HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL
Por: Gabriela Maia • 28/8/2018 • Resenha • 3.902 Palavras (16 Páginas) • 357 Visualizações
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL
Em cada lugar do mundo a psicologia social passou por um processo de institucionalização distinto.
A Psicologia Social, antes da sua institucionalização, constituía um campo fronteiriço com os problemas de sua época e se alimentava de muitas outras áreas.
Século XIX: em função da industrialização, as cidades foram invadidas por classes sociais inesperadas. O que fazer com as multidões das grandes cidades? Como fazer com que as diferentes classes sociais pudessem coabitar os mesmos espaços quando não eram consideradas classes com mesmos direitos? Como evitar os tumultos, conflitos e protestos decorrentes dessas diferenças de direitos?
O pensamento psicossociológico nasce preocupado em explicar como as pessoas, quando em coletividade, fazem coisas que jamais se imaginaria: pedem direitos que não existem, mudam convenções sociais, alteram formas de pensamento, revoltam-se.
Questão principal: como entender a dinâmica dos sujeitos e das sociedades sem criar uma dicotomia entre eles?
Século XX: desenvolvimento para a institucionalização se dá em três polos - EUA, América Latina e Europa.
Primeira Institucionalização ocorre nos EUA: por meio de uma psicologia experimental e de base cognitiva. Briga entre irmãos Allport em função de como é entendida a relação entre sujeito e sociedade: divisão entre uma psicologia social mais positivista e outra menos.
Experimental: o que interessa é a vida privada
Cognitiva: o que interessa é a vida pública
A psicologia social é um fenômeno norte americano porque se institucionalizou lá, e se disseminou pelo mundo devido à colonização estadunidense. Na América Latina a colonização foi mais [a]verticalizada.
América Latina nos anos 70: rompimento ideológico, metodológico e de objeto com o pensamento estadunidense, e parcialmente com o europeu. Rompe com a ideia de psicologia social moderna e tenta criar um campo teórico-metodológico próprio dialogando com autores do resto do mundo.
Brasil, Venezuela, Colômbia, Porto Rico e El Salvador são os protagonistas dessa ação.
Motivação científica: se a ciência só existe a partir dos problemas que o contexto produz, é necessário fazer uma psicologia social que dialogue com a realidade latino-americana.
A realidade da América Latina nos anos 70 é a ditadura: o exército está no poder e não existe liberdade de pensamento em função da violência de Estado.
Uma herança dessa ruptura é o pensamento de que é impossível estudar e intervir em qualquer fenômeno sem pensar na relação entre indivíduo e sociedade. [b]Anteriormente, era difundida a ideia de que sociedade e indivíduo tinham histórias próprias; eram duas extremidades que se relacionavam, mas que existiam individualmente. Ex. sociedade joga uma regra e indivíduo interpreta.
Entretanto,[c] é impossível separar essas duas esferas: a experiência de ser indivíduo é obrigatoriamente uma experiência em sociedade; não há como sobreviver sem a relação com os outros. O indivíduo é um processo de tornar-se indivíduo, não é uma coisa dada, uma herança. Só é possível se nomear como sujeito a partir da interferência dos outros: das regras, dos símbolos, etc.
Anos 70: CRISE DA PSICOLOGIA SOCIAL [d](mudança de paradigma, crítica da psicologia social moderna, institucionalizada nos estados unidos e na Europa).
Crítica básica: já que a base ontológica é de que os indivíduos são construídos socialmente, existem relações de poder que determinam os processos de ser sujeito. Existem hierarquias sociais que aparecem no nosso pensamento como imutáveis. E essas hierarquias são a dinâmica da sociedade, produzem a sociedade. E [e]estão completamente baseadas em relações de poder, sendo (1) funcionais; (2) forcluidas, ou seja, não revelam sua própria história – aparecem como fato dado, se ausenta de revelar o mecanismo que a produz; (3) produzem modos de pensar/sentir/agir.
Atualmente, a construção social dos indivíduos é um consenso na psicologia social. Como ela acontece, ainda é uma discussão.
Outra herança da crise:
A produção do conhecimento não se dá apenas no campo científico, mas também em várias outras experiências humanas. No entanto, a produção de conhecimento em diferentes campos tem dinâmicas distintas.
As dinâmicas do pensamento científico: legitimação ou emancipação – qual é a finalidade ética da produção do conhecimento?
HIERARQUIAS SOCIAIS[f] E SISTEMAS DE LEGITIMAÇÃO
Partindo do princípio de que não existem dois polos para se pensar em relação, de que sujeito e sociedade só existem em relação, é impossível pensar a ação dos sujeitos sem compreender os processos sociais.
É a partir dos processos sociais que qualquer processo de subjetivação pode se instalar. Não existe um processo de subjetivação anterior aos processos sociais: os indivíduos são efeitos desses processos. Sujeitos são corpos que aparecem no mundo social como efeito de mediações anteriores. Não é que não exista liberdade e autonomia, mas esses processos ocorrem sempre em relação a algo já dado.
É preciso pensar o corpo num tempo e espaço específico que são sociais e produzem possibilidades de ser (subjetivações).
O que é esse elemento “social”? A máxima do argumento dos autores é que, dada uma teoria sobre o sujeito na qual ele é efeito de uma história social anterior, toda a psicologia seria social originalmente - seria impossível pensar um processo de subjetivação sem considerar os processos sociais que produzem processos de subjetivação.
Qual é a agência de transformação possível dado que somos efeito de processos sociais?
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