O Alienista x Um Estranho no Ninho
Por: Gabriela Cavalli • 17/6/2018 • Resenha • 849 Palavras (4 Páginas) • 668 Visualizações
FACULDADE INTEGRADA DE SANTA MARIA – FISMA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
DISCIPPLINA DE PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
GABRIELA CAVALI VIANA
RESENHA DO LIVRO “O ALIENISTA” DE MACHADO DE ASSIS E O FILME “UM ESTRANHO NO NINHO”
No conto O Alienista, o autor faz uma crítica à sociedade burguesa brasileira do século XIX, utilizando-se da figura da pessoa do Dr. Bacamarte, renomado médico brasileiro que depois de um período morando na Europa tomou a decisão de voltar a sua cidade natal Itaguaí. Após ter o apoio dos membros colegiados da câmera legislativa da cidade resolve construir um centro de pesquisa ou hospital psiquiátrico que se chamará, Casa Verde, nome pelo qual fazia referência às cores das janelas. Os cidadãos considerados “loucos” daquela região seriam cuidados e tratados fazendo com que o Dr. Bacamarte aprimorasse seus estudos na área da psiquiatria.
Por ser um médico renomado, ter estudado na Europa, julga-se ter um saber privilegiado em relação ao saber dos cidadãos da cidade em que vivera e gozar do seu poder de persuasão crescia extensamente em prol da obsessão dos seus experimentos, assim obteve privilégios e honra, considerados virtudes na sociedade burguesa do século XIX. A teoria preconizada pelo alienista relata “Onde há razão, supostamente há um desequilíbrio,” neste contexto, a visão da loucura argumentada aparentemente se manifestava por meio de atitudes consideradas não padronizadas, não aceitáveis, não coerentes à época e àquela sociedade, resultando assim em um modelo de aprisionamento de pessoal ou reclusão destes cidadãos apresentados no conto.
Em um determinado momento Dr. Bacamarte resolve expor a teoria ao Padre Lopes, e este não concorda com a ideia achando-a uma ameaça a tranquilidade da cidade. Neste trecho subentende-se uma ironia do autor sobre o papel e o poder da igreja no contexto histórico, pois se não há tranquilidade seria impossível o convívio e a hegemonia da igreja.
O padre como representante da igreja tenta amenizar a situação dizendo a D. Evarista para convencer seu marido a dar um passeio ao Rio de Janeiro, pois estudar exacerbadamente “vira o juízo”. Compreende-se que, a igreja pelo seu representante usou de um artifício para que a soberania do seu clero permanecesse inabalável, porque, de certa forma “o alienista” estava prejudicando a autoridade religiosa e o convívio da comunidade.
Neste intuito, o Dr. Bacamarte, sábio que era, passou a internar na casa verde boa parte das pessoas que frequentavam a igreja, inclusive o padre e posteriormente sua mulher, mostrando que não poderiam confrontar suas ideologias. Bem como visto quando um dos seus opositores, o “Porfiro” que era líder dos revoltosos movido por interesses meramente políticos resolve reunir com o Dr. Bacamarte, mas, ao invés de despedi-lo, junta se a ele e assim as internações continuam.
As ações de tratamento e reclusão de 75% da população de Itaguaí eram feitas de maneira igual pelo Bacamarte, desta forma o mesmo passa a agir como se os indivíduos fossem todos “loucos”, munidos de algum transtorno ou distúrbio e sendo todos tratados e conduzidos de igual maneira. Assim, as atividades realizadas pelo Dr. Simão Bacamarte igualam-se com aos modelos de tratamento dos manicômios e sanatórios, o que nitidamente era seu objetivo. Neste sentido a população indigna-se com tamanho desrespeito em relação ao imenso número de internações e reivindicam que soltem todos os internos.
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