Formação Social e Cultural Brasileira
Por: livstorm • 26/6/2017 • Trabalho acadêmico • 838 Palavras (4 Páginas) • 803 Visualizações
[pic 1] | Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Assis |
Curso: Psicologia Disciplina: Formação Social e Cultural Brasileira Docente: Antonio Carlos Barbosa da Silva Discentes:.Larissa Fontoura Gonçalves |
Como o Brasil criou uma cultura única, sem se submeter totalmente à cultura da etnia opressora (lusitana)?
“Surgimos da confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos [...] nessa confluência tem-se um novo modelo de estrutura social.” (RIBEIRO, 1995, p. 9)
Forjada entre as os tacapes cobertos de sangue dos brasis e os grilhões que mutilavam o preto africano, a palavra chave para a cultura brasileira é “resistência”. Resistência do povo nativo, ludibriado e escravizado por aqueles que eles acreditavam ser um povo divino. Resistência do povo negro, maltratado, humilhado e trazido à força para um mundo completamente diferente daquele em que vivia. Resistência até mesmo do europeu, empenhado em difundir seus costumes e valores numa terra quase alienígena, aos seus olhos.
Chega a ser ingênuo pensar que a cultura brasileira iniciou-se com a chegada do colonizador europeu. Há de se levar em consideração os povos que aqui haviam nascido, crescido e se desenvolvido enquanto sujeitos com identidade e forma de ver o mundo próprias. Um milhão de pessoas espalhadas ao longo do território brasileiro, subdivididos em tribos auto-organizadas e com leis e costumes próprios e diferentes entre si.
Para o povo brasil, aqueles homens que vinham do mar eram o povo de Maíra e vinham de uma terra utópica e repleta de maravilhas. Os brasis englobam esse português vindo da terra santa no seio de suas aldeias. Trocando a sua compreensão daquele mundo, tão novo para o homem branco, por utensílios e ferramentas, trazendo-o para dentro de sua comunidade quando ofereciam suas mulheres para os homens filhos de Maira. A prole dessa relação, os chamados mamelucos, são essenciais para o futuro processo de colonização, atuando quase como mediadores entre colonizador, povo nativo e a própria natureza; cabe aqui a ressalva que os bandeirantes, os maiores responsáveis pela ocupação do território, em sua grande maioria nasceu dessa relação.
Enquanto o sistema de permuta é substituído pela escravidão indígena, a catequese e a colonização em massa, que trouxe consigo as doenças do homem branco, matam tribos inteiras. O nativo, dono da terra, tem uma outra forma de lidar com o trabalho e além disso conhece seu território muito melhor que o homem branco; por quê se submeteria a trabalhar nos engenhos de cana de açúcar? É nesse ponto que entra em nossa história um outro povo, tão ou mais presente em nossa cultura quanto os outros dois: o negro africano.
Trazidos aos milhões para nosso país, os negros trazem consigo um repertório riquíssimo de costumes, crenças e lendas. Sob o poder do senhor de engenho, foram violentamente submetidos a uma realidade de opressão e trabalho forçado. Sua religião é tão repudiada pelos brancos quanto necessária para a própria sobrevivência dos escravos. Os orixás se manifestam à sua volta, estão presentes na batida do tambor que se toca quando o sinhozinho também está festejando, estão presentes no rio, no trovão, no mar e até no vento que toca sua pele. Quando tudo a sua volta te faz questionar a sua humanidade, a contemplação do divino é um respiro necessário a alma negra.
...