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O Holocausto Brasileiro

Por:   •  7/6/2019  •  Resenha  •  1.074 Palavras (5 Páginas)  •  268 Visualizações

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A grande obra da renomada jornalista Daniela Arbex, o livro/documentário "Holocaustro Brasileiro", tem o intuito de nos trazer a impactante e emocionante história do maior hospital psiquiátrico do Brasil, O Colônia. Ainda muito desconhecida por nós brasileiros, esse fato que registra pelo menos 60 mil mortes é comparado aos campos de concentração nazista, registrando suas barbáries e tortura aos sujeitos internados. Localizado em Barbacena, cidade de Minas Gerais, o hospital fundou-se em 1903, começo do século XX, onde inicialmente possuía capacidade apenas para 200 leitos. Em meados de 1930 começou a lotar e desde então registra um dos piores cenários da história do Brasil.

A História apresentada inicia-se com os acontecimentos no hospital. Pessoas de todo o Brasil, eram encaminhadas para O Colônia. Chegavam no famoso "trem de doido", expressão cujo até hoje é muito usada para a população mineira, porém sem o mesmo significado. Cerca de 70% dos indivíduos levados para a Instituição, não possuíam diagnóstico de doentes mentais. Em sua maioria os indivíduos eram apenas pessoas tímidas, pobres, epiléticos, meninas que perdiam a virgindade com seus patrões ou grávidas, homossexuais, prostitutas, apenas pessoas que não eram socialmente aceitas. Esses sujeitos internados contra sua própria vontade, eram jogados, abandonados e condenados a morte.

Ressaltou que conforme os indivíduos iam chegando, suas cabeças eram raspadas, ficavam nus, vestiam uniformes azuis, a identidade e subjetividade era deixada de lado, tornando-se apenas um número para a Instituição. Separados por idade, físico, características e sexo, assim era feita a triagem.

Com mais ou menos 60 mortes por dia e sem lugar para armazenar tantos corpos, a cidade de Barbacena viu a venda dos cadáveres uma fonte de economia para a localidade. O Colônia era o lugar que mais gerava emprego e de maior lucro na região, obteve mais um meio de ganhar dinheiro às custas dos internados. Foram registrados 1.823 corpos vendidos no período entre 1969 a 1980, para diversas faculdades de Medicina do país. Os que tinham "sorte" eram enterrados, mas claro que de forma desumana.

O cemitério da paz como era chamado o local onde eram enterrados os mortos, abrigou 60 mil cadáveres. Eram conduzimos em uma carroça de madeira com uma cruz vermelha nas laterais. Os próprios pacientes cavavam as covas e jogava os mortos ali cobrindo-os com terra. Na volta, cantavam músicas como se fosse um jeito de aliviar tanto sofrimento. Os corpos que não eram vendidos e enterrados, eram expostos a ácidos para a venda da ossada.

O Capítulo V, sendo um dos que mais marca essa trajetória, conta a história dos "Meninos de Oliveira". O hospital de neuropsiquiatria infantil, cidade de Oliveira(MG) que inicialmente era para indigentes e mulheres, mudou seu perfil em meados de 1946, quando passou a receber crianças com problemas mentais e físicos, que eram rejeitados por suas famílias. O hospital teve suas portas fechadas quando um telha caiu sobre a cabeça do diretor, com isso 33 crianças foram despachadas para o Colônia. Embora com o endereço novo, as crianças recebiam o tratamento igual ou pior referente a Oliveira, foram misturados aos adultos, mesmo existindo alas para crianças. Narrou a história de duas crianças, Elzinha que foi estuprada na instituição psiquiátrica e viveu momentos de crueldade, hoje vive feliz em uma residência terapêutica. Outra criança que chamou atenção nesse capítulo foi o Roberto, cujo seu "problema" era ter nascido com hidrocefalia, que possui tratamento. O único menino que recebeu visita de familiares, ficou tão emocionado que urinou nas calças. O pai por sua vez ficou tão desconfortável que saiu para nunca mais voltar.

Na década de 30 as freiras começaram a cuidar da administração da instituição. Cuidavam da ala feminina onde colocou as internas para trabalhar para elas. As crianças nascidas No Colônia eram despachadas para a Febem pelas freiras. Muitos funcionários adotavam as crianças. Muitos dos pais queriam as crianças, porém o hospital não permitia, assim os bebês eram lhes tirado a força.

O oitavo capítulo relata uma história de final feliz. O casal Adelito e Nilta, ambos institucionalizados durante 30 anos, convive até os dias atuais. Durante o tempo no Colônia, viveram uma relação de proteção e cuidados. Com o apoio da psicóloga Tânia, oficializaram a união em 2005, com direito a festa e tratamento VIP. Hoje em dia o casal viaja, "Ela cozinha e cuida da casa, ele organiza as finanças. Nunca brigam".

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