres, representando até 70% dos casos diagnosticados. ( Lorandi, 2024)
Segundo Masterson, 1972, O transtorno de personalidade borderline emergiu como uma categoria diagnóstica mais definida no início da década de 1950, inicialmente sendo uma noção vaga e imprecisa que abrangia uma ampla gama de sintomas, desde características neuróticas até elementos mais próximos da psicose. Ao longo do tempo, o transtorno passou a ser identificado em adolescentes e adultos jovens, especialmente aqueles com comportamentos impulsivos, autodestrutivos e problemas graves de identidade. A evolução do conceito de personalidade borderline foi marcada por um crescente interesse e precisão, refletido no aumento da pesquisa e publicações sobre o tema. Nas últimas duas décadas, houve um aumento significativo na compreensão e no estudo clínico. O conceito atual desse transtorno, como definido no DSM-III de 1980, representou uma mudança crucial, deixando de ser uma categoria vaga para se tornar um distúrbio específico de personalidade. Nessa classificação, comportamentos impulsivos, autolesivos, sentimentos de vazio interno e defesas egoicas primitivas são características predominantes. A sua história está marcada por uma jornada de reconhecimento e definição, desde sua origem como uma noção nebulosa até sua inclusão como um transtorno de personalidade bem definido e reconhecido nos sistemas diagnósticos contemporâneos. Este transtorno continua a ser objeto de intensa pesquisa e intervenção clínica, visando a compreensão mais profunda e o desenvolvimento de abordagens terapêuticas eficazes. (APA,1994)
O transtorno de personalidade borderline é uma condição complexa que se caracteriza por uma ampla variedade de sensações, emoções, e comportamentos contraditórios, como raiva, tristeza, vergonha, pânico, terror e solidão. Os indivíduos afetados frequentemente experimentam mudanças abruptas de humor ao longo do dia, alternando entre períodos de intensa tristeza e estados de euforia moderada, além disso, sua capacidade cognitiva pode ser afetada, resultando em uma percepção distorcida da realidade, tanto de sofrimento quanto de bem-estar, com possibilidade de experiências de dissociação e despersonalização, em casos mais graves, podem ocorrer episódios transitórios de ilusões e alucinações, distorcendo a interpretação da realidade. Um dos maiores traços característico desse transtorno, é a impulsividade, que se apresenta principalmente de duas maneiras distintas, como envolvimento em comportamentos autodestrutivos, automutilação, ameaças e tentativas de suicídio, enquanto outros demonstram impulsividade de forma mais ampla, através do abuso de substâncias, distúrbios alimentares, comportamentos sexuais de risco, explosões verbais e condução imprudente. Por fim, uma característica marcante nos indivíduos com essa condição, é a dificuldade nos relacionamentos interpessoais, por frequentemente enfrentarem temores intensos relacionados ao abandono e a solidão, podem optar por recorrer a táticas desesperadas para evitar ficarem sozinhos ou serem deixados para trás. Além disso, oscilam entre idealização e desvalorização das pessoas ao seu redor, o que leva a relacionamentos instáveis, caracterizados por discussões frequentes e rupturas, contribuindo para a instabilidade geral dos relacionamentos dos indivíduos com esse transtorno. ( Lorandi, 2024)
O transtorno de personalidade borderline (TPB) tem suas origens explicadas por uma variedade de fatores, dos quais se destacam os biológicos, experiências de separação e perda, abuso infantil e um ambiente familiar tumultuado. Entende-se hoje que a separação precoce dos pais e experiências traumáticas na infância desempenham um papel crucial na formação do TPB, por exemplo, pacientes diagnosticados com esse transtorno frequentemente passaram por uma separação traumática de ao menos um dos pais. (O’Donohue e Cucciari, 2007). Além disso, a ocorrência de abuso sexual na infância também está fortemente associada ao desenvolvimento do TPB. Pesquisas realizadas por Hermann, Perry e Van der Kolk (1989) mostram que 81% dos pacientes com essa condição possuem histórico de abuso físico ou sexual na infância, e que a gravidade dele no futuro pode estar relacionada à idade, frequência e intensidade do abuso. Um ambiente familiar caótico e perturbador é outro fator significativo na etiologia do TPB, assim como relacionamentos disfuncionais, abuso emocional e negligência por parte dos cuidadores também contribuem para o desenvolvimento desse transtorno.
O transtorno de personalidade borderline (TPB) apresenta uma gama complexa de desafios, não só para aqueles que o vivenciam em primeira mão, mas também para suas redes sociais e a sociedade em geral. Por seu padrão instabilidade emocional, impulsividade e relacionamentos turbulentos, uma das
...