GARIS: TRABALHO E PRECONCEITO
Por: costa10 • 6/5/2017 • Artigo • 4.236 Palavras (17 Páginas) • 285 Visualizações
GARIS: TRABALHO E PRECONCEITO
RESUMO
Na vida urbana o trabalho dos garis é de fundamental importância para a sociedade, porém muito desvalorizado e envolvido em preconceitos. A atividades desses profissionais os deixam expostos constantemente aos mais variados riscos de saúde, tanto físicos como psicológicos, visto que é atividade considerada pesada e árdua, além de expostos a todos os tipos de intempéries climáticas. Diante desses fatores, decidimos avaliar e fazer uma intervenção nos aspectos psicológicos causadores desses problemas, e entre eles estão a discriminação, o estresse, a instabilidade emocional e o consumo de álcool e drogas.
Este projeto de intervenção apresentado através de documentário, trata do processo vivido no trabalho dos garis e seus problemas psicossociais. Nele será abordado esse processo cognitivo que envolve também um processo desgastante, visto que o trabalho ao qual se dispõem envolve discriminação, humilhação, baixa autoestima, estresse, irritação, instabilidade emocional, envolvimento com álcool e drogas, dentre outros, e com isto tendo uma influência no processo cognitiva em suas vidas. A natureza exata desses fatos que se tornam problemas, não está em um único fator determinante, ele encontra-se relacionado à linha tênue entre vida profissional e vida pessoal onde os problemas interferem e influenciam um ao outro de forma negativa em alguns aspectos. Concluímos então, que existe uma necessidade de apoio a esses profissionais, pelos diversos fatores de vulnerabilidade emocional.
INTRODUÇÃO:
A violência de comportamentos da vida contemporânea na atividade humana mostra o reflexo na vida pessoal de cada um, e isso vai ser percebido no convívio familiar, profissional e na sociedade de maneira gral, pelos conflitos apresentados, onde ele interage e se relaciona. Desde as suas origens até a atualidade, problemas e transtornos psicológicos tem sido um fenômeno intrínseco a história do ser humano. Desta forma, não deixa de ser diferente na instituição dos Garis que fazem a coleta do lixo, da Prefeitura Municipal de Mossoró, onde podemos identificar vários problemas de ordem psicológica, fruto de um processo de trabalho difícil e discriminativo como é o da coleta de lixo de uma cidade. Nos fatores psicológicos afetados, que causam transtornos em suas personalidades, podemos perceber que alguns se destacam por sua maior incidência, e que levam a problemas tanto no próprio trabalho, como em suas vidas pessoais e sociais. Dentre os comportamentos atribuídos a eles pode-se ver um grande grau de estresse e até o envolvimento com drogas lícitas e ilícitas, possivelmente resquícios recônditos de conflitos psicológicos dos que compõem a instituição. O nosso trabalho pretende intervir nesses problemas, que em alguns casos os transtornos se instalam e causam angustias em suas vidas. Nesse contexto podemos orientar e direcionar as pessoas a uma visão mais clara desses sintomas e conflitos, mediante a questionamentos e esclarecimentos psicoeducativos.
PROBLEMÁTICA
Os Garis ficam submetidos a uma alta carga de trabalho e estão sujeitos a altos riscos de acidentes, que exige desses profissionais grandes esforços físicos e psicológicos, trazendo desse modo, danos a sua saúde e em alguns casos um baixo rendimento no trabalho. Em um estudo realizado por Madruga (2002), sobre as cargas de trabalho encontradas nos coletores de lixo, constatou-se que esses trabalhadores estão expostos a uma carga psíquica, constante relacionada a uma atenção permanente exigida nas tarefas pela insegurança, pela falta de perspectiva, e em um ritmo diário de trabalho que se torna desgastante, na falta de reconhecimento, na falta de valorização, e na irritação em relação ao ruído constante, assim como desgastes físicos e emocionais, devido a exposição ao perigo e exigência da responsabilidade nas tarefa a serem realizadas.
No estudo de Santos (1994) os coletores de lixo apontaram grandes distúrbios aos quais estão sujeitos. Vão desde problemas físicos como problemas de pele, problema auditivo, leptospirose, tétano, Aids, problemas respiratórios, etc., e problemas psicológicos como nervosismo e preocupação e outros distúrbios. Os problemas de nervosismo e preocupação são constantes, assim também como dores estomacais, dores de cabeça, pressão alta e estão associados ao ritmo de trabalho, a pressão das empresas, as precárias condições de vida e principalmente na preocupação de estar trabalhando ou estar desempregado. Relacionam muitas de suas doenças a “ansiedade” que sentem em algumas situações, como o medo do desemprego.
Diante dessas informações podemos verificar os vários tipos de tensões, esforços, desgastes físicos, psicológicos e autos níveis de estresse, oriundos da profissão de gari. Portanto existe a importância e necessidade de ações que venham a auxiliar esses profissionais em seus conflitos.
Silva et al. (2003) e De Micheli et al. (2004) enfatizam a importância de serem realizadas reflexões sobre os tipos de propostas de intervenção e a efetividade destas como uma forma de auxiliar nesse processo.
Muitas vezes todos esses problemas e pressões tanto físicos como psicológicos podem ser o gatilho que venha desencadear problemas e distúrbios de maior gravidade. O uso de drogas pode ter um impulso nesses fatores, como vemos o uso dessas substancias químicas entre eles. O trabalho com essas pessoas pode ser através de palestras para conscientizar, orientar, esclarecer e tirar dúvidas, resgatando valores que muitos deles possam ter perdido. Andretta e Oliveira (2005) realizaram técnicas de Entrevista Motivacional e foram comprovados seus benefícios no tratamento de pessoas envolvidas com drogas, e segundo as autoras, essa técnica está sendo muito utilizada no acompanhamento de pessoas que não analisaram o hábito, o uso desses drogas e suas consequências. A intervenção proporcionará conscientização e esclarecimentos sobre o que lhe aflinge, e também a consciência real dos reflexos negativos na família e na vida delas. Esse tratamento através do esclarecimento, podem promover um alívio, garantindo a essas pessoas um maior equilíbrio psicológico e ajudando-as a um bom restabelecimento pessoal. Desta forma a atuação do psicólogo se inseri nesses contextos e nessas realidades de pessoas menos favorecidas.
Podemos constatar assim a aproximação e ampliação dos serviços psicológicos aos setores e camadas menos privilegiadas, como no caso de classes de baixa renda que é o caso observado com os garis, e que é o foco da nossa intervenção. Com isso pode-se trazer uma nova prática para o
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