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Bullying: Gatilhos publicitários que podem influenciar no comportamento infantil

Por:   •  21/8/2018  •  Artigo  •  2.765 Palavras (12 Páginas)  •  283 Visualizações

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Bullying: gatilhos publicitários que podem influenciar no comportamento infantil[1]

Renata Gladys Amaral Mendes CUNHA[2]

Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF

RESUMO

O bullying reflete diretamente no contexto psicológico, social e educacional da criança. Exposto de maneira objetiva, há uma série de comportamentos descritos que favorecem a identificação de possíveis autores e vítimas. Assim, por meio de pesquisas bibliográficas esta pesquisa busca compreender de que forma a publicidade pode desencadear fatores que gerem comportamentos agressivos nas crianças. Percebido como fator pertinente, a publicidade tem espaço significativo no desenvolvimento infantil uma vez que este recurso pode promover discursos identitários e projetivos.

PALAVRAS-CHAVE: bullying; publicidade; agressão; comportamentos violentos.

Introdução

O bullying pode ser definido como ameaças constantes e comportamentos agressivos feitos a outras pessoas consideradas “inferiores”. As agressões podem ser de natureza verbal, física, de isolamento, intimidações, injúrias, furtos, cyberbullying e de cunho sexual. Os fatores que desencadeiam esse comportamento podem surgir do contexto social, cultural e econômico em que vive o agressor e a vítima. Estes podem ser relacionados a cor da pele, religião, porte físico, ideologias, fisionomia, classe econômica, escolaridade, dentre outros.

Uma vez que os contextos são os mais diversos possíveis, a preocupação com os conteúdos televisivos direcionados, ou não, ao público infantil é pertinente. Assim, o questionamento que se evidencia é: de que forma os conteúdos apresentados às crianças podem ser gatilhos para comportamentos de bullying?

Partindo deste questionamento buscar-se-á a compreensão acerca do fenômeno e identificação, a partir de determinantes psicológicos, de como os conteúdos podem influenciar as crianças a possíveis predeterminações a prática do bullying à exposição apelativa midiática ao público infantil. Para isso, será feito levantamento bibliográfico pertinente às estruturas psíquicas e possíveis efeitos psicológicos, de forma a construir concepções que apresentem os fatores que podem gerar os comportamentos agressivos, abordando os determinantes que fundamentam os agravos ocorridos no psicológico da criança, com o viés publicitário direcionados às crianças, juntamente com a identificação dos malefícios gerados e qual o seu reflexo no desenvolvimento da personalidade.

O artigo se estrutura em um primeiro momento trazendo o contexto histórico que aborda o tema através de Dan Olweus, que se dedicou a estudar sobre o bullying. Posteriormente será evidenciado os tipos de sujeitos participantes da ação e assim a identificação dos mesmos mediante seus comportamentos. Ainda, uma breve introdução sobre a publicidade no contexto infantil com os possíveis determinantes e por fim uma abrangência de consequências deste contexto.

  1. Contexto Histórico do Bullying

Não é um episódio recente, entretanto o termo e as pesquisas foram se popularizando nos anos 80 por Dan Olweus. Nascido na Suécia, doutorando da Universidade de UMEA e posteriormente professor de Psicologia na Universidade de Bergem, Dan Olwens é considerado como pioneiro fundador da pesquisa sobre o bullying, tanto na comunidade científica como pela sociedade. Olweus recebeu vários prêmios e reconhecimentos devido suas pesquisas de intervenções sobre o assunto. Recentemente, recebeu um prêmio por “publicação notável e atividade de difusão” pela Universidade de Bergem, e no ano de 2002 recebeu o “Prêmio Saúde Pública de Nordic” pelo Conselho Ministro Nordic. Seu programa de intervenção contra o bullying ganhou reconhecimento nacional e internacional, e o Programa de Prevenção de Bullying foi selecionado como um programa promissor pelo Centro de Estudo e Prevenção da Violência, da Universidade do Colorado em Boulder, que foi recomendado como dinâmica escolar por um comitê da perícia norueguesa para avaliação de 55 programas utilizados pelas instituições educacionais da Noruega.

Dan Olweus teve por incentivo para suas pesquisas o aumento crescente do número de suicídios na fase infanto-juvenil, principalmente na Europa. Fato este que fez com que os pesquisadores procurassem descobrir os motivos, e constataram que uma de suas principais causas eram os maus tratos sofridos por seus colegas de escola. Isso despertou a atenção dos profissionais, principalmente dos psicólogos, que buscaram formas de introduzir neste meio condições de relacionamentos sadios entre os alunos.

Tem-se como referência seu livro Bullying na Escola: o que sabemos e o que podemos fazer (1993), publicado em mais de 25 línguas diferentes. Segundo Olweus existem oito tipos de bullying: verbal, de isolamento ou exclusão, agressão física, difamação, furto à vítima, ameaça, assédio sexual e cyberbullying. Seus estudos realizados (1991) mostraram que 1 em cada 7 estudantes tinham envolvimento com o bullying, em termos mais simples, 15% dos alunos matriculados na educação básica eram vítimas ou agressores. Segundo pesquisa do Fundo das Nações para a Infância (Unicef) sobre a qualidade de vida de crianças e adolescentes de 21 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) o resultado salientou que os índices de bullying são evidentemente alarmantes, e a maior incidência está na Áustria, Portugal e Suíça, que apontam 40% das vítimas desse fenômeno. No nosso país, pesquisas de 2000 e 2003 com 2 mil alunos de determinadas escolas públicas e privadas de São Paulo, 49% dos participantes da pesquisa estavam envolvidos. Desses, 12% eram vítimas agressoras, 22% eram vítimas e 15% eram agressores.  

  1. Os tipos de protagonistas

O bullying é tido por atitudes e comportamentos violentos que acontecem de forma repetitiva. CALHAU em suas pesquisas aponta algumas condutas pertinentes que podem identificar os papéis de cada indivíduo bem como seus respectivos comportamentos. São eles:

2.1. Vítima: subdividem-se em vítimas típicas, vítimas provocadoras e vítimas agressoras. As típicas são aquelas que, geralmente, são pouco sociais, retraídas e introvertidas, e normalmente possuem aspectos físicos que as fazem diferente dos demais – é importante ressaltar que mesmo que apresentem tais características, não obrigatoriamente serão vítimas. As provocadoras são aquelas que agem de forma impulsiva trazendo contra si reações agressivas por terceiros, por não conseguirem lhe dar com as consequências, acabam vitimada, esses apresentam comportamentos ofensivos, intolerantes e provocativos. Já as agressoras são aquelas que são ou já foram vítimas e consequentemente acabam reproduzindo os traumas sofridos. Costumam entrar e em grupos e ofender o seu agressor ou para escolher novas vítimas para o mesmo fim e adotam as mesmas atitudes de acovardamento da mesma forma como foram vítimas;

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