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O Holocausto Brasileiro

Por:   •  27/4/2020  •  Resenha  •  760 Palavras (4 Páginas)  •  230 Visualizações

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Resenha 

Holocausto Brasileiro: O impacto refletido na sociedade.

Ivanilda Barbosa Estrela Franco

UNA, Bom Despacho, Minas Gerais, Brasil

Resenha de

ARBEX[1], Daniela; MENDZ², Armando. Holocausto Brasileiro. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7rPUEnqEHPI. Acesso em 26 de março de 2020.

O documentário, Holocausto Brasileiro, é simplesmente um tapa na cara de uma sociedade que sempre acreditou viver num país de igualdade, justo e sem preconceitos. Ele remexe no passado, retira a máscara e retrata uma realidade que envergonha, um genocídio no maior hospício do Brasil.

De acordo com o documentário o Hospital Colônia construído na cidade de Barbacena MG, até a década de trinta, funcionou baseado na medicina francesa. Contudo a partir do Estado Novo, as coisas começaram a complicar, os pacientes perderam a condução humana e a desumanização foi institucionalizada dentro da instituição. E o hospital que até então, oferecia tratamento para os doentes mentais, mudou radicalmente sua postura retirando de seus pacientes, a identidade, a dignidade e a própria vida. O Hospital Colônia simplesmente se transformou em um depósito de pessoas indesejadas na sociedade. Os improdutivos, inadaptados, desafetos, moças e rapazes desobedientes, viciados no álcool. Empregadas que engravidavam dos seus patrões, homossexuais, pessoas encontradas sem documentos, vagando nas ruas da capital, crianças que apresentavam alguma deficiência. Todas estas pessoas ganhavam passagem só de ida no trem, em um vagão exclusivo, com a descrição “vagão de loucos” com destino a Colônia. Ao cruzar os portões da Colônia tinham suas cabeças raspadas, se tornavam anônimas ou eram chamadas por um nome que não era seu, recebiam o rótulo de crônico social em um local onde os muros separavam a loucura da razão.

A partir de então, eles ficavam nus ou cobertos por farrapos, eram torturados, espancados, violentados, dormiam ao relento, comiam ratos, pombos que conseguiam pegar, bebiam água de esgoto e até mesmo a própria urina, dormiam sobre o capim ou no chão duro.  Morriam de doenças, de frio, de fome, em decorrência de sessões de eletrochoque, por falta de medicação ou pelo temido chá da meia noite. Que consistia em um medicamento com o propósito de eliminá-los, pelos motivos mais torpe, venda de seus corpos para faculdades ou simplesmente por estarem incomodando. Em noites frias, cerca de 60 corpos eram recolhidos e encaminhados ao cemitério, que fora construído juntamente com o hospital para esse fim. Pois aos loucos, suicidas e negros não era dado o direito de ser enterrados em caixões, nem no cemitério onde os demais da sociedade eram enterrados.

Os homens eram obrigados a trabalhar como escravos, para o prefeito e funcionários na construção de suas casas. As mulheres como bordadeiras para as freiras. Quando a encomenda das faculdades era por peças, os corpos eram cozidos no pátio, a vista de todos, para a venda dos ossos limpos.

E foram 8 décadas, marcadas pela total violação dos direitos humanos, de maus tratos, de tortura, fome e frio, dentro desse período o hospital computou 60 mil vítimas.  Para que uma tragédia dessa proporção tenha se concretizado, foi preciso uma ação coletiva, portanto são muitos os envolvidos, dentre os quais, o Estado brasileiro, a cidade de Barbacena, o prefeito, os vereadores, o padre, as freiras, os funcionários, as famílias, os médicos, etc. Todos falharam com as 60.000 vítimas que tiveram suas mortes antecipadas por uma instituição que se propunham a melhorá-las.

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