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Introducao Parto Natural e o Ponto de vista psicologico

Por:   •  7/5/2019  •  Projeto de pesquisa  •  940 Palavras (4 Páginas)  •  231 Visualizações

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  1. INTRODUÇÃO

No ciclo vital da mulher, há três períodos críticos de transição que constituem verdadeiras fases do desenvolvimento da personalidade e que possuem vários pontos em comum: a adolescência, a gravidez e o climatério (MALDONADO, 1976, p.19). A gestação e o puerpério são períodos da vida que precisam ser avaliados com especial atenção, pois envolvem inúmeras alterações físicas, hormonais, psíquicas, e de inserção social, que podem refletir diretamente na saúde mental dessas pacientes (CAMACHO et.al., 2006). A gravidez, então, pode ser um momento que gera situações tanto positivas quanto negativas e que terão repercussões para o resto da vida tanto para aqueles que participam do momento do parto (em especial à mulher), quanto para a nova vida que chega ao mundo.
De acordo com Rattner (2009), até o início do século XX o parto era um evento majoritariamente domiciliar, familiar e feminino, atendido por parteiras.

A partir dos anos quarenta, o processo de hospitalização passou a acelerar. De acordo com informações do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS de 2009, no Brasil os partos hospitalares representaram 97,85% do total de partos realizados na rede de saúde, sendo que os partos cesáreos responderam por 50,10% deste número no mesmo ano. Esse cenário é considerado alarmante, visto que segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde – OMS, uma taxa ideal de cesáreas seria entre 10% e 15% do total de partos.

De acordo com o Ministério da Saúde (2001), no fim do século XIX, quando houve processo de expansão da assistência médica no Brasil, o programa de pré-natal surgiu como meio de assistir ao feto, como preocupação social com a criança que viria a nascer, mas não como proteção à mulher. Neste cenário, é notada intensa medicalização, fazendo com que o parto passe a ser encarado como evento médico e masculino, cabendo ao profissional da medicina a condução deste (Zanardo, 2017).

No que tange a saúde feminina, a situação se torna um pouco mais complexa por conta de questões relacionadas ao gênero. A mulher vem, ao longo do tempo, sendo inserida em um modelo social onde é considerada frágil, submissa, inferior, abrindo precedente para a dominação e controle de seus corpos.

Esse cenário é campo fértil para a medicalização do corpo feminino, promovendo um uso abusivo de intervenções no momento do parto.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2014), violência obstétrica se caracteriza pela apropriação do corpo e dos processos reprodutivos das mulheres por profissionais de saúde, causando perda de autonomia e capacidade de decidir livremente sobre seu corpo, impactando negativamente na qualidade de vida das mulheres.

Uma pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo (2010), revelou que, no Brasil, uma em cada dez mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto, sendo as mais comuns gritos, procedimentos dolorosos sem consentimento ou informação, falta de analgesia e negligência.
Muitas vezes tais procedimentos não são vivenciados como violência pelas mulheres, por conta da medicalização do parto e confiança no profissional que está prestando o atendimento. Estas, por sua vez, entendem o parto como um momento de dor e sofrimento, naturalizando essa realidade e difundindo-a dessa maneira.

De acordo com SILVA (et.al., 2017), as formas consideradas mais comuns de violência obstétrica no momento do parto são: a peregrinação em busca de leito hospitalar, não acesso de acompanhante (garantido pela Lei 11.108 de 2005) durante o pré parto, parto e pós-parto, uso de medicamentos para acelerar o trabalho de parto, realização de cesárea sem indicação real, realização de manobras como a de Kristeller, realização de toques constantes e sem indicação de necessidade, restrição de movimentação, de hidratação e alimentação, restrição de posição de parto à posição de litotomia, realização de episiotomia sem consentimento da parturiente e sem informação sobre sua necessidade, não contato da parturiente com o bebê logo após seu nascimento, entre outras formas de agressão.

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