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Analise: Um estranho no ninho

Por:   •  24/6/2019  •  Resenha  •  518 Palavras (3 Páginas)  •  650 Visualizações

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O filme Um Estranho no Ninho, de 1975, conta a história de Randle McMurphy, um prisioneiro que finge ser louco para não cumprir sua pena na cadeia, sendo transferido para um manicômio, onde acreditava que teria uma vida tranquila até alcançar sua liberdade, que se mostra longe da realidade, ao decorrer do filme.

Pensando no contexto histórico da época, o filme vem como uma crítica ao modelo hospitalocêntrico que regia naquele momento, como a loucura era vista pelos considerados “normais” e os modelos de tratamento dentro de instituições totais.

Ao relacionar o filme ao livro Manicômios, Prisões e Conventos, de Erving Goffman é possível compreender com mais clareza o papel que o modelo institucional exercia sobre os internos, que modelava os pacientes que estavam ali, sendo possível observar durante todo o filme o processo de mortificação do Eu, através de muros que colocam entre os sujeitos e o mundo externo, que passam a ter toda suas vidas realizadas dentro de um único ambiente, de maneira uniformizada e regida.

Mac, por não se adaptar as normas e rotinas do hospital, passa a tentar mudá-las, porém a todo momento sofre repressão dos profissionais, sofrendo punições como agressões e choques elétricos, que serviam como uma forma de assustar os outros pacientes, que já o viam como um líder a quem poderiam seguir.

Ao pensar no cenário do filme, caberia uma distinção entre normal e o patológico, por outro lado “não existe fato que seja normal ou patológico em si” (Canguilhem, 2009, pg. 56), como vem dizer o autor, que definirá o normal a partir de sua normatividade, não que o patológico seja a ausência de normas, pois a doença seria apenas outra norma de vida. A partir disso, torna-se notável a imprecisão da distinção entre os dois âmbitos, o que era bem representado no filme através do debate entre os médicos sobre a sanidade de Mac, que gerava duvidas em diversos momentos do filme.

A partir dessa distinção, ou da falta dela, entre normal e patológico, os internos eram apresentados a tratamentos desumanos, como os isolamentos, choques elétricos e lobotomias que tiravam sua autonomia e conhecimento sobre si mesmo. Eram vistos como doenças, e não como indivíduos com particularidades, como a enfermeira Ratched que visava a organização da instituição acima do bem-estar dos pacientes, que foi retratado na sua falta de flexibilidade frente ao pedido dos internos para ver o jogo, e no momento após o suicídio de Billy que ela vem dizer que o melhor no momento era respeitar a rotina diária, demonstrando a falta de um atendimento humanizado dentro das instituições.

Em um momento final, Mac, que sempre visou sua liberdade, sofre uma lobotomia, perdendo sua maior característica. Seu amigo o mata, e ele alcança, não da forma esperada, sua liberdade. O filme traz um amplo leque de análise sobre saúde mental e a forma como ela foi tratada durante tantos anos, tão focada em separar o que era normal e patológico, e com isso, causando danos irreparáveis a aos sujeitos com tratamentos que não vem um sujeito integral, mas só como uma doença a ser tratada dentro de instituições que só adoeciam e mortificavam.

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