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Movimento alquímico e a vida

Por:   •  4/5/2016  •  Artigo  •  5.091 Palavras (21 Páginas)  •  292 Visualizações

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O MOVIMENTO ALQUÍMICO DA VIDA[1]

Alquimia, Vida e Análise uma Construção a Quatro  Mãos.

     Da Col, Lívia Correia Iannuzzi[2]

Silveira, Denise Amorelli[3]

“Renda-se como eu me rendi.

Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em ‘entender’. Viver ultrapassa todo entendimento.”

Clarice Lispector.

RESUMO

O presente trabalho procura percorrer os caminhos da sincronicidade no processo de Individuação, através da analogia entre a análise e Alquimia; buscando abordar a riqueza e profundidade dos conteúdos inconsciente que se manifestam nos eventos sincronísticos e nos sonhos, que unem as realidades física e psíquica, e estão repletos de imagens alquímicas que esperam a orientação do Self (Si-mesmo) para virem à consciência, trazendo luz e despertando a capacidade transformadora do inconsciente, nos direcionando, assim, ao desenvolvimento e à realização da totalidade. Para que este percurso seja iniciado é importante manter sempre viva a sensibilidade e a intuição, que nos possibilitam perceber o que está implícito no material fornecido pelo Si-mesmo, e no decorrer deste trabalho procuramos fazer um convite, um desafio à que recuperemos a capacidade de acreditar no invisível, deixando que a fluidez anímica traga luz a nossa vida.

O MISTERIOSO UNIVERSO DA VIDA PSÍQUICA

Ao nomear as sensações, isto é, “dar corpo” às imagens da alma, estamos simbolizando, e, assim, tornando possível a representação de aspectos até então inconscientes.

“Nunca se sabe se o que mais nos encanta é a vista de novas margens ou a descoberta de novas vias de acesso àquilo que, conhecido desde sempre, já está também quase esquecido.” (JUNG, 1975, pag.219)

Muitas vezes não sabemos ao certo se escolhemos um caminho, ou somos escolhidos por ele, este trabalho é fruto de uma experiência como esta. Foi construído diante da fascinação e desafio a que os símbolos nos remetem, na tentativa de responder a seguinte questão:

Como entender um pouco mais os símbolos que brotam do inconsciente e assim recuperar a capacidade de buscar além, de acreditar no invisível?

Através da analogia entre Análise e Alquimia poderemos percorrer os caminhos da sincronicidade no processo de Individuação; buscando abordar a riqueza e profundidade dos conteúdos inconscientes que se manifestam nos eventos sincronísticos e nos sonhos, que unem as realidades física e psíquica, e estão repletos de imagens alquímicas que esperam a orientação do Self (Si-mesmo) para virem à consciência, trazendo luz e despertando a capacidade transformadora do inconsciente, nos direcionando, assim, ao desenvolvimento e à realização da totalidade psíquica.

Nossa Psique nos envia mensagens que nos direcionam à Individuação, isto é uma tendência ao desenvolvimento, à realização de nossa unidade e totalidade. Uma das maneiras dessas mensagens virem à consciência é através das imagens simbólicas dos sonhos. Os sonhos fazem uma ponte entre o inconsciente e a consciência, eles trazem à consciência conteúdos que precisam ser integrados. Esses conteúdos se manifestam através da linguagem simbólica (sendo o símbolo a melhor formulação possível de alguma coisa desconhecida).

O SELF (Si-mesmo), é o centro ordenador da psique e gerador do processo de individuação, é ele que dita o momento certo para que conteúdos inconscientes venham à consciência.

“Há histórias de coincidências e causalidades e interseções e coisas estranhas contadas...

...E qual é qual, quem é que sabe?

Geralmente dizemos: Se fosse num filme eu acreditaria. O amigo do fulano conheceu o parente do beltrano e assim vai.

Na humilde opinião deste narrador...

...coisas estranhas acontecem o tempo todo.

E por aí vai. E por aí vai. E a vida nos ensina.” 

(in: Magnólia)[4]

A sincronicidade vem anular a dualidade entre interno e externo, físico e psíquico, vem mostrar que ambos são elementos de algo único, de uma realidade única que nos permite vivenciar a união com o mundo.

Sincronicidade é a ocorrência simultânea de eventos psíquicos e físicos que não têm ligação causal e sim uma relação temporal e significativa. Uma imagem inconsciente alcança a consciência e uma situação externa coincide com este conteúdo (JUNG, 1990) Exemplo: quando sonhamos que alguém morreu e ao acordarmos recebemos a notícia de que a pessoa realmente morreu ou quando em uma biblioteca nos deparamos com um livro que caiu da estante, sobre algo que nos está importunando.

O inconsciente é uma fonte de conhecimento que sabe do passado e do futuro, nele o espaço e o tempo se tornam relativos, quando não são reduzidos a quase zero, permitindo que os eventos sincronísticos aconteçam. VON FRANZ(1987)

A sincronicidade e a adivinhação estão relacionadas, ambas acreditam na união entre físico e psíquico e tem sua base na causalidade mágica, que repete em menor escala (microcosmo) o que ocorre simultaneamente na  escala cósmica (macrocosmo). (VON FRANZ, 1998)

O tempo no modo sincronístico de pensar é central, pois é o momento crítico que une o físico e o psíquico e permite a visualização da realidade psicofísica. Esse é o tempo que une os opostos, é o tempo simbólico do fluxo consciente-inconsciente, onde o mais importante é o que acontece conjuntamente de maneira significativa e não o que acontece antes do que. (LAUREIRO, 1986)

“A simbolicidade é a forma do homem habitar no tempo, é um habitar lúdico e criativo como a brincadeira de criança, e portanto, é nosso modo de habitar simbolicamente esta terra, nosso modo de habitar poeticamente na alma.” (LAUREIRO, 1986, p. 93)

Os eventos sincronísticos ainda guardam um caráter mágico que nos impressiona e nos faz deparar com um novo e desconhecido mundo, um mundo regido pelo Self. Essa magia nos acompanha quando estamos envolvidos no processo analítico, onde no contato com o inconsciente encontramos mistérios e segredos que ao serem desvendados, revividos e reconstruídos vão nos transformando. (JUNG, 1986)

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