O Compromisso Social do Psicólogo

O compromisso social do Psicólogo

O vídeo “Psicologia e participação social – O que é participação social”, publicado no canal do YouTube do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo traz uma série de questionamentos que implica na reflexão sobre o quanto de liberdade o sujeito tem para manifestar, quem realmente é, na hodierna sociedade. Uma reflexão necessária, visto que há um senso comum de vivermos em uma democracia, porém Martín-Baró (2017, p. 47) argumenta que “não pode existir democracia enquanto existem condições que geram tamanhas diferenciações de poder social”, o que se conclui é que a miséria da população, a falta de cultura e educação, entre outros fatores, impedem a existência de uma verdadeira democracia. Desde a Constituição Federal de 1988 ocorreram inúmeros avanços, entretanto, verifica-se, na contemporaneidade, inúmeros retrocessos que permite dizer que, na realidade, a população brasileira está sob um regime de fascismo disfarçado. Uma vez que diariamente visualiza-se nos jornais ataques a imprensa, o genocídio da população preta, indígena, cerceamento de pessoas que se opõe ao atual governo, a militarização na política, políticas públicas que no lugar de beneficiar, prejudicam o cidadão, para citar alguns exemplos. Somado a esses retrocessos, há uma normalização do sofrimento, por parte da maioria da população brasileira, que creem não haver solução, demonstrando certo grau de conformismo, passividade, apontando para inevitabilidade do destino, demostrando nesse comportamento, traços característicos do fatalismo. (MARTÍN-BARÓ, 2017) Em vista, desses acontecimentos, há que se refletir acerca da atuação do psicólogo, uma vez que seu código de ética estabelece que o profissional trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. E, ainda, que atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural e baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos (CFP, 2005).  Conclui-se desse texto, de que não é possível haver profissionais que não se conecte coma a realidade do nosso país uma vez que a indiferença significa o fortalecimento dessa estrutura injusta, que não é acidental, é provocada, prevista e necessária para o funcionamento do capitalismo. (CRUZ, 2019, p. 36) É de grande importância que a Psicologia lute por políticas públicas com a finalidade de combater toda forma de intolerância, como o racismo, sexismo, homofobia apoiado nos direitos humanos. Portanto, o compromisso da Psicologia é assumir a perspectiva das maiorias oprimidas, compreendendo os mecanismos que naturalizam violências e opressões.  Assim, através de suas práticas, na clínica ou não, em eventos como “Nossa luta cria”, pode promover um processo de desideologização e viabilizar condições concretas e objetivas para os sujeitos vivenciarem experiências mais justas e equitativas, ampliando a consciência de si e a consciência social. Sobre isso, afirma Martín-Baró (1997, p. 16) que O novo saber da pessoa sobre sua realidade circundante a leva a um novo saber sobre si mesma e sobre sua identidade social. A pessoa começa a se descobrir em seu domínio sobre a natureza, em sua ação transformadora das coisas, em seu papel ativo nas relações com os demais. Tudo isso lhe permite não só descobrir as raízes do que é, mas também o horizonte do que pode chegar a ser.

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