O Desenvolvimento Humano II
Por: Anne Maciel • 8/2/2017 • Trabalho acadêmico • 2.280 Palavras (10 Páginas) • 314 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL
CAMPUS DO PANTANAL
PSICOLOGIA – BACHARELADO
NOME DOS ALUNOS
Envelhecer:
Um envelhecimento marcado pela institucionalização
CORUMBÁ, 2016
Inayane Paola Maciel
Envelhecer:
Um envelhecimento marcado pela institucionalização
Trabalho de Psicologia, apresentado a UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, como requisito parcial para obtenção de média semestral na disciplina Desenvolvimento Humano II.
Prof º: Cristiane Vinholi
CORUMBÁ, 2016
Introdução
O envelhecimento pode ser entendido como a involução morfofuncional do organismo, onde é representado por consequências da passagem de tempo. Suas consequências podem ser resultantes no aparecimento de diversas doenças crônicas, que são próprias do processo de envelhecer tornando cada vez mais comum a institucionalização do idoso.
Este relatório tem o objetivo de mostrar algumas histórias reais obtidas a partir de relatos dos idosos que se encontram em um ambiente institucionalizado, sua rotina bem como suas histórias de vida. Foi feita uma entrevista com 4 idosas com idade entre 76 e 84 anos que vivem em uma instituição de longa permanência. Dentre os motivos para a sua institucionalização foram citados a falta de tempo dos familiares, o abandono e a solidão. As idosas disseram que é agradável viver naquela instituição, porém também comentaram a falta de carinho e aconchego.
Viver a velhice em um ambiente institucionalizado ter de aceitar viver sem liberdade, independência e com a falta de convívio com os familiares, mas é também poder ter acesso a saúde o que para muitos é um bom argumento.
A primeira visita a instituição foi feita no dia 18 de julho juntamente com a professora regente da disciplina, onde fizemos apenas uma observação pelo ambiente da instituição bem como sua organização e a rotina da instituição. As instalações dos idosos são separados em quartos coletivos de homens e mulheres, porém também existem algumas suítes privativas para idosos que escolhem viver em quartos particulares.
O asilo é um local amplo e bem arejado, sempre arrumado e limpo. Conhecemos as instalações, a organização dos horários dos idosos e a parte administrativa. Os quartos coletivos são amplos onde cada idoso tem uma cama e um pequeno armário, onde eles podem guardar algumas coisas de valor. As suítes privativas têm o que o idoso pode arcar, como por exemplo o quarto da D. M. que tem cama, televisão, armário, uma pequena geladeira e ventilador.
Em nosso primeiro dia sozinhos fomos divididos em 2 grupos em horários distintos para não atrapalhar a rotina do ambiente. Em duplas fomos conversar com os idosos para obter as histórias de vida deles e suas reclamações daquele lugar.
Houve um pouco de receio dos idosos ao serem confrontados com perguntas de cunho pessoal como “onde está a sua família? ” ou “Por que a senhora está aqui?”. Então em uma abordagem mais sutil apenas deixei que divagassem entre seus pensamentos e lembranças, o que me deu um bom material para este relatório.
Conheci D. L uma senhora muito interessante e lúcida que me confidenciou não lembrar de sua idade, porém, mantinha viva a lembrança de ter vivido na fazendo sua vida inteira. Suas lembranças mostram que sua memória antiga ainda está bem presente em seus pensamentos, pois ela se recorda de detalhes bem minuciosos como a cor das roupas de sua mãe, contudo quando questionada sobre momentos atuais ela divagava entre pensamentos e terminava não respondendo ao que lhe foi questionado.
Após uma longa conversa, marcou um momento onde disse não ter tido filhos e com isso quando não lhe restou alternativa teve de vir ficar na instituição, contudo ela não se sente sozinha pois as amizades que fez aqui lhe trazem paz para o coração.
“A instabilidade econômica e a dependência física, muitas vezes, trazem o idoso para mais próximo de seus familiares que, nem sempre, aceitam a função de cuidadores. A institucionalização torna-se a opção e, nesse espaço, o idoso institucionalizado divide o novo ambiente com desconhecidos e vive distante da família. A individualidade e o poder de escolha são substituídos pelo sentimento de ser apenas mais um abandonado e, com o passar dos anos, expressam um sentimento de acomodação. ” (PORCU et al., 2002).
Nesta fase da vida que é a velhice alguns idosos se tornam dependentes por diversos motivos, sejam eles doenças crônicas, dependência motora ou mental, onde eles necessitam de cuidados, e quando não existem recursos financeiros para contratar cuidadores ou como no caso da Sra. L. que não teve filhos e a família não detêm de recursos para ajudá-la, ocorre assim a institucionalização.
Para algumas esta situação não ocorreu de forma tão agradável, segundo Sra. L. de 76 anos, sua filha a abandonou na instituição sem lhe dizer para onde ia e nem se voltaria para busca-la.
“[...] Minha filha me trouxe lá da minha casa no rio de janeiro porque me disse que eu ia morar com ela aqui nessa cidade [...] de repente ela me disse pra arruma minhas ‘coisa’ que íamos passear e aqui eu “to” menina, ela me abandono aqui e eu nem sei se ela vai volta pra me vê, é triste isso! (choro), me desculpe vou me deitar não quero falar sobre isso, ainda dói muito, ela me deixou aqui faz 1 mês eu acho e ainda não voltou [...]” (Sra. E.)
Pode-se observar a dor da perda e do abandono da Sra. E, onde por vezes durante a conversa notou-se que ela teve olhos marejados pelas lagrimas e em sua fala era notável a tristeza e rancor para com a filha que a abandonou. Em confissão disse que tinha uma teoria sobre o motivo de tal situação, confessou que achava ser por conta do cônjuge da filha, o qual reclamava por vezes da situação em que ela se encontrava. Ainda disse que não entendia o motivo de sua vinda para esta cidade, pois estava muito bem em sua casa, com suas coisas e sua vida.
Quando estava a ponto de ir para a casa ela me chamou e disse que eu deveria vir mais vezes pois ela e outras pessoas ali dentro necessitavam de uma atenção que de diversas vezes era negada e os cuidadores apenas lidavam com eles mecanicamente, saciando apenas suas vontades físicas sem ao menos lhe dar atenção emocional.
Na segunda visita sozinhos a Sra. L estava dormindo e não pude dar retomada a nossa conversa iniciada anteriormente porem a Sra. E. se encontrava sentada em um banco e então começamos a conversar sobre a vida em um ambiente institucionalizado. Ela disse não gostar do lugar e que houve uma desavença com a senhora que também dividia o quarto com ela, onde ela estava assistindo televisão e sem aviso prévio sua colega desligou alegando que a estava atrapalhando. E ainda disse que suas coisas haviam sumido de seu próprio quarto, no entanto quando questionada sobre isso a cuidadora/enfermeira disse que ela não saberia me informar sobre este assunto, dado que Sra. E. chegou com apenas uma pequena mala e alguns cobertores.
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