O FILME “NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA” EM REFERENCIA À REFORMA PSIQUIATRA E A CIDADANIA DO LOUCO
Por: Maylla Larissa • 27/5/2022 • Trabalho acadêmico • 739 Palavras (3 Páginas) • 160 Visualizações
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-graduação em Saúde Mental: Política, Clínica e Práxis
MAYLLA LARISSA LIMA DA COSTA
O FILME “NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA” EM REFERENCIA À REFORMA PSIQUIATRA E A CIDADANIA DO LOUCO
Disciplinas: Saúde Mental e Epistemologia e Cidadania do Louco
Prof. Cristiana Marina Barros de Souza
Prof. Carlos Alberto Pereira Pinto
Abel Figueiredo-PA
2021
DISSERTAÇÃO
O filme “Nise: o coração da loucura” é um filme de nacionalidade brasileira, baseado em fatos reais, estreado no ano de 2015, e aborda como tema central o rompimento do sistema manicomial vigente na década de 1950.
O filme relata a história de pessoas loucas consideradas com diagnósticos irreversíveis hospitalizadas e abandonadas em um Centro Psiquiátrico, no Rio de Janeiro. Neste ponto destacamos as condições desumanas que os pacientes se encontravam, presos a correntes, o local era sujo, além do plano de tratamento utilizados pelos médicos serem o mesmo para transtornos diferentes, ou seja, funcionava em uma forma de padronização, como se o sujeito não tivesse singularidade.
A psiquiatra Nise luta para enfrentar questões sociais e biológicas, ela se recusa a aceitar métodos de tratamentos considerados violentos e generalizados. Neste ponto do filme, podemos entender que em exceção de Nise, o corpo de médicos e enfermeiros enxergavam o paciente como um não-cidadão, pois nessa época, após a revolução francesa, os loucos foram considerados inaptos para a cidadania, pois eram seres mutilados na razão, por este motivo eram afastados da cidade, vivendo em total isolamento social dentro dos hospitais psiquiátricos, e em consequência disso, ao louco foi concedido o lugar de doente mental e os direitos sociais foram retirados do campo da loucura (SILVEIRA, 2000).
O filme traz cenas negativas impactantes que causam no telespectador dor e revolta, mas ao mesmo tempo inspira um olhar de amor, através da personagem Nise, quando esta, de fato acredita e inicia o movimento de reforma psiquiatra dentro daquele centro, em especifico no setor de Terapia Ocupacional, ela acreditava que através da arte, poderiam se resgatar vínculos e emoções perdidas há muito tempo, e de fato foi o que aconteceu, ela nota que a mente do ser humano poderia se desenvolver pelas expressões artísticas, mediadas pela afetividade e auxiliadas pelo contato direto com animais, cães e gatos, ela orienta os pacientes a cuidarem de seus bichinhos, pois desta forma eles estariam enviando afeto e recebendo de volta, o que possibilitou mudanças no desenvolvimento emocional do doente.
Não podemos deixar de citar toda a problemática de Nise, ao propor métodos inovadores de tratamento, mas mesmo assim prosseguiu, ressignificando o conceito de loucura e arte, pois descentralizou o tratamento do doente mental, intercalando a psiquiatria com o social e cultural, ela de fato os enxergava como cidadãos.
O trabalho da psiquiatra passa a ser reconhecido, e a partir da década de 1970 iniciam-se os debates sobre saúde mental, em cenário nacional, as discussões passaram a concentra-se em métodos de tratamento humanizados, evitando quaisquer tipos de violência dentro dos centros.
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